Sangue e Solidão - Parte III

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                 Dia II

Annah acorda às 09:00. Ainda manca um pouco, Marcus não está em lugar nenhum, nada dele naquela manhã, a casa está um silêncio. Ela olha umas prateleiras cheias de livros, numa estante rústica na parede, metade são livros que Annah nunca quis ou pensou em ler: Metade da série Diários de um Banana , Toda a Saga Harry Potter, Os livros de Crepúsculo estão sem capa e todos rabiscados, O ano da leitura mágica, Como ser um super-vilão.
Anna vê o único livro que lhe chama a atenção no fim da prateleira de cima. Ela se estica e pega o exemplar de Quem é você Alasca que está intacto , ela passa os dedos pela capa preta da edição especial. Deixa o livro cair quando ouvi uma batida forte na porta, a maçaneta gira, ela tateia o balcão da cozinha americana até encontrar uma faca disposta em um faqueiro velho, segura forte e se prepara para o pior.

A porta se abre e uma criatura vestida de preto entra trazendo uma mochila cheia. Marcus usa luvas de couro preta, numa das mãos um taco de baseball ensanguentada e na cabeça um boné do Black Bulls.
Ele olha pra Annah ela parece assustada ,ele tira o boné e diz:

Cuidado com isso Princesa, parece que viu um Fantasma.

Ela deixa a faca no balcão, relaxa um pouco.

Onde você andava? E por que tá usando essas roupas estúpidas?

Diz ela indicando o rasgão no joelho da calça.
Ele esfrega o joelho.

Aquele cara gordo quase pega minha perna.

Diz com um leve sorriso que se desfaz em questão de segundos.

Annah! O que você fez?!

Diz ele se agachando e pegando a edição especial de "Quem é você Alasca",  que está com a borda de algumas folhas amassadas.

Você me assustou entrando desse jeito.

Eu tinha ido fazer algo importante!

O que você foi buscar ?

Diz Annah.

Ele levanta pega a mochila, coloca sobre o sofá no centro da sala, abre e vasculha a procura de algo em especial, quando encontra diz:

O essencial pra nossa sobrevivência Majestade.

Joga pra ela um Exemplar de Diários de um Banana - Batalha Neval. Ela joga o livro de volta pra ele.

Livros Infantis? Foi por isso que você saiu?!

Que idiota

Ele segura o livro coloca no sofá e ainda vasculhando a mochila diz:

Em 1° Lugar é um livro Infanto Juvenil. Em 2° esses são pra mim.

E joga pra ela alguns Exemