𝐭𝐰𝐞𝐥𝐯𝐞

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Ouço o som do crânio se rachando, o som que meus pés faziam quando corriam naquela água lamenta. Corria para salvar minha vida, do que quer que seja, não ousei olhar para trás. Mais, e mais sons de crânios sendo esmagados, ou rachados. O que era aquilo? Ou, quem era?

Meus pés se misturam um com o outro me fazendo tropeçar, e cair de cara na lama com seu cheiro desagradável. Vou me arrastando ali mesmo, segurando na lama, com ela se enfiando debaixo de minhas unhas.

Sinto garras sendo gravadas em minha pele, me puxando pelo pé e me arrastando, deixando longos e fundos cortes. Minha pele rasgava, viro minha cabeça para ver o que era, ou quem era. Arregalo meus olhos sem entender.

Aquela figura não me assustava. Era pálida, sua boca aberta por seu maxilar está quebrado. Seus olhos estão tão fundos que não enxergava nada, além de escuridão, aqueles olhos me encaravam, encaravam minha alma.

Aquela figura era eu.

Sendo arrastado, não me mexo, não faço questão alguma de tentar matar essa coisa. Até que a seguinte frase que atormentava minha mente, me dá uma visita:

"ㅡ O que não te mata, te fortalece."

Foi aí que estava decidida. Deixaria aquela minha figura distorcida me matar. Ela me pega pelo pescoço e começa a me enforcar. Com mais, e mais força, procurava alguma escapatória de ar, meus pulmões ardiam e poderiam explodir a qualquer hora.

ㅡ Você está em um grande perigo, cuidado com as maldições que mata, mocinha. ㅡ apertou mais meu pescoço ㅡ Engula seu orgulho e fuja, garota.

Quando achei que iria dar uma última apertada para me matar sufocada, a figura me coloca no chão, antes que eu caia fraca, sem perceber, tenho minha cabeça decapitada por suas garras, sangue meu espinga pelas árvores escuras.

Acordo com fadiga colocando a mão no peito, tossindo, puxando ar desesperadamente. Olho ao meu redor, tinha certeza que não era um sonho. Tiro o cobertor e não tinha nada em minha perna, nenhum arranhão, nenhuma gota de lama ou sangue em meu corpo ou nos lençóis.

Me levanto lembrando do meu desmaio. Abro a porta do banheiro, tiro minhas roupas e ligo o chuveiro em água fria. Deixo a água percorreu meu corpo, mordo meu lábio inferior pensando em algo, tornando um banho demorado. Me arrumo colocando uma roupa confortável e quente.

Saio a procura de Gojo, tinha que falar com ele. Estava a horas sem comer, isso não me importava muito, não sentia fome, não no momento. Vou até a porta de Megumi, encaro e resolvo não bater. Continuo indo atrás de Gojo.

Bato na porta do seu quarto, o ouço mandar entrar. Estava sentando sem duas vendas, fecho a porta e me escoro na mesma. Encaro seus olhos. Parecia que estávamos nos comunicamos pelo olhar.

ㅡ Quando se encontrou com Yiu na floresta, não era ela, era outra maldição que podia se transformar em pessoas.

Cruzou os braços e uma das pernas.

ㅡ Entramos em contato com Yiu, ela está vindo te buscar. Você irá voltar pra roça com ela.

ㅡ Mal cheguei e já tá me mandando ir embora. ㅡ dou risadas cruzando os braços ㅡ Típico de Satoru Gojo.

ㅡ Estava tirando conclusões erradas. Você irá pra treinar o seu poder, e descobrir melhor o porquê de está vomitando sangue.

ㅡ Poderia fazer isso aqui. ㅡ ele coloca a venda em seus olhos, enfio minhas unhas em minha pele.

