-Capítulo 21-

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- Sua comida, princesa. - ouvi Otávio dizer, assim que cruzou a porta com o que me parecia um hambúrguer nas mãos e um sorriso presunçoso no rosto.

Rir ao lembrar do dia em que nós conhecemos. Por mais estranho que parecesse, nossas faíscas nos fundido e depois de muito tempo eu havia feito um novo amigo, depois de algumas tentativas de homicídio, claro.

- Nada de sopa? - perguntei, fingindo decepção.

- Não. - ele responde rindo. - Você tá precisando de um desses aqui.

- Tem consciência de que naquele dia eu estava em um estado mais grave que o atual, não é?

- Foi só um tiro. Não faz drama. Dessa vez te fubitaram de paulada e por pouco você não ficou com uma queimadura feia na perna. Se o gatinho não tivesse apagado o fogo você teria uma perna quebrada bem passada.

- Quem é o gatinho?

- O irmão da sua namorada. Da morena, não a loira que ta grávida de outro. - ele explicou, exagerando na gesticulação. - Você é bem complicadinho, em?

Rir com seu comentário, mas esse mesmo sorriso foi interrompido no momento em que processei a informação de que o irmão de Danitria era quem havia me salvo em frente a Montreal. Eu havia o encontrado apenas uma vez quando levei Danitria para vê-lo e desde então as coisas mudaram bastante. Eu não sabia exatamente o que espera dele quando soubesse de nosso envolvimento, mas não queria me preocupar com aquilo, não enquanto eu tinha um suculento sanduíche em minhas mãos.

- Posso te perguntar uma coisa? - Otávio perguntou, me impedindo de dar a primeira mordida em meu hambúrguer. - Como isso aconteceu? Você e ela, quero dizer. Ela não tava com seu irmão?

- Teoricamente sim. É complicado....

- Complicado porque você furou o olho do seu irmão?

- Não. - resolvi explicar. - Complicado porque meu irmão nunca gostou dela realmente. Era tudo uma forma de distraí o povo contra os problemas com os supostos rebeldes terroristas. Mas na época ainda não sabíamos que se tratava do conselho planejando os ataques para culpar vocês e nos enganar.

- Tá me dizendo que era tudo uma forma de manipular o povo?

Era difícil saber se Otávio iria começar uma brigar por tal coisa, ou se isso era só uma pergunta por curiosidade. Pelo tempo que havíamos passado juntos eu havia aprendido que, quando se tratava dele, as coisas podiam ser bem bipolares. Mas ele não era um mal homem. Ele havia ajudado a criar meu sobrinho e o garoto era um bom menino, então sem dúvida haviam boas qualidades dentro daquela casca de encrenca.

Pensei em como poderia lhe responder sem causar a faísca que poria incêndio na cidade inteira. As pessoas sempre são cheias de opiniões, mas dificilmente sabem realmente do que estão falando. Gerenciar um reino, ter milhares de vidas em nossas mãos não é algo fácil e o mais difícil nisso tudo é que nem todos entenderiam suas decisões, pois não são obrigados a ver o quadro geral como você. Financias, segurança, saúde, educação, justiça, empregos. Esses eram apenas alguns dos muitos assuntos em que tínhamos que pensar e trabalhar em cima. Confesso que nem todos tem o mesmo padrão de tratamento, muitas vezes devido a suas situações financeiras, mas nossos pais estavam se emprenhando em um excelente projeto de educação e saúde que ficou um pouco de lado com todo o problema do suposto acidente.

No que dizia respeito aos jogos desse ano, no momento parecia a melhor forma de resolver nossos problemas. As vezes a manipulação é a única maneira de fazer o que é melhor para todos.

- Era mais fácil que dizer a todos que estávamos com um sério problema de administração e com isso causa uma revolta popular. - expliquei, sem aprofundar-me muito no assunto. - Achávamos que era a coisa certa a fazer. Mas estávamos errados. Até porque o problema nunca foi o povo.

Jogos da Ascensão II - As Garras de EtamaWhere stories live. Discover now