Do outro lado do Trovão IV

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"Eu comecei a escrever essa carta muitas vezes e em nenhuma delas me pareceu que eu estava dizendo a Verdade. O mundo continua vazio e chuvoso, assim como eu; todos os amigos que um dia eu tive morreram; o posto de gasolina foi incendiado semana passada quando alguns infectados pularam o muro de alguma forma e atacaram algumas pessoas nas ruas, junto com o posto pegaram fogo a atendente da loja de conveniências pra quem eu nunca liguei e os frentistas que não recebiam o meu boa noite.

Antes fazia sentido permanecer vivo; agora não mais , o mundo se perdeu e as nuvens negras flutuando acima da ponte de Hurricane são um belo convite
Talvez alguém entenda algum dia o que farei e ache em mim uma pessoa que desistiu, não há nada do que desistir,nem nada pra se agarrar.. não existe mais mundo, só a chuva."

Assim eu terminei minha carta de despedida, não foi a melhor nem a mais tocante, e não endereçei a ninguém, a deixei sobre a mesa no centro da sala , coloquei um casaco azul sobre minha camisa preta do Duran Duran e fui em direção a ponte.

LYN

Esse mundo é diferente do que eu pensei, lá do céu ele parecia tão cheio de vida, tão colorido e o cheiro das cidades depois da chuva era desejável.
Essas ruas vazias , esses prédios feios; até agora só vi uma pessoa, será ele o último garoto do mundo?

Ela andava pela ponte em direção a Cidade que se apagava diante da tempestade que estava chegando. Seu pai morreria outra vez e Åska sempre parecia gritar o nome dela dentro das Nuvens.

O vento aumentou um pouco e a chuva caiu num momento indeciso e logo depois o céu desabou sobre a cidade e a Ponte.

A frente a beirada da ponte ela vê uma pessoa com casaco azul, olhando o rio que se choca furioso nas pedras lá embaixo.

THÉO

A tempestade escondeu tudo, as gotas que caem se misturam com as lembranças do mundo que deixou de existir.
Ele olha uma outra vez pro céu e o vento se choca nos seus ouvidos molhados; finalmente fecha os olhos e se joga no rio furioso.

Enquanto cai ele sente o barulho da chuva nas pedras do Rio, abre os olhos e é rodiado por um clarão de luz e um estrondo; fecha os olhos e cai de leve numa superfície molhada , ele abre os olhos e se vê de volta a ponte ,com dor e sem entender o que acabou de acontecer ele repara na garota sentada ao seu lado no chão molhado.

Olha a ponte e desmaia enquanto ouve o barulho triste da chuva nos vidros das últimas janelas do mundo.

Dias de ChuvaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora