Brianna
São quatro horas da manhã quando a Nara me liga para confirmar a caminhada hoje. Tendo dormido duas horas atrás, estou cansada e irritadiça, mas consigo manter a educação.
— Nara, são quatro horas da manhã. Você pode ligar mais tarde?
— Não? É para estarmos lá às cinco e meia, Brianna. Vamos saudar o Sol e tudo mais.
Grunho. O Sol não está nem aí se eu dou um oi para ele às quatro da tarde ou o quê, é uma estrela, um monte de hélio e hidrogênio em uma bolinha, ele não tem sentimentos, e por que as pessoas acham que é interessante acordar tão cedo para fazer algo que poderiam em uma hora que não acorda às demais é um mistério. Um dos vizinhos do meu prédio todo dia toca um gongo ao nascer do Sol. A porra de um gongo.
— No e-mail que a sua equipe mandou, estava bem claro que era para sairmos às cinco e meia.
— Bem, a minha equipe errou. Vou demitir quem cometeu este erro. Acorde o Harvey e venham para cá imediatamente. A luz do primeiro raiar é a mais bonita para fotos, e eu preciso atualizar minhas redes sociais. Estou esperando!
Ela desliga na minha cara e eu afundo nos travesseiros, pego uma almofada para colocar na frente da minha boca e grito. Levanto e vou até o quarto do Harvey para acorda-lo, e ele está dormindo tão profundamente quanto eu estava. Cutuco ele.
— Harvey, acorda. Temos que sair agora.
Talvez por ser médico, mais um cutucão e ele está sentado, acordado e confuso.
— Brianna? Você está bem? Aconteceu alguma coisa? É a minha irmã? Ela está em qual hospital?
— Estou ótima e a sua irmã está bem, eu acho. A Nara ligou e disse para encontrarmos ela lá em uma hora e meia.
— Que horas são?
— Três e meia. O caminho até lá leva uma hora, então temos que sair até às quatro.
— São três e meia da manhã e você está me acordando para irmos fazer uma trilha? Que merda aconteceu com você?
— A necessidade de ter um emprego. — murmuro. — Devo cancelar?
— Não. É melhor não. Você está acordada o bastante para dirigir?
— Não estou acordada o bastante nem para diferenciar minhas mãos, Harvey. Dormi por meia-hora.
— Está bem. Eu dirijo. Vá se trocar e me encontre na sala.
~~~
Ele tenta me fazer comer alguma coisa, mas meu estômago não acordou ainda e recuso tudo. Depois de arrumar uma mochila com o que iremos precisar, ele pega as chaves do carro e nós saímos. Cochilo no tempo que o elevador leva pra descer, e estou acordada quando as portas abrem. Se cochilar fosse um esporte olímpico, eu teria outra medalha, com certeza. Andamos até o carro e durmo imediatamente uma vez que coloco meu cinto. Só que acordo menos de vinte minutos depois, ainda no trânsito de Boston, com o meu celular vibrando nas minhas coxas. Ligação. Equipe da Nara. Atendo.
Tento não olhar para o Harvey enquanto escuto o que o assistente dela diz, porque não é bom. Não é nem um pouco bom. Desligo e grunho.
— Família? — ele pergunta.
— Por que seria família?
— Você fica chateada assim quando fala com a sua família.
Porque não posso vê-los e isso me destrói. Não estou destruída agora, só estou com sono.
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Inconstância
RomantikaBrianna se mudou para Boston nas piores circunstâncias, mas fez da cidade a sua casa. Para consternação dela, viver sozinha é caro e ela precisa trabalhar o dobro para se manter ali. Vivendo do que a vida coloca no caminho dela, ela se sente profund...