𝐞𝐢𝐠𝐡𝐭

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Meu corpo estava dormente, parecia vazio, boiava na imensidão daquela água suja, e pobre. Não conseguia me mover, minha cabeça fazia tudo ao meu redor girar. Tento mover meus dedos devagar pegando de volta a movimentação do meu corpo.

Uma luz dourada brilhou do fundo da água. Tentava acelerar a recuperação dos meus movimentos, sentia que tinha que chegar no fundo, no fundo de toda essa água pobre, chegar na luz. Seguir a luz.

Estava tudo roborizado, devagar mas não tanto, fecho meus olhos não pensando em nada, me concentrando a não pensar em nada. Fui afundando novamente ao fazer isso. Sentia a pressão em meus ouvidos, o zumbido era tão alto que pensava que sentiria meus ouvidos se explodindo.

A angústia que sentia dentro de mim por não poder respirar, engolindo água e mais água. Coisas grudentas, como lodo, grudaram em minha pele, abri meus olhos, podia sentir eles aderem como se estivessem entrando em contato com respingos de limão.

Giro na água, estava a uma pequena distância da luz, era tão ofuscante que me obrigava a desviar o olhar. Com o antebraço tampando minha cara, me aproximo da luz exuberante. Ergo minha mão em sua direção, sinto algo me puxando, agarrando minha mão e me tirando dali

Até que entro dentro da luz. Um arrepio percorre minha espinha, sinto meu sangue esfriar.

Pisco meus olhos várias vezes até que me acostumo com a luz e um teto branco. Puxo todo o ar que conseguia para meus pulmões, estava me sentido sufocada, e, meu coração acelerado. Me sento devagar olhando ao meus redor, tinha apenas um pano branco tampando meu corpo nu.

Seguro o pano para não cair. Estava em um necrotério. Me assusto arregalando meus olhos, olho pelo meu corpo, não tinha mais nada, nenhum buraco. Eu ressuscitei ou nunca morri de verdade?

Coloco meus pés no chão frio e sujo, enrolo o pano em meu corpo. Isso seria estranho? Talvez, estivesse em um mundo paralelo... Consigo ouvir meu irmão conversando com uma mulher a algumas distância de mim. Balanço a cabeça tirando aquelas vozes da minha mente.

O cheiro ardia minhas narinas. Meu cabelo estava pregado e grudento com meus sangue neles. Não aguento e acabo soltando um espirro pelo cheiro forte, fungo o nariz coçando ele.

A mulher sai de onde estava com um bisturi na mão, acompanhado por Gojo. A mulher deixa o bisturi cair quando me vê de pé. Meu irmão, inclina a cabeça de boca aberta.

ㅡ O cheiro foi muito forte e acabei espirrando. ㅡ juntei as mãos na frente de meu corpo ainda segurando o pano ㅡ E, eu também não tenho reposta para isso.

Respondo vendo a cara deles. A mulher que deve cuidar do necrotério e fazer as autópsias, chega perto de mim, e fecha a porta deixando Gojo para fora.

ㅡ É pior do que pensavamos... ㅡ abre uma gaveta apressada.

ㅡ Que? Qual seu nome?

Ela pega uma agulha junto de um bisturi mais pequeno, diferente do que deixou cair. Me mandou sentar, fiz o que pediu, pegou meu braço vendo nele.

ㅡ Shoko Ieiri. ㅡ procurou uma veia coletando meu sangue ㅡ Você é a segunda pessoa que levanta depois de ter sido dada como morta. A diferença era, que o outro tinha uma maldição nele.

ㅡ Tá dizendo o que com isso?

Reclamo depois de ver ela fazendo um corte em meu braço. Ele se regenera depois de segundos. Ieiri coloca a mão no queixo se afastando.

ㅡ Me mostre sua barriga, quero ver o seu ferimento.

Fico confusa mas faço o que ela disse, pego outro pano e tampo meu corpo só mostrando minha barriga. Ela suspira ao ver que não tinha mais nada.

ㅡ Comeu algum coisa ou objeto estranho nas últimas semanas? ㅡ sabia o que ela estava dizendo...

ㅡ Não. ㅡ afirmo com segurança.

ㅡ Ressuscitar assim do nada não é normal, teremos que ver o seu caso. ㅡ abriu sua maleta sugerindo fazer algumas testes, e várias perguntas.

Depois de muito tempo, Shoko me emprestou um de seus uniformes para poder ir embora. Fiquei esperando do lado de fora, enquanto os dois conservavam. Quase dois dias sendo dada como morta, soou familiar para eles. Penso na possibilidade dela ter me visto pelada... Constrangedor.

Olho para minhas mãos esfregando uma na outra. Me sentia estranha, como se estivesse faltando algo, não me sintia viva de verdade. Tenho certeza que não sou hospedeira de uma maldição, se fosse estaria sentindo ela. Então porquê vejo a maldição de cabelos vermelhos?

Me levanto de onde estava sentada me lembrando de onde estava quando "morri", e quando atravessei uma luz, posso pesquisar sobre isso. Olho pra trás vendo meu irmão saindo, dou um sorriso largo e vou saltitante até ele. Gojo me abraça, fico sem saber o que fazer mas, o abraço de volta.

ㅡ Vem, temos que inventar uma desculpa pra sua escola, já que eles pensam que você morreu atropelada. ㅡ desfaz o abraço colocando a mão nos bolsos dando uma risada irônica.

ㅡ Não está preocupado? Ou vai me encher de perguntas? ㅡ o olho, caminho do seu lado.

ㅡ Que nada. ㅡ mexeu com a mão ㅡ Já sei a resposta.

ㅡ E o que é?

Gojo me olha, olho fixamente para seus olhos tampados com a venda preta, sabia que mesmo assim ele conseguia me ver.

ㅡ Se eu estiver certo te conto. ㅡ levou suas mãos atrás da nuca, dou um suspiro.

Entramos pelo fundo da escola jujutsu, ainda achavam que eu estava morta. Abro a porta do meu quarto, ele estava do mesmo jeito que deixei, mas sem os livros organizados que tinha pego. Tiro a roupa e vou pro banheiro tomar um banho e tirar o sangue seco do meu cabelo.

Me jogo na cama depois do meu banho. Me viro e abraço meu travesseiro enfiando a cara nele, encolho meu corpo, sinto um cheiro diferente no lençol, um cheiro agradável que me faz dormir rapidamente.

Nesse mesma noite tive um sonho, onde ainda estava presa naquele lugar escuro acorrentada e sendo torturada, com meus pulsos sangrando. Esse sonho me fez repensar a respeito.

Continua...

𝐁𝐄𝐅𝐎𝐑𝐄 𝐈𝐓 𝐄𝐍𝐃𝐒, Megumi FushiguroOù les histoires vivent. Découvrez maintenant