Frio

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Camila POV

Depois de ter quase morrido, sim, eu quase morri no banheiro, imagina aí, você vai toda a vontade sentar no vaso sanitário e quando você olha está lá despreocupadamente uma rã, aquele troço mole e gelado te olhando como se fosse dona do banheiro, imagina se aquilo pula e cola bem na minha Karlinha Cabellinha, meu Deus eu teria morrido ali mesmo, morte horrorosa.

Estava na barraca de Lauren já vestidas e já tinha comido também, ela mandou que um soldado levasse a comida e deixasse na entrada da barraca, estava me sentindo escondida, já que parecia que ninguém poderia saber que eu estava ali dentro, a não ser Dinah, eu me sentei na cama e fiquei balançando meus pés.

— Camila - ouvi a voz de Dinah do lado de fora e fiz um som nasal para que ela entendesse que eu estava ouvindo - estou entrando...

— Eu não estou nua - falei e ela entrou na barraca - algum problema?

— Nenhum - ela deu de ombros - eu só vim dizer que a primeiro sargento falou que assim que terminar o treinamento ela vem aqui falar com você.

Apenas concordei e Dinah ficou em pé no meio da barraca, as palavras de ontem à noite de Lauren veio até minha mente e eu me levantei rapidamente da cama, o que me causou uma tontura rápida e escurecimento de vista, misericórdia minha pressão, Dinah veio até onde eu estava e eu neguei com a cabeça.

— Estou bem, só me levantei rápido demais - ela se afastou - poderia me deixar sozinha por um momento?

— Claro - ela veio até onde eu tava e me deu um abraço meio desengonçado - se precisar de mim é só chamar, vou está aqui fora.

Concordei e ela saiu, eu precisava fazer algo, minha febre já havia baixado e eu estava me sentindo ótima, se ela chegar aqui depois do treinamento e vê que eu estou bem, ela vai querer me mandar embora. Botei uma mão na cintura e a outra levei até o meu queixo e fiquei tentando pensar em algo.

— Pensa Camilinha - fiquei olhando para os lados - você era boa nisso quando era pequena, só precisa inventar que está doente - respirei fundo.

Olhei pros lados e vi que ao lado da cama tinha uma garrafa térmica, era chá que Lauren mandou Dinah trazer, era quente... olhei o relógio em meu pulso e vi que faltava poucos minutos para dar o horário que o treinamento terminava, se fosse terminar no mesmo horário de sempre.

Corri até a cama e coloquei um copo quase cheio de chá pra mim, estava muito quente, bebi o chá rapidamente e fazendo careta já que estava queimando minha língua, aquilo iria me ajudar a ficar suada, me deitei na cama e me enrolei por completo para que o calor pudesse vir mais rápido.

Peguei a garrafa e coloquei mais um pouco de chá e encostei com cuidado o copo em minha testa, afastei rapidamente já que estava muito quente, fiquei fazendo isso até que ouvi barulhos e vozes vindo do lado de fora da barraca, tomei todo o chá que estava no copo e deixei o mesmo vazio em cima da mesinha, me enrolei rapidamente, e Lauren entrou na barraca.

— Você está bem Camila? - ela franziu o cenho, eu estava toda enrolada, até a cabeça - a Dinah falou que você ficou tonta... - não estava nos meus planos nisso, mas veio a calhar.

— Eu estou morrendo de frio - falei com voz de morimbunda, o que era mentira já que eu estava morrendo de calor - acho que a febre voltou...

— Deixa eu ver - ela se aproximou de mim e eu retirei o lençol do meu rosto - meu Deus Camila, você está muito suada - ela colocou a mão na minha testa e eu rezei pra que ela ainda estivesse quente por conta do copo que eu coloquei lá - sua febre voltou...

— Minha garganta está doendo - não era de todo uma mentira, estava doendo por conta do chá quente que eu tomei - será que eu peguei alguma doença grave e vou morrer?

— Vira essa boca pra lá Camila - ela foi até a mala dela e trouxe uma tabela de comprimido e tirou um e me entregou - tome isso aqui, vou buscar água.

— Tá bom - ela pegou água e trouxe até mim e eu tomei o remédio - serve pra dor de cabeça também?

— Está com dor de cabeça? - afirmei com a cabeça e funguei como se algo saísse do meu nariz - acho que serve pra isso também.

Ela me olhou e eu desviei o olhar para o outro lado, ela estava realmente preocupada, logo eu não estaria mais suada e nem muito menos quente e ela acharia que foi o remédio, e eu terei que colocar minha cabeça para funcionar mais uma vez pra simular que ainda estou doente.

— Você está com fome? - eu afirmei com a cabeça - eu vou pedir pra fazerem outra sopa daquela, você gostou?

— Gostei sim - falei animada e ela quis esboçar um sorriso mas não o fez - você poderia pedir e comer aqui comigo...

— Eu, huh - ela abriu o botão de sua camisa que ia até o pescoço - preciso ir lá e depois volto aqui, tudo bem?

— Não quero ficar sozinha - falei manhosa e puxei o lençol até meu pescoço me virando de lado e me encolhendo - fica aqui comigo...

— Eu - ela pausou, eu acho que ela está nervosa, eu deixou a primeiro sargento nervosa? - vou pedir pra Dinah da o recado e já volto.

Ela saiu da barraca e voltou minutos depois dizendo que daqui uns 15 minutos a sopa já estaria no quarto e ela iria comer comigo, ela ficou em pé perto da cama com os braços cruzados.

— Senta aqui - bati ao lado da cama no espaço que ficava próximo a minha barriga - a cama é sua e você não precisa ficar em pé.

— Não precisa, eu estou bem - fiz bico e gemi um pouco, ela passou às mãos nas coxas no tecido da calça e se sentou, sentir suas costas encostarem um pouco em minha barriga, já que eu estava de lado - pronto?

— Ótimo - falei satisfeita e ela ficou olhando pra um ponto qualquer no chão - você parece tensa, não fique assim, não estamos fazendo nada demais, estamos?

— Não - ela respondeu rápido - você se sente melhor depois do remédio?

— Eu tô com frio - falei e ignorei sua pergunta, ela fez que ia se levantar e eu segurei sua mão, ela me olhou - onde você vai?

— Vou ver se tenho mais algum lençol por aqui, você está com frio - ela fez que ia se levantar de novo e eu continuei segurando em sua mão.

— Você nos levou aquele acampamento para que aprendêssemos a sobreviver, não foi? - ela concordou com a cabeça - lá eu aprendi que a melhor forma de se aquecer é com o calor humano, estou certa? - ela concordou mais uma vez e em seguida me olhou desconfiada, eu quis rir - se você deitar aqui comigo eu com certeza vou ficar com menos frio...

Ela ergueu as duas sobrancelhas e eu continue segurando sua mão, ela ficou parada como se não estivesse acreditando no que ouviu ou ela apenas estava processando o que eu tinha falado, eu tô gostando disso.

•••

Confusão Militar Onde as histórias ganham vida. Descobre agora