Levanta Cabello

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Camila POV

A sargento Brooke nos levou para onde tinha algumas árvores e bastante coisas ali, tinham pneus espalhado no chão, tinha troncos formando obstáculos, tinha uns negócios enormes que pareciam até cano de esgoto, acho que para passarmos por dentro.

— A major Kordei está aqui para ver o desempenho de vocês - a baixinha falava enquanto andava de um lado para o outro com as mãos para trás e uma postura invejável, toda retinha, eu em pé ou sentada pareço um S da sadia de tão torta - vocês vão passar por todos esses obstáculos a sua frente, soldado Malik, faça a demonstração.

— Sim sargento Brooke - ele bateu continência.

Observei ele ficar frente aos grandes tubos de concreto ou cano de esgoto como eu vou chamar tá, quando a baixinha gritou um "VAI" o homem saiu correndo como se não houvesse amanhã, ele entrou no cano de esgoto um pouco abaixado e saiu pelo outro lado, passou facilmente por vários pneus enormes e em seguida passou agilmente por cima de obstáculos de troncos, agarrou em umas barras e foi passando a mão em cada uma para chegar ao outro lado, meus bracinhos de macarrão cozido como diz a sargento cola bastão, não aguentaria aquilo não, ele passou se arrastando por baixo de um monte de arame farpado e em seguida se pendurou em uma corda enorme e pulou de um lado pro outro e correu até onde estávamos.

— É só isso que vocês tem que fazer - ela falou com um sorriso sem mostrar os dentes. Ela disse só isso? Eu nem fiz nada e já tô cansada e dolorido só de ver o tal Malik fazendo.

Fizemos duas filas, pois todo obstáculo era em dois, assim que recebemos o comando de começar a loira a minha frente correu e eu fui logo atrás dela, passei pelo cano de esgoto facilmente, isso não foi difícil. A loira pulava em cada buraco dos pneus facilmente e eu pensei "vai ser moleza" foi onde me lasquei, quando coloquei meu pé direito no pneu e fiz menção em retirar pra colocar no outro a bota ou o cadarço enganchou e eu caí com os braços e pernas abertas em cima dos pneus.

— Levanta Cabello - ouvi a voz rouca e irritada da primeira sargento Jauregui e eu tentei me levantar o mais rápido possível - não quero moleza, tão achando que isso aqui é um acampamento de férias?

— Não primeiro sargento - todos os soldados gritaram enquanto fazia os exercícios, menos os que estavam atrás de mim já que tinham que me esperar pra poder fazer.

Consegui me levantar e passei pelos pneus, olhei pro lado e a loira que babou em meu ombro no ônibus já tinha acabado, olhei pra trás e algumas mulheres me olhavam com cara de tédio e até de ódio por estar atrasando elas.

— Você pretende terminar ainda hoje soldado Cabello? - a frozen gritou em minha direção e eu arregalei os olhos - não temos o ano todo, continue.

Cheguei correndo perto dos troncos e agarrei em um me jogando por cima, olhei pra frente e tinha mais uns seis do mesmo, fui pulando por cima deles de qualquer maneira, no penúltimo eu quase que caia e me agarrei no tronco e meu corpo escorregou de lado e fiquei pendurada, agarrando o tronco com os braços e as pernas. Com muita dificuldade consegui me ajeitar e passar pelo último.

Já estava vendo tudo escuro e nem sei dizer se ainda tenho ar em meus pulmões, pulei e agarrei a barra fina de madeira e fui agarrando uma de cada vez na maior concentração do mundo todo, meus bracinhos já estavam tremendo e minhas mãos suando e eu por diversas vezes quase escorreguei, mas por um milagre divino eu consegui passar.

Me joguei no chão para passar embaixo do arame e acabei jogando areia no meu rosto sem querer e fechei os olhos e fiz uma careta e comecei a cuspir fazendo barulho pra tirar areia da boca, me arrastei por baixo do arame quase que com a cara no chão com medo de meu cabelo enganchar ali e eu virar Camila sem Cabello, eu comecei a rir sozinha com minha piada ruim e ouvi um pigarro e arregalei os olhos e então me concentrei em sair daqueles arames.

Subi em uma tábua e me joguei atrás de me agarrar na corda grossa e então dor, cai de costas no chão e a poeira cobriu, comecei a tossir e me levantei com as mãos nas costas e subi mais uma vez na tábua e pulei de novo me agarrando na corda e me balançando para chegar até o outro lado, quase que quebro meu pezinho de princesa quando fiquei em pé do outro lado e soltei a corda.

— Me pergunto o que você acha que está fazendo aqui Cabello - o guardanapo falou enquanto eu me colocava ao lado da loira alta que me olhava com vontade de rir - todos vocês para o alojamento 7, hora do almoço.

— Ainda bem, minhas lombrigas já estavam comendo uma a outra dentro de minha barriga - falei fazendo uma careta e alisando minha barriga.

— Você não existe - a loira falou e abriu um sorriso, eu fiquei a encarando seria e em seguida mostrei os dentes.

Fomos até o alojamento 7 a qual fomos designadas e havia várias meses uma colada na outra formando assim cinco "filas" de mesa no refeitório. Peguei uma bandeja e coloquei uma caixa pequena de leite em cima, uma garrafinha de danone, a mulher mal encarado atrás do balcão me entregou um prato de papel com ovos e outro com uma mistura que eu não soube identificar o que era, e então me ofereceu um copo com água.

Olhei para as mesas e algumas mulheres me olhavam com cara feia e eu fui passando por elas a procura de uma mesa vazia, não queria ter os olhos arrancados na hora da comida, avistei a loira e me perguntei se sentaria com ela ou não, até que ela fez um gesto com a cabeça para o lado dela e eu me sentei.

— Pelo visto todo alojamento odeia você - ela disse com a boca cheia - não é pra menos, uma coisa que era pra saímos a duas horas atrás e você nos atrasou tanto...

— Eu não tenho preparação física para esta aqui dentro - falei tomando um pouco de leite e ela arqueou as sobrancelhas.

— E o que você está fazendo aqui dentro? - por um momento eu parei e pisquei os olhos diversas vezes.

— Eu sempre gostei de filmes de exército e também as séries e então... - fui interrompida.

— Calma aí - ela espalmou a mão direita no ar em minha direção - você tá me dizendo que só entrou aqui por causa de séries e filmes? - eu concordei com a cabeça e ela deu uma risada tão alta que eu acabei rindo também pois era contagiante - eu não acredito no que você está dizendo.

— Eu sei - dei de ombros - antes me parecia uma boa ideia, agora me parece uma ideia muito da burra - fiz beicinho e ela negou com a cabeça enquanto limpava uma lágrima que caia do seu olho esquerdo por rir tanto.

— Você real não existe - ela voltou a comer e as vezes dava uma risadinha baixa, creio eu que lembrando da burrice que eu falei.

Voltei a comer e fiquei balançando minhas pernas embaixo da mesa, quando estava lá fora a ideia me parecia ótima, mas depois que entrei aqui dentro vejo que não é nenhum mar de rosas como eu achei que seria. Meu pai estava certo e eu não deveria ter me alistado, como será que meu senhor pimenta está?


O senhor pimenta está em casa curtindo a companhia da nova namorada, ele está passando bem pimentinha kkkkkkkkkk

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