4.2 No escritório

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- Yaya, entre. - ele me ofereceu um sorriso imenso.

Passei o resto do domingo na minha casa tentando convencer Magda de que eu estava certa em recusar a proposta de Delvak. Magda não conseguia entender e eu tive que impedi-la de chamar a polícia, os médicos e, em uma ocasião muito constrangedora, a minha mãe.

Ela não conseguia entender como uma prostituta negava sexo muito bem pago para um homem como Delvak.

E eu não esperava que ela entendesse.

Muitas mulheres acham que um homem grande e poderoso pode lhes dar tudo que precisa... mas eu preferia dominar. Sempre achei que homens grandes e poderosos me anulavam. E com Delvak... com Delvak eu nunca poderia dominar. Seria sempre dominada.

O presidente da WAE, meu chefe... e aquele olhar. Aquele maldito olhar cheio de carinho e o aperto cuidadoso na minha mão.

Como dominadora eu nunca preferi homens que não sabia se submeter. Mas como prostituta eu sempre fugi de clientes que se envolviam emocionalmente.

Se você vira sua companheira romântica não demora muito para que começassem a te tratar como uma posso. Afinal, eles te pagam e gostam de você... então você os pertencesse. É uma associação que acontece de forma igualmente rápida e perigosa. Eu preferia me distanciar e não esperava que Magda compreendesse ou aceitasse.

- Sinto muito pelo modo como saí ontem, Yaya.

- Não é problema, senhor.

- Sven, por favor. - repetiu, com um sorriso modesto.

- Sven. - acietei mais uma vez.

- Yaya... acho que abordei nossa situação do jeito errado.

- Nossa situação?

Ele se jogou contra a cadeira, alongando a coluna e expirou demoradamente.

- Eu estou acostumado com sexo puro e simples. Você também. - gesticulou - Então, acho que me faltou tato.

- Em relação a quê?

Apoiou os cotovelos em cima da mesa e mesmo a distância eu conseguia sentir seu cheiro. Lembrava do gosto da sua barba na minha língua e da sensação da sua saliva nas minhas coxas.

- Gostei de nosso tempo juntos e... independente de seu trabalho... gostaria se pudessemos, nos encontrar.

- Nos encontrar? - levantei as sobrancelhas sem ter certeza se estaria acompanhando seu raciocínio.

- Como amigos. - acrescentou rapidamente - Ou... como algo mais.

Minha boca não estava exatamente aberta, mas também não estava exatamente fechada.

- Senhor Delvak. - achei melhor manter distância - Acho que não seria apropriado.

- Yaya. - murmurou. Sua voz era grave e sedutora - Estou dizendo que gosto de você e que queria te levar para jantar. Qual o problema?

- Acho que seria inapropriado?

- Depois de ter gozado na minha boca? - riu - Acha inapropriado sair para jantar?

- Prefiro não mistura emoções com trabalho, senhor. - cruzei os braços - Espero que entenda.

- Entendo. - baixou a cabeça - Entendo perfeitamente bem.

Seu rosto estava baixo e eu não conseguia ler sua expressão.

Mas não poderia ser bom.

Ele era o meu chefe. Aquilo não poderia acabar bem.

Puxou o telefone do gancho.

- Mande-os entrar. - pediu. Tinha um sorriso no rosto mais uma vez.

Um sorriso safado.

Significava que ele ia se vingar?

A porta se abriu dando passagem a duas pessoas entre conversas e risos.

Oliver Stow.

Lexa Strome.

Eu me endireitei na cadeira sem entender o que estava acontecendo.

- E então, Sven? - o professor Stow me cumprimentou com um gesto e sentou ao meu lado e ocupou a cadeira do outro lado - Veredicto?

- A garota passou. - sorriu satisfeito.

Eu estava tentando acompanhar o mais rápido possível.

- Passei?

- Você não envolve negócios com prazer, Yaya. É uma boa profissional, sabe lidar com o cliente.

- E também sabe lidar muito bem com situações envolvendo namoradas. - Strome sorriu e eu entendi que tinha sido enganada. Expirei com um sorriso de incredulidade.

- Você estava mentindo? - encarei Sven com admiração.

- Nunca mentiu para um cliente? - piscou um olho para mim - Mentir faz parte do trabalho, lembra? E você é muito boa no que faz. Eu apenas sou melhor. — abriu os braços, discreto - Muito melhor.

- Está bem, Sven. - Oliver recriminou, rindo - Já entendemos. Yaya, precisávamos testar você antes de concluir a pós-graduação. O trabalho envolve um contato muito direto com o cliente e eu gostaria de ter certeza que não teremos problemas de envolvimento pessoal com clientes.

- Por isso o teatro?

- Ah, foi divertido. - Delvak riu e eu precisei concordar. - Uma mulher muito inteligente me disse que eu não poderia tentar te conquistar só com sexo. - Ele piscou mais uma vez, mas não para mim. O olhar que ele oferecia a Lexa não era safado como quando ele comia uma mulher ou queria comê-la. Também não era carinhoso como quando mentiu dizendo que gostava de mim.

Era uma mistura perfeita dos dois. Uma mistura de carinho e safadeza que eu nunca o tinha visto demonstrar antes. Ela sorriu e uma parte dele parecia se desfazer aos olhos do espectador.

Então é assim que ele fica quando está apaixonado de verdade.

- Ótimo, então! - bati palmas - Isso quer dizer que eu estou formada?

- Melhor do que isso, senhorita Yaya. - Sven avisou, gesticulando para Oliver. Eu me virei para o meu professor.

- Espero que esteja pronta para começar. - Stow tinha o queixo apoiado na mão, quando mordeu o sorriso - Porque temos um cliente para você.

[Degustação] MalíciaWhere stories live. Discover now