𝐭𝐡𝐢𝐫𝐭𝐞𝐞𝐧

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Parada em um trilho no meio de uma floresta, com os olhos fechados, prestava atenção nos sons ao meu redor. Pássaros cantando, folhas se mexendo conforme o vento as balança, algumas até mesmo caindo. Um galho se quebrando ao meio.

Abro os olhos os fazendo mudar para um azul cristalino. Começo a correr em direção contrária do galho se quebrando. O vento gelado batia no meu rosto, tendo a sensação de adrenalina sobre mim, meu coração disparado correndo mais, e mais.

Um galho que estava a alguns metros de distância, podia ver ele de longe com minha visão aguçada. Dou um pulo agarrado o galho e girando meu corpo no ar, agora me encontrava de pé em cima do galho. Retiro minha katana de minhas costas e a transformo em um arco de cristal azul celeste.

A maldição que estava me perseguindo passa direto por mim. Outra maldição de nível baixo. Miro em uma de suas 4 patas com uma flecha envenenada com o veneno de minhas cobras, nesses anos, consegui criar um veneno poderoso apenas misturando os dois. Acerto em cheio. A maldição grita fazendo alguns pássaros próximos saírem voando.

Preparo mais uma flecha e acerto em seu pescoço sem hesitar. A maldição cai agonizando-se no chão, meus olhos voltam ao normal. Desço do galho e vou até o mesmo. Retiro as flechas de seu corpo. Já estava morto quando cheguei.

Se passaram três anos. Três anos de treinamento excessivo, sem pausas ou até mesmo descanso. Eu estava acabada, exausta. Queria ver meus amigos de novo, até mesmo o idiota do meu irmão, até mesmo o... Esquece. Meu poder aumentou e tenho mais controle de mim mesma agora.

Falta poucos meses para completar meus 18 anos. Não estou ansiosa com isso, é só um número a mais.

Tudo mudou e aconteceu muito rápido. Sinto a marca na minha nuca queimar as vezes, Yiu diz que é normal, " Excesso de poder". Sei que estou pronta pra voltar e encara seja lá o que for. Não corri perigo nenhum nesses anos, ou "morri". Então, tentarei falar com Yiu.

Ao abrir a porta de casa, Mega pula em cima de mim lambendo minha cara e me fazendo cair. Mega é um vira lata, adotei ele depois de vim para cá, achei ele na floresta em uma caixa, tinha sido abandonado com alguns machucados, minhas cobras não gostaram muito, mas continuo dando atenção para ambas.

ㅡ Ei! Bom garoto! ㅡ faço carinho atrás das orelhas, me levanto e Mega fica pulando em mim ㅡ Sabe onde está Yiu?

Mega balança o rabo e late me mostrando o caminho. Yiu estava no lado de fora da casa, nos fundos, era ali onde treinavamos, sem parar noite e dia. Quando ela se da conta da minha presença, dou um sorriso acenando com a cabeça.

ㅡ Yiu, precisamos ter uma conversa. ㅡ me escoro na parede, Mega se senta ao meu lado.

ㅡ Ih, rapaz. Acho que vou comprar... ㅡ ela passa por mim mas a impeço segurando seu braço ㅡ Diga de uma vez, tô ficando muito velha para grandes revelações, lembre-se disso!

Rio de sua cara para mim. O que se passava na cabeça dela?

ㅡ Quero voltar para a escola jujutsu.

ㅡ Ah, era isso...

Semicerro os olhos, Yiu coloca a mão na testa, se levanta colocando as mãos em meus ombros, olhando fixamente meus olhos, ela diz:

ㅡ Não. ㅡ fechou os olhos e sorriu.

ㅡ Por qual motivo?

ㅡ Você não está pronta...

ㅡ Não estou pronta? Eu consigo já controlar meu poder. Já posso ir embora.