Não sabia o porquê, mas estava com raiva. Não posso falar que queria nossos velhos tempo de irmã e irmão juntos, afinal, nunca tivemos isso. Gojo sempre esteve ocupado. Lembro de ficar madrugada inclaro esperando ele voltar pra casa. Gojo nunca voltava, e quando voltava era para buscar ou levar algo. Ficava sobre vigia de uma vizinha, era ela legal pelo menos.

Ficava sozinha maior parte do tempo. Uma criança sozinha, sem saber o que fazer, com medo de não ter alguém ao seu lado, com medo de acabar sozinha, ou, morrer sozinha. Até que chegou Megumi junto de Gojo, ainda me lembro desse dia.

ㅡ Quando vou? ㅡ mordo minha língua.

ㅡ Yiu já deve estar chegando. Mahina, olha eu...

Engulo a seco. Abro aquela porta não o querendo ver na minha frente. Chegando no meu quarto começo a arrumar minhas malas, não tinha muita coisa além de minha roupas. Transformo minha katana em um cinto novamente. Coloco minha mochila nas costas e vou arrastando as outras duas comigo.

É Itadori, não seria dessa vez que te ajudarei a encontrar uma solução para não ser executado. E não será agora que terei quadros da Jeniffer Lawrence, espero que na próxima vez que te ver... Você ainda esteja aqui.

Nobara, sentirei falta das nossas compras, horas e horas andando e conversando. É, acho que vou continuar gostando de coisas sem graças.

Megumi...

Fico em frente ao quarto de Megumi. Eu deveria me despedir dele? Ou de todos? Não acho que isso irá durar muito, vou ver eles em breve, assim espero. Engulo minhas palavras que queria falar a seco. E se aquele bendito livro estiver certo, eu...

Meus pensamentos são interrompidos por Yiu arregaçando a porta da frente com tudo. Ela sorri quando me vê, vem correndo pulando e me dá um longo e apertado abraço de urso. Essa sim era a Yiu que eu conheço. Retribuio o abraço, abraçando mais forte ainda.

ㅡ Vai com calma, garota. Minhas costas estão começando a ficarem... Bom, eu não estou ficando velha! Só pra sua informação.

Coloca as mãos na cintura se valorizando. Caio na gargalhada, ela me dá um tapa no ombro, e fala:

ㅡ Não estou achando graça. ㅡ infla as bochechas ficando vermelha.

ㅡ É bom te ver de novo, Yiu. ㅡ a abraço novamente ㅡ É você mesmo, né?

ㅡ É claro, florzinha. Não teria coragem de fazer o que aquela "Yiu" fez. ㅡ alisa meus cabelos, já deveria saber o que estava acontecendo, óbvio.

ㅡ Está pronta? ㅡ concordo com a cabeça ㅡ Já se despediu de todos? ㅡ viro a cabeça olhando para a parede ㅡ Hunf, continua sendo orgulhosa... ㅡ coloca a mão não testa a balançando.

ㅡ Ei!

ㅡ Mas enfim, cadê aquele bonitão que você vivia falando? Ãhn, ãhn. ㅡ me cutuca. Fico vermelha sabendo com quem ela estava se referindo.

ㅡ Vamos logo, Yiu! ㅡ digo indo em direção ao carro dela.

ㅡ Que sem graça. ㅡ sai dando pulinhos com cara de decepcionada.

Gurdamos minhas bagagens, me sento na frente ao lado de Yiu, coloco o cinto. Apoio a mão no meu queixo, encostando a cabeça no vidro, olhando pela última vez. Conecto meu fone ao meu celular, colocando uma playlist que gostava. Fecho meus olhos e começo a imaginar coisas impossíveis de se acontecer. Pelo menos, na minha cabeça são impossíveis...

Contínua...

Oiioii meus anjos! A partir do próximo capítulo vai ter um salto no tempo, então não se assustem. Espero que estejam gostando! Estaremos em um novo arco em breve.

𝐁𝐄𝐅𝐎𝐑𝐄 𝐈𝐓 𝐄𝐍𝐃𝐒, Megumi FushiguroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora