- Capítulo 20 -

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O resto do dia poderia ser resumido em uma grande reunião de uma família complicada. Meus irmãos tiveram uma reação bem diferente da minha ao rever nossa mãe. Beijos, abraços, sorrisos e até mesmo lágrimas. Cheguei a me senti mal por como eu a havia tratado. Aquela era a mulher que havia me dado a vida e me ensina grande parte das coisas que sei, pelo menos no que diz respeito as coisas boas. Sua reação ao me ver com uma perna imobilizada e com alguns cortes no rosto foi me lançar aquele olhar só dela. De inicio parecia uma grande repreensão que levaria a uma boa surra, mas depois seu olhar suavizava como se ela perguntasse o que fazer comigo. Aquele era um olhar mais que conhecido e eu queria me levantar para beijá-la, mas não podia.

Não levou muito tempo até Danitria aparecer. Ela estava, de forma tímida, parada na porta observando todos. Em meu peito, senti-me com o coração acelerado, não apenas por saudade, foram dois ou três dias desde de que eu a deixara na cama e fugisse para resgatar meus irmãos. Eu não queria deixá-la nervosa, mas era exatamente o que eu havia feito com todos ali, a ponto de meu irmão me obrigar, de maneira bem peculiares, ficar quieto e não me meter mais em nada.

Mas eu sabia que não era nada disso que atacara meu coração naquele momento. Eu ainda estava um pouco afetado com tudo sobre Aliena, Cassandra e até mesmo com a forma como Tommy respondeu as reclamações dela.

Não havia como não notar a expressão no rosto de Cassandra. Estava claro que, mesmo com tudo o que havia sido revelado, ela não esperava que meu irmão tomasse uma medida como essa. Para ser sincero, nem eu.

Eu não tomaria uma decisão tão diferente dessa. Mas Ricardo não era assim. Ele não havia com essa intensidade. Então sim, todos fomos pegos de surpresa, até mesmo Tommy, que como o bom menino que sempre fora, fez por onde ajudar Cassandra a levantar do chão. Mas ela pareceu não notá-lo. Seus olhos estavam focados no corredor por onde seu ex esposo havia seguido, sumindo de sua vida para sempre.

- Ele não pode fazer isso, pode? - ela perguntou a Tommy.

Seu olhar era tão triste que quase me causava pena.

- Pode sim... - Tommy respondeu em voz baixa.

- Não está certo. Eu sou a esposa dele, eu sou a rainha.

- Não é mais. - respondi, vendo-a levantar.

Ao ouvir minhas palavras ela se virou para mim. A tristeza em seus olhos já havia dado a raiva que eu sabia que ela deveria estar sentido por mim. Entretanto eu não me importava com o fato dela estar zangada. Ela tinha esse direito. Havia sido chutada.

- Como rei ele tem o poder de anular o casamento e tirar a coroa de você. São as vantagens do absolutismo. - expliquei.

- Você está amando isso, não é? - ela disparou em minha direção com espinhos na voz. - Eu perdi tudo o que eu tinha. Feliz?

- Você fala como se eu tivesse alguma coisa haver com isso.

- Você nunca foi ao nosso favor. - respondeu. - Desde pequeno sempre se intrometeu onde não devia e por sua causa ela voltou ao palácio. Se você não tivesse se metido ele teria conseguido esquecer ela e teria me amado.

- Então... - comecei a dizer, girando a cadeira para poder olhá-la melhor. - Você está culpando uma criança doente por sua atitude mesquinha de fingir estar grávida para se casar com um homem?

- Eu não precisaria fazer isso se você não tivesse levado ela de volta para o palácio! - acusou-me.

Minha vontade era de rir. Seu comportamento tão semelhante a de uma criança birrenta era tão descarado que me causava eu realmente não sabia como reagir. Ela parecia mesmo acreditar em sua mentira particular.

Jogos da Ascensão II - As Garras de EtamaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora