Comida de Urso

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Camila POV

Depois de tomar banho no rio morrendo de medo de algum peixe morder minha bunda eu voltei para minha barraca e vesti uma roupa confortável e que não me deixasse sentir frio, minha barriga roncou.

— Oh bichinha me perdoe mas eu não consegui pegar um peixe - falei olhando pra minha barriga, estava com a blusa erguida e encarava meu umbigo - será que tem alguma coisa dentro da minha mochila?

Quando me ajeitei em cima do colchonete para ver se tinha ao menos uma barra de cereal na mochila eu ouvi um barulho do lado de fora da barraca e arregalei os olhos. Segurei meu chinelo na mão e ergui próximo a minha cabeça.

— Seja qual for a marmota que estiver aí fora eu estou armada - balancei meu chinelo no ar e semicerrei os olhos - eu não tenho medo de usar minha arma.

Vi a parte da frente da barraca se mexer e eu bati a chinela com força no volume que estava ali "acariciando" a barraca e então eu ouvi um resmungo.

— Saia daqui espírito florestal - falei segurando a chinela com as duas mãos - eu não tenho comida e nem sou comida também...

— Abra a barraca - ouvi a voz e franzi o cenho, me aproximei do flash e abri - qual o motivo de você me bater e de ficar falando sozinha?

— O que tá fazendo aqui Jauregui? - ela ergueu as duas sobrancelhas - quer dizer, primeiro sargento...

— Vim te trazer isso - ela se ajoelhou e entrou na minha barraca e deixou uma pequena tigela a minha frente com vários pedaços de peixe e minha barriga quase cantou "glória glória aleluia".

Mas você falou que eu não iria comer se não pescasse - falei olhando a tigela e minha boca salivando.

— Cabello apenas coma isso - ela disse seria e eu agarrei a tigela no meu peito e peguei o pedaço de peixe com o indicador e polegar e levei até a boca mastigando de olhos fechados e quase chorando de satisfação - se eu souber que os outros souberam que você comeu, você vai virar comida de urso...

— Eu não posso dizer a ninguém? - ela negou com a cabeça enquanto eu colocava mais um pedaço de peixe na boca - então eu vou ficar igual a hello kitty - ela revirou os olhos e eu pude jurar que ela quis rir, mas vai que foi alucinação da minha cabeça.

Ela ficou ali de joelhos olhando para o lado enquanto eu comia o peixe, estava uma delícia e nem parecia que tinha sido feito ali no meio da floresta. Assim que terminei de comer o último pedaço ela me ergueu uma pequena garrafa na cor verde e eu tomei o líquido que tinha dentro, era água.

— Muito obrigada de verdade - falei entregando a garrafa a ela.

— Não me agradeça - ela pegou a tigela e a garrafa e foi se retirando da barraca - agora feche bem a barraca e se ouvi algum barulho não fique falando sozinha, apenas grite para que todos ouçam e possamos ver o que é...

— Primeiro sargento - chamei antes que ela saísse de vez da barraca e ela fez um som nasal para que eu prosseguisse - você acha que vai chover?

Ela me olhou por alguns minutos com uma cara de que não estava entendendo a minha pergunta mas antes que eu precisasse explicar ela pareceu entender o motivo de minha pergunta.

— Não se preocupe - saiu da minha barraca e eu só conseguia ver as pernas dela - hoje não vai chover, pode dormir tranquila, e qualquer coisa - ela pigarreou e falou mais rápido e baixo - eu estou aqui do lado.

E ela se foi, eu engatinhei até à frente da barraca e puxei o flash fechando a mesma, me deitei no colchonete e apaguei o lampião a bateria que tinha ali, puxei o lençol e me enrolei. Não iria dormir bem por está no meio da floresta, mas iria dormir bem melhor agora já que estava de buchinho cheio.

— Acordem!!! - ouvi uma voz lá no fundo e puxei o lençol até minha cabeça murmurando alguma coisa - vocês já deveriam estar de pé soldados - ouvi mais algumas vozes do lado de fora.

Eu me virei de lado e encolhi minhas pernas e agarrei o lençol com uma das mãos, a outra livre eu levei até o meio de minhas pernas e descansei em meus joelhos buscando esquentar a mesma.

— Cabello se você não se levantar eu jogo um enxame de abelha aí dentro - eu arregalei os olhos e me sentei no colchonete.

— Já estou saindo - falei preguiçosamente e joguei o lençol pro lado com os pés e com cara de poucos amigos.

Sai da barraca e vi que todos já estavam de pé e seguravam copos em suas mãos, deduzi que fosse para fazer a higiene matinal. Eu bocejei e cocei o alto da minha cabeça e em seguida cocei também minha bunda e olhei pro lado vendo Jauregui, ela me olhava e observava o que eu estava fazendo, então parei de coçar minha bunda. Ela já estava toda arrumada, essa mulher não dorme não?

— Onde tem copo? - perguntei amarrando o meu cabelo, ela se aproximou de mim e estendeu uma caneca de alumínio branca e gesticulou pro lago - presumo que na minha mochila tem escova e creme dental?

Ela concordou com a cabeça e eu fui pegar, depois fui na direção dos outros próximo ao lago e escovei meus dentes, lavei meu rosto e molhei um pouco meu cabelo. Depois voltamos às nossas barracas e vestimos nossos uniformes.

— Creio que vocês não vão querer comer peixe novamente não é? - ela perguntou e todos negaram com a cabeça - naquela direção tem árvores com frutas, manga, banana, mamão e entre outras - eu olhei na direção que ela apontava - é lá que vocês vão achar o café da manhã de vocês.

Eu fui na cola de Dinah que falou baixo para que eu seguisse ela, na certa ela pensava que eu não comia desde de ontem e eu achei fofa a preocupação dela comigo. Assim que chegamos perto das árvores que ficavam um pouco distante de nossas barracas eu corri para as bananeiras que eram as únicas que eu não precisaria subir para poder pegar.

— Só vai comer banana? - Dinah perguntou e eu olhei pra ela e depois para o meu braço que tinha umas seis bananas - eu posso tentar pegar outra coisa pra você...

— Acho que a gotinha do sus ali não vai deixar não - gesticulei com a cabeça na direção de Jauregui e Dinah suspirou - não se preocupe é muito obrigada tá?

— Eu vou derrubar manga no chão e você pega, não estarei te dando de certa forma - ela disse e saiu de perto de mim e eu fiquei rindo.

Eu estava segurando dez bananas em meus braços e fui até o pé de manga onde Dinah estava lá em cima e me jogou duas mangas enormes, eu me abaixei para pegar e vi quando a primeiro sargento me olhou e eu já ia deixar a manga no chão mas ela se virou de lado como se não estivesse vendo o que eu estava fazendo.

Não sei o que deu nela mas eu tô gostando, eu amo banana mas uma manga madura também cai muito bem, ela estava com três mangas na mão e eu deduzi que talvez seja uma fruta que ela goste bastante.


Agora só falta o leite condensando para montar uma salada de frutas, mas na floresta não tem...

Confusão Militar Where stories live. Discover now