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"Todo mundo diz,
Que estou indo de mal a pior."
(I Need Some Sleep - Eels)

Brianna

Eu poderia dizer que o meu mundo voltou para os eixos. A Julia está de volta em casa - com o marido dela, a professora das crianças está de volta e eu estou em casa novamente.

Tudo estaria normal, não fosse a ameaça no meu e-mail. Incrivelmente, não é do empresário do Harvey, mas do cara que se considerava o meu empresário. Quando você está na faculdade e tem tantas contas para pagar que mal consegue pensar, é possível que o desespero tome conta e você cometa loucuras para tentar dar um jeito em tudo. E no meu último semestre, eu atingi um ponto bem baixo e resolvi, por que não, aceitar uma oferta que me foi feita. E foi assim que eu acabei estrelando um filme. E não foi um de Hollywood ou um que é possível assistir com a família - não sem traumatizar o filho ou a vó. E o problema de fazer as coisas com o desespero tomando conta é que você não para pra analisar as consequências e as letrinhas pequenas no contrato de atuação.

E agora a ameaça no meu e-mail deixa claro que eu deveria ter sido mais esperta. Que eu deveria ter pedido ajuda para a Julia, ao invés de deixar o medo me enganar com a certeza de que eu conseguiria fazer tudo sozinha. Sem saber o que fazer para lidar com isso, começo por algo que nunca fiz antes, fizesse chuva ou neve, estivesse eu me sentindo bem ou não. Envio uma mensagem para o Harvey e digo que não vou trabalhar hoje. Depois disso, sento no meu sofá e fico encarando a mancha no teto, tentando decidir o que fazer. Ignorando todos os sons do meu celular, decido não pensar nisso enquanto termino meu cereal. Só que aí termino e tenho que pensar nisso.

Levanto, ando de um lado para o outro e tento pensar em algo. Talvez eu possa pedir ao Guzman... o quê? Ele constrói foguetes e trabalha para uma empresa do governo, o que não significa que possa usar da posição dele de funcionário do governo para me ajudar. Estou sozinha nessa. Me coloquei sozinha, e agora tenho que sair sozinha. Se eu apenas pudesse...

Alguém bate na minha porta. Abro sem soltar a corrente.

— O que foi? — pergunto ao síndico.

— Seu chefe pediu que eu viesse ver se você está bem. Então... você está?

— Como o Harvey falou com você?

— Ele pediu meu número há um tempo, disse que se eu escutasse você gritando era pra chamar a emergência e ele, porque você não chamaria nenhum dos dois, então eu faria isso para você. E me passou o número dele. — é claro que passou. — Você está bem, Brianna? Preciso respondê-lo.

— Você não faria isso de graça. Qual é o preço que ele está pagando?

— Ingressos para os jogos do time que eu torço. Ele joga nele, né?

Eu tinha só um palpite que ele estava subornando alguém para saber de mim aqui, e agora tenho a confirmação.

— Joga. E vem cá, que tipo de informação ele pede?

Ele dá de ombros.

— Se você chegou em casa bem, só. Só uma vez há algumas semanas ele perguntou se você estava em casa, foi no dia que ele saiu da coletiva de imprensa no meio da entrevista, ele perguntou antes dela começar.

No dia que eu cheguei atrasada na entrevista. Mmm.

— Diga a ele que eu estou resolvendo um problema pessoal.

Inconstância Where stories live. Discover now