2.2 - Na festa

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- É uma forma de desconstrução!

- Esse é exatamente meu ponto, caro senhor! - riu - É muito fácil desconstruir, qualquer pessoa destroi um prédio ou um quadro. Mas para construí-los exige técnica.

- Então, qual é o seu argumento, senador? Que o cubismo não tem técnica? - o curador quis rir, mas apenas por educação - Um gênero próprio com um espaço reservado na história da arte mundial. - disse, sarcástico - Mas não é preciso técnica.

- Você já viu aquele quadro de Picasso? Como é o nome... o preto e branco bem famoso?

- Guernica? - sugeri, com a boca já na taça do champanhe.

- Esse! Eu consigo fazer uma coisa daquelas sem problemas.

Delvak passou a mão na minha cintura. Ele não tomou o lado de nenhum dos dois. Nem do senador, nem do curado. Apenas ouviu a discussão, deixando os homens irritarem um ao outro.

- E você, senhorita Rembord? - o curador expirou, provavelmente crendo que uma adição ao diálogo pudesse tornar tudo mais fáci - O que acha do cubismo?

Delvak piscou olhos curiosos na minha direção.

Era o meu teste. Eu sabia que era.

Ele precisava saber se eu poderia me comportar em qualquer ambiente.

Ia ser muito fácil provar para ele que, sim, eu poderia.

Fosse na sua cama pecaminosa ou no seu evento cultural e elitista.

- Eu vou precisar concordar com o senhor, curador. Quadros como Guernica são composto por grandes simbologias.

- Simbologias? - o senador riu - As linhas preto e branco e os desenhos mal feitos?

- Não creio que são mau feitos, senador. - sorri, sedutora. Se você vai discordar de um senador em um argumento, pela menos seja charmosa enquanto faz isso - Creio que os senhores já devem ter tido o prazer de visitar o Reina Sofía. É evidente, pelos rascunhos, que Picasso era um desenhsta excepcional. Ele consegue retratar cada elemento do quadro, individualmente, com perfeição. Seja ela estética, realista ou de perspectiva. E a partir daí descontrói cada um deles para atingir seu objetivo.

- Que é a simbologia que a senhorita fala?

- Exatamente. As línguas afiadas para representar o sofrimento das vítimas, a flor que nasce no meio do caos simbolizando a esperança, a luz mostrando o olho de Deus sobe nós... Ele tinha um objetivo. Não acho que seja só... - dei um tapa leve e ousado no ombro do senador e me demorei com o toque em seu braço - umas linhas em preto em branco.

Ele riu comigo, encantado pelos meus toques e sorrisos.

Atrás de mim, eu sabia que o presidente da Willex estava satisfeito.

- Ainda assim! - o senador levantou seu copo - É mais fácil desconstruir.

- Será mesmo? - provoquei com uma piscadela - Sem o conhecimento e o material necessário é bem difícil destruir um prédio, como o exemplo que o senhor deu.

- Estou apaixonado! - o curador declarou com um sorriso, quando o senador se mostrou vencido. - Senhor Delvak, por favor traga a encantadora senhorita Rembord para todos os nossos eventos! - a discussão acabou em risos e eu voltei a ser apenas sedutora.

A boca de Delvak estava no meu ouvido e pelo seu sorriso eu esperei ouvir um "bom trabalho", mas seu tom mudou apressado e ele prendeu a respiração antes de murmurar:

- Espere aqui. Eu já volto.

Sua mão se foi da minha cintura e eu estava sozinha sorrindo para estranhos e me perguntando se eu teria feito algo errado.

**********

- Achei que você não viria hoje. - sentei no divã ao seu lado.

- Por que não? Só porque você ia trazer a namorada?

- Lex... - toquei seu joelho - Você sabe que...

- Não, não sei, Sven. Não sei o que você e Oliver planejam e não sei se gosto. - reclamou com os olhos abertos e irritados.

- Lexa! - abri a boca exagerado - Eu conversei com você! A gente falou sobre... - ela estava rindo - Maldita. - meus ombros caíram de alívio.

- Relaxe, Svenie. - tapou a gargalhada com as mãos.

- Está se divertindo às minhas custas?

- É bom te ver suar. - virou-se no divã, me encarando. Seus olhos azuis penetravam meu âmago me fazendo tremer. Eu respirava devagar para não inalar muito do seu cheiro de uma vez só ou começaria a ficar duro.

- Gosta de me ver suar, é? - provoquei, inclinando o rosto, raspando meus lábios no seu ombro nu.

- Principalmente quando você fica duro. - escorregou a mão pela minha coxa e eu quis ligar para Oliver e dizer que a brincadeira acabou.

- Não comece o que você não pode terminar. - avisei.

- Sua namorada termina por mim.

- Tem certeza que não está com ciúmes? - levantei uma sobrancelha.

- Tenho. Estou fodendo dois por dia para me manter ocupada. - piscou seus longos cílios me fazendo rir.

- Vocabulário chulo para você, não?

- Oh, perdão. Eu fiquei com medo que você não pudesse compreender se eu dissesse que estava me absorvendo em múltiplas sessões de coito diário com duplas de garanhões para manter o tédio afastado bem como a abstinência sexual que me acomete quando você busca alguma distância.

- Ah, você estava certa. - exagerei - Eu prefiro o foder dois por dia.

Sua risada era gostosa. Me impregnava por completo. Mordi meu lábio para me impedir de beijá-la.

- Conta pra mim, Delvak. Ela está dominando?

- Não. Submissa. Eu mando, Lex.

- Li a ficha dela, Sven. - desceu o dedo pelo meu queixo - Yaya é dominatrix.

- É. Mas não comigo. - não resisti e beijei o canto da sua boca - Só tem uma mulher nesse mundo que eu obedeço.

- É bom mesmo. - sorriu, deliciosa - Porque disso eu ficaria com ciúmes.

- E é por isso mesmo que ela não manda.

- Como está sendo a experiência?

- Ela tem potencial, Oliver estava certo.

- Ele geralmente está.

- Assim você me faz broxar. - reclamei, com um bico mimado.

Mordeu meu lábio inferior, enlaçando meu pescoço com o braço.

- E aí me faz ficar duro de novo.

- Gosto de te manter confuso. - riu.

- E ninguém faz tão bem quanto você.

- Bem, eu preciso ir. Tem algumas pessoas que eu quero conversar.

- Gente chata de artes e literatura? - provoquei e ela fez uma careta linda.

- Me avise se precisar de ajuda.

Eu ia dizer que "não", mas...

- Na verdade, acho que pode me ajudar com uma coisa.

- O que é?

- Não vai se incomodar?

- Svenie... - sorriu, brincalhona - Você já se esqueceu do sexo online e dos 8 mil observadores? - eu abri um sorriso que fez meu rosto doer - Não me incomodo com muita coisa.

- Ótimo. Então vou precisar de um favor.

- Sem problemas. Eu te ajudo a testar sua garota. E depois você volta para casa - levantou uma sobrancelha - que eu quero te colocar de volta na sua coleira.

[Degustação] MalíciaWhere stories live. Discover now