𝐭𝐞𝐧

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A parte de trás da minha cabeça estava toda dolorida, deitada sobre meus braços em um sala minúscula e fria, me sento escorando na parede. Coloco a mão na nuca e a cada toque doia mais, esfrego meus dedos com o sangue seco nele.

Alguns fios de cabelo grudados em minha testa pelo suor. Estava desnorteada, por segundos tinha me esquecido quem eu era e onde estava. Me apoio na parede me levantando, sinto algo me agonizando na canela, abaixo a cabeça vendo uma corrente em meu pé.

Me sentia suja e agonizada.

Me perguntava até onde isso iria, estava ficando cansada. Parecia que meus dedos tinham sidos moídos em uma máquina de carne. Ando ainda apoiada na parede, tinha certeza que iria cair no chão se não me apoiasse, a corrente chegava até a porta, tento abri-lá mas, estava trancanda, obviamente.

Escorrego como um saco de batata pela porta me sentando no chão. Depois do que me ocorreu, eu estaria vivendo ou, tentando me manter viva?  Sobrevivendo. A sala tão minúscula que não caberia mais de quatro pessoas, cinco no mínimo, e totalmente vazia.

Me levanto quando ouços passos se aproximando, de cabeça erguida vejo meu irmão abrindo aquela porta.

ㅡ Espero que vocês não achem que isso é justo. ㅡ meu irmão me metralha com seu olhar por trás daquela venda, ele se aproxima e dou passos sentido a parede fria nas minhas costas.

ㅡ Tivemos que fazer o mesmo com que o Itadori quando Sukuna tomou seu corpo. Temos a notícia boa e a ruim.

Coloca as mãos no bolso e se escora na parede.

ㅡ A boa é que você não é uma hospedeira de uma maldição, a ruim... ㅡ deu uma pausa ㅡ É que terá o mesmo destino que Itadori.

ㅡ Não é uma boa hora para suas brincadeiras. Isso não faz sentido.

ㅡ Gostaria que fosse brincadeira mas, infelizmente não é... Será executada assim que o diretor mandar avisos e respostas. ㅡ desvio o olhar do meu.

Dava para cortar o clima com uma tesoura, de tão visível.

ㅡ Por quê? Se não sou uma hospedeira de uma maldição, ou uma ameaça, por quê? ㅡ perguntava sem acreditar em suas palavras, parecia que estava em um sonho.

ㅡ Sua nuca ㅡ apontou para mim, coloco a mão nela e a sinto queimar, estava quente. ㅡ Nunca percebeu uma marca estranha nela? Ou como eu te contava...

ㅡ Uma marca de nascença preta, destinadas a crianças especiais... ㅡ a marca que ele falava, era uma pequena curvatura em formata de "S", com espinhos em sua volta.

ㅡ Sua força, seus olhos mudando de cor, as marcas pela sua pele, sua habilidade de transformar um pedaço de madeira a uma arma letal, sua regeneração, quando quase morreu duas vezes e pensou que o veneno a salvaria, mas, não foi o veneno.

Fico perplexa quando ele fala isso, isso chegaria a um rumo desastroso, então perguntei:

ㅡ Onde quer chegar com isso?

ㅡ Nós da família Gojo, temos poderes herdados, assim como eu, você obteve o mesmo mas, de uma maneira um tanto, diferente.

ㅡ Tá bom, mas onde a execução chega nisso!? ㅡ altero minha voz, não fazia sentido.

ㅡ Sobre isso. Era brincadeira! Apenas queria criar deixar um clima tenso para te contar isso. ㅡ diz como uma criança fazendo careta.

ㅡ Satoru... ㅡ ele murmura me deixando falar ㅡ Eu. Vou. Te. Matar.

Digo em pausas indo para cima dele mas, a corrente me puxa me fazendo cair no chão. Gojo começa a rir, retira seu celular do bolso e vários flashes cobrem minha cara. O ameaço mais uma vez e puxo com força a corrente e a solta da parede ficando livre.

Ele continua a rir, começo a correr atrás dele igual numa brincadeira de pega pega. No fim, paramos em uma loja para comer doce.

ㅡ Mas, e a maldição que costumo que ver?

Nos entreolhamos, analisei seu comportamento e pude deduzir que ele estava me escondendo algo, de novo. Ficamos em silêncio por minutos.

ㅡ Tá na hora de voltar. Tenho que falar com o diretor da escola jujutsu.

ㅡ E a Yiu? ㅡ me levanto seguindo ele ㅡ Por que ela estava agindo daquele jeito? Não parecia ser ela quando ela foi me treinar.

ㅡ Nós não pedimos para ele ir te treinar. Maki te achou na floresta machucada e com as marcas na pele, conversamos sobre isso quando chegarmos.

O sol já estava se pondo. Acompanho Gojo calada, o fato de que ele está me escondendo algo me deixava com um certo ódio. As coisas seriam tão simples se falassem a verdade de uma vez, honestidade. Passamos por crianças, elas acenam para mim, encolho meus ombros e dou um sorriso acenando de volta. Gosto de crianças, quando elas são educadas e simpáticas.

ㅡ Antes que eu me esqueça. ㅡ me viro prestando atenção ㅡ Irei te treinar para ver o que despertou de novo em você.

ㅡ E Yiu? Ela estava aqui antes, ou não?

ㅡ Antes de você você "morrer", sim, ela estava. Mas, em momento algum pedimos para que ela a treinasse, ela estava indo embora quando chegaram.

De repente me deu vontade de vomitar, meu estômago se retorcia dentro de mim. Estamos perto da quadra jujutsu, ouvía uma bola de beisebol sendo repatida à alguns quilômetros. Me assusto por que ainda estávamos um pouco longe. Provavelmente estavam jogando, passamos depressa sem que eles nos vejam.

Porém, caio de joelhos no chão com a mão na boca. Meu irmão se vira vindo em minha direção colocando sua mão em meu ombro como apoio. Estava suando e ficando pálida, tiro a mão de minha boca quando sinto algo quente nela. Olho para ele vendo sangue vermelho escuro, se tornando preto.

Rapidamente, vira uma poça de sangue que eu cuspira de minha boca. Lá de baixo, eles olhavam para a gente. O gosto metálico preenchia minha boca, e invadia meu olfato. Dou um sorriso e uma risada irônica quando digo:

ㅡ Poderes herdados de família né.

Me levanto recusando sua ajuda. Cambaleio para o lado mas, Gojo me segura antes que saia rolando para abaixo, envolvo meu braço pelo seu ombro engolindo meu orgulho, e aceitando sua ajuda.

ㅡ Vou deixar você pensar em uma desculpa antes de contar suas lindas mentiras. ㅡ pensei que não conseguiria falar, minha boca formigava, cuspo mais sangue preto.

Olho para baixo e meus olhos focam em Megumi. Podia o ver lá embaixo parado, com um taco de beisebol em suas mãos abaixadas, me olhando. Podia usar a favor os meus olhos que me davam visão de longe alcançe para ver a expressão em seu rosto. Mas, não conseguia. E, não sei porquê queria tanto ver sua reação ao ver que estava viva.

Contínua...

𝐁𝐄𝐅𝐎𝐑𝐄 𝐈𝐓 𝐄𝐍𝐃𝐒, Megumi FushiguroWhere stories live. Discover now