Isso esta acontecendo?

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Camila POV

Três meses depois...

Me levantei da cama com uma preguiça que não tinha tamanho, me espreguicei e meu corpo estremeceu quando coloquei os meus pés no chão gelado, bocejei e olhei pro lado dando de cara com uma fotografia.

Vocês não vão acreditar, três dias depois que cheguei em casa após o alistamento, eu fui desfazer minhas malas pois iria ajudar Denise a lavar as roupas, quando me deparei com uma fotografia, eu tenho certeza que Dinah que colocou em minha bolsa, era a Lauren.

A foto era ela com sua farda impecável, a foto só mostrava da cintura pra cima, ela estava de braços cruzados e olhava seria pra frente, seus olhos estavam tão claros que parecia que estava me olhando mesmo, seu cabelo naquele coque impecável e sua toquinha caindo um pouco de ladinho, linda. Meu pai me deu um porta retrato e eu deixei a foto em meu quarto, não vi problema.

— Pimentinha, já acordou? - ouvi a voz do meu pai do outro lado da porta - o café já está na mesa...

— Sim - respondi e me levantei da cama e fui em direção a porta e abri, ele me olhou de olhos arregalados - eu já vou descer...

— Filha as vezes eu acho que você não dorme em uma cama, mas sim dentro de um tornado dos brabos - ele falava isso se referindo aos meus cabelos que eu tenho certeza que tava uma moita só.

— Engraçadinho, há há há - fingi que estava rindo e ele me mostrou a língua - que adulto papai.

— Isso que dar ter você como filha - ele me deu as costas e saiu - cuide que Denise tem hora pra sair.

A uns dois meses a namorada do meu pai passou a morar aqui, eu estava feliz por ele e esperava que dessa vez desse certo, ela era bonita, e cuidava muito bem do meu pai, assim como cuidava de mim, o jeito que eles se tratavam era a coisa mais fofa de se ver, o que me dava uma inveja das brabas, não me julguem, eu sou carente.

Fui até o banheiro e tomei banho e em seguida escovei meus dentes, vesti um short jeans de cor clara e uma blusinha de alcinha grossa na cor vermelha, sutiã? Sei nem o que é isso, desci a escada penteando os meus cabelos, joguei o pente em cima de qualquer coisa e fui em direção a cozinha.

— Aqui está seu leite com Nescau - Denise falo assim que entrei na cozinha - não está tão quente e nem tão frio.

— Você é um anjo - falei agarrando a enorme xícara com estampa de vários desenhos.

— Você está minando demais essa menina Denise, eu estou falando - me pai falou encarando a mulher, ele tinha uma falsa cara de bravo.

— Denise não escute ele - falei apontando o dedo indicador na direção do meu pai que estava segurando o riso - isso é inveja...

— Deixa ela - Denise deu um tapinha de leve no ombro do meu pai - eu preciso ir trabalhar, nos vemos na hora do jantar meus amores - ela selou os lábios do meu pai rapidamente e veio em minha direção e beijou o alto da minha cabeça.

— Até mais tarde boadrasta - ela começou a rir e saiu, ela sempre ria quando eu a chamava assim, a Denise não tinha filhos, ao que parece ela não podia ter e eu estava tentando me acostumar a chamar ela de mãe - esse leite está uma delícia...

— Deve está mesmo - meu pai falou tomando seu café - vai trabalhar agora de tarde?

— Vou sim - falei animada.

Desde que cheguei eu procurei um emprego, o último foi na McDonalds, o que não deu muito certo, eu sempre entregava o pedido errado ou derruba ou estragava algum McFlurry pois não conseguia desligar a máquina a tempo, o único que eu me dei bem foi uma livraria, eu só trabalhava a tarde, eram apenas dois funcionários, eu e outra menina, ela cuidava do turno da manhã e eu da tarde, a Olívia, dona da livraria ficava no caixa.

— Vai querer que eu te leve ou vai tentar ir de bicicleta de novo? - meu pai perguntou assim que levantou da mesa.

— Vou de bicicleta - falei assim que terminei de tomar o leite e comecei a comer uma torrada que tinha ali - eu comprei um capacete, estarei segura.

— Assim eu espero - ele disse rindo - esse mês a conta de luz é sua - eu fiz uma careta - o quê? Você foi quem mais gastou...

— Esse negócio não está certo - falei emburrada e ele riu.

— Tô brincando pimentinha - ele veio até mim e beijou minha testa - mas a internet é sua...

— Tudo bem - dei de ombros - o senhor acha...

Antes que eu terminasse de falar ouvimos a campainha tocar e meu pai gesticulou com a mão me pedindo para esperar pois ele ia abrir a porta, terminei de comer minha torrada e levei minha xícara até a pia e lavei a mesma, a regra da Denise, sujou tem que lavar, e assim nunca ficava louça na pia, o que eu agradecia.

— Oh filha - meu pai gritou lá da sala e eu olhei na direção da entrada da cozinha - é pra você...

— Pra mim? - murmurei e enxuguei minhas mãos em um pano de prato que tinha ali - já estou indo!!!!

Fui na direção da sala e estanquei assim que tive a visão de quem estava parada em pé na porta da minha casa, ela estava com uma calça preta jeans, uma blusa de mangas curtas com estampa do exército, os cabelos estavam soltos e tinha um óculos escuros bem no alto da sua cabeça, e um coturno preto de saltinho baixo em seus pés.

— Primeiro sargento? - eu falei com os olhos arregalados e ela me deu um sorriso tímido que eu nem reconheci - isso está acontecendo? - eu olhei pro meu pai que parecia tão surpreso quanto eu.

— Oi Camila - foi a única coisa que ela falou e ficou parada ali no meio da porta enquanto meu pai e eu nos encarávamos sem acreditar no que estávamos vendo.

Lauren, a quem eu achei que nunca mais fosse ver, estava agora, ali na porta da minha casa e parecia mais linda do que eu me lembrava que ela fosse, meu estômago estava revirando e eu podia jurar que a qualquer momento eu iria colocar todo o meu café da manhã pra fora.

•••

Confusão Militar Where stories live. Discover now