ㅡ Você veio aqui para controlar e aumentar seu poder, não para um passeio onde você decidi que já pode ir embora. Eu disse: você não está pronta. ㅡ afirma.

Não falo nada. Aceno com a cabeça e vou em direção ao meu quarto, dou uma passada antes na cozinha pegando uma maçã. Não iria discutir isso com ela, estava cansada demais para esquentar minha cabeça com isso.

Deito em cima do meu braço olhando para o teto, comendo a maçã. O teto era de madeira escura, tinha pintado umas estrelas e um lua, e no canto, quase invisível, uma borboleta azul perto de uns galhos de árvore.

Termino de comer e olho para fora, estava começando a escurecer, Mega entra no meu quarto com algo na boca.

ㅡ O que você trouxe? ㅡ pergunto esperando ele responder.

Mega coloca no chão perto de minha cama, era uma bolinha que costumo brincar com ele, estava toda babada. Levanto pegando a bolinha amarela, fomos para fora e lanço a bolinha, ele vai correndo a buscar, repito esse mesmo processo algumas vezes.

Até que, ouço um barulho alto vindo entre as árvores, seguro na coleira de Mega o impedindo de sair correndo, parecia com um tambor, que quanto mais você ouvia mais meus tímpanos pareciam que iam se explodir. Tampo o ouvido de Mega tentado sair depressa dali, mas, ele consegue escapar e ir atrás do som.

Grito o chamado e vejo que seria inútil. Saio correndo atrás dele, passei correndo tão rápido que não percebi na hora que um galho tinha feito um pequeno arranhão em minha bochecha. Pego finalmente Mega no colo, e quando olho para frente, um enorme tambor estava na minha frente.

Estremeço quando ele é tocado, parecia que haviam ferruado meus ouvidos. A mesma maldição, de cabelos vermelhos e chifres estava sentada em cima do tambor, podia ver melhor agora a franja do cabelo cobria seu rosto, um sorriso sombrio estampado nos lábios.

Pego Mega no colo na intenção de já ir embora, porém seria difícil correr rápido pelo tamanho do meu cachorro. A maldição estala os dedos de longe, e no mesmo instante meu cachorro vira aos poucos uma maldição gosmenta e pegajosa, ficou tão grande que não conseguia mais segurar.

Estava sem nenhuma arma, e o meu cachorro que agora era uma maldição estava do tamanho de uma árvore normal. Olhos profundos e garras brancas, olho perplexa pensando em algo que eu poderia fazer. São lançadas três bolas de fogo em minha direção.

Corro em zique-zague pelas árvores que estão pegando fogo agora, isso iria virar uma grande queimada. Eu tenho que fazer algo! Não me restava escolhas, não queria ter que usar isso agora. Então vamos de plano B.

Corro uma distância suficiente, chamo sua atenção, junto minhas mãos em punhos e abro uma cratera no chão, grande suficiente para o tamanho da maldição, invoco minhas cobras com 1 metro e as mando pro buraco com uma grande energia amaldiçoada.

Ele estava chegando perto. Escalo em uma árvore ficando em cima do buraco, a maldição lança mais bolas de fogo pela área me procurando. Deveria ser uma maldição de nível baixo.

Ele cai no buraco e no mesmo instante minhas cobras o envenenam, concetro energia em uma de minhas mãos e a fecho em punhos, pulando em cima da mesma, fazendo um buraco em sua cabeça, quando isso acontece, a maldição vira de novo meu cachorro, Mega. Estava morto, com seu cérebro esmagado.

Ouço uma risada, junto com uma última batida do tambor. Eu tinha acabado de matar um cachorro inocente, o meu cachorro, que estava transformado em uma maldição. Meu sangue ferve de ódio.

Mas, tudo ficou muito pior quando ouço uma explosão vindo do rumo de minha casa.





Contínua...

𝐁𝐄𝐅𝐎𝐑𝐄 𝐈𝐓 𝐄𝐍𝐃𝐒, Megumi FushiguroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora