Brianna

A rotina do trabalho estava indo muito bem, o Harvey estava jogando como um campeão e todos estavam amando, mas aí aconteceu: ele machucou o joelho de novo e precisou ser afastado dos jogos de novo. Com a notícia do afastamento do Harvey, os patrocinadores pediram reuniões para estudar os próximos passos dos patrocínios, e de alguma forma saio da última reunião sem perder nenhum contrato. Penso se é assim que a Julia se sente quando ganha um caso, e vou para casa dele, onde descubro que ele não está. A academia é minha próxima parada e ele não está lá também, nem no restaurante que gosta de comer e nem na aula de hidroginástica.  Mando uma mensagem para ele, perguntando onde está, já que também não está aqui no parque que vem para correr e ele responde com uma foto de vários cachorros.

"Aproveite seu tempo aí no céu então." Brinco com ele.

"Estou em casa, Brianna. Você sabe que meus cachorros estão em casa."

Em casa? Os cachorros não estão na casa dele, mas em Salisbury, com a mãe dele. Ah! Ah. Algumas pessoas têm mais de um lugar que chamam de "casa", é difícil lembrar disso quando nenhum lugar é isso para você além de uma construção onde estão as coisas que você tem. Engato a marcha do carro e volto para a rua, dirigindo para a pequena moradia perto da praia, onde fui algumas vezes nos últimos anos. Toco a campainha e a mãe dele abre a porta, e eu admiro como ela está sempre bonita. Os cabelos ficando grisalhos contrastam com a pele negra, e o sorriso gentil e maternal causa a pontada de sempre no meu estômago.

— Brianna, querida, que prazer te ver! Como você está? Tem comido direito? — ela me dá o abraço apertado de costume, e consigo não me encolher dessa vez.

Receber o carinho de uma mãe é muita informação para mim.

— Estou bem, e sempre que possível. — não consigo mentir para ela. Ela é boa demais para eu mentir para ela.

— Você está linda, adorei os tênis! — ela me olha por inteiro e aí sorri. — O Harvey está no quintal com os cachorros, pode ir lá. Vou fazer um lanche para vocês comerem antes de voltarem para a cidade.

Aprendi que é impossível recusar comida quando a Ciara oferece, então aceito o destino do meu estômago e vou para o quintal encontrar o meu chefe. Ele está segurando a coleira de um dos cachorros enquanto ele tenta fugir do banho.

— Eu poderia te oferecer ajuda, mas correr o risco de quebrar o cóccix não está no meu contrato com você. — brinco, porque os cachorros dele são enormes e adoram me derrubar no chão para brincar comigo.

Ele desvia o olhar do cachorro e não vê que o animal abocanha a garrafa de xampu para brincar e derruba um monte na piscina de plástico que o Harvey usa para dar banho nos animais dele.

— O que há de urgente? Você não é de me seguir para me encontrar.

O cachorro solta a garrafa e fica agitado ao me ver. Este é o Diego, então, um dos trigêmeos pitbull dele, que é surdo. O bichinho não se aquieta até o Harvey soltar ele para vir me lamber, e sento no chão antes que possa me derrubar.

— Oi, Dig. Também senti sua falta.

— Diego, você só viu ela umas quatro vezes, se comporte. Não é assim que você impressiona uma moça, já te falei isso. — ele fala e sinaliza, e o cachorro pega a bolinha dele e traz para mim, querendo que eu jogue.

É assim que ele tenta me impressionar. Nas outras vezes foi igual, e na verdade, eu fico muito impressionada todas as vezes.

— Cadê o Manny e o Sid?

— No parque com a minha madrastra, ela está passeando com eles. Vai me dizer o que aconteceu ou terei que te subornar com bolo?

Bolo seria ótimo, mas não é o que vim fazer aqui.

Inconstância Where stories live. Discover now