Alistamento

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Camila Pov

Abro a porta de casa com uma dificuldade maior que das outras vezes, o motivo é que estou carregando uma mochila nas costas, uma pasta em uma mão e vários papéis em outra. Ao entrar eu deixo tudo em cima do sofá e ponho as duas mãos na cintura.

— Ô PAAAAAAAAIIIIIII - grito alto e espero a resposta que não demora a vir.

— ESTOU NA COZINHA - ouvi seu grito e corri até a cozinha e o encontrei com um avental vermelho com um desenho de um nachos mexicanos na frente, uma colher de pau na mão esquerda e com a direita ele segurava uma frigideira.

— Eu me alistei - falei com um sorriso enorme no rosto.

— Você fez mesmo isso? - ele me olhou com as sobrancelhas erguidas e uma cara de quem não estava acreditando em nenhuma palavra que saiu da minha boca.

— Fiz sim - concordei com a cabeça rapidamente e ele então desligou o fogo e depositou a colher em cima da pia e se virou em minha direção.

— Eu falei pra não fazer, minha pimentinha você não nasceu pra isso - ele se aproximou de mim e acariciou meu rosto - capaz de você se afogar na lama na hora de passar por baixo dos arames.

— Ah pai - balancei a mão direita - eu estava vendo uma série esses dias e não parece ser tão difícil assim.

— Pimentinha você deveria ter me ouvido antes de ter se alistado - ele disse cruzando os braços e fazendo cara de bravo.

— Pode ficar tranquilo papito, eu vou tirar de letra. Você vai ver - bati em meu peito e ergui o queixo e fiz uma cara seria.

— Depois você não diga que eu não avisei em mocinha - ele apontou o dedo em minha direção e negou com a cabeça.

— Eu preciso está hoje a tarde lá em frente ao exército para pegar o ônibus que irá me levar ao acampamento - falei ao meu sentar em uma das cadeiras na mesa.

— Assim tão rápido? - ele se assustou e veio em minha direção colocando uma quantia de ovos mexidos em meu prato - pensei que teria mais tempo antes de ir para essa loucura.

— Eu também achei, não vou mentir não - peguei o garfo e levei uma quantidade de ovos a minha boca - mas parece que eles estão com bastante pressa.

— Eu te levo - ele se sentou e se serviu de ovos mexidos.

— Queria que fizesse isso mesmo, o senhor vai ficar bem aqui sozinho né? - perguntei enquanto mastigava.

— Eu não vou ficar sozinho - ele disse com o garfo à frente da boca - você sabe que estou saindo com uma pessoa.

— Sei sei - falei revirando os olhos, já tenho 19 anos e morro de ciúmes do meu pai. Minha mãe morreu quando eu tinha 13 anos e desde então meu pai só vive para mim. Faz uns cinco meses que ele está saindo com uma tal de Gabriela Montaner, fico feliz por ele de verdade mas não quero que ele sofra de amor ou algo do tipo.

— Acho que fui um péssimo pai fazendo você assistir tantos filmes com temática militar - ele diz enquanto toma seu suco de laranja.

— Para de graça pai, você é o melhor pai do mundo - lancei um sorriso para ele e ele estudou o peito e fez cara de quem estava ganhando um prêmio importante eu gargalhei alto - o pior que pode acontecer é eu não ser boa e voltar pra casa, apenas.

Não falamos mais nada, terminamos de comer o nosso café da manhã e eu subi para arrumar meu quarto e da uma olhada nos papéis e vê o que eu precisaria levar para esse tal acampamento. No fim eu não precisaria levar muita coisa já que a roupa eles que iram disponibilizar. Sai com meu pai e seu carro velho que ele não troca nem sobe tortura, ele não é velho no sentido acabado, ele é velho no sentido de anos mesmo, um clássico que nem diz o meu senhor pimenta.

Confusão Militar Where stories live. Discover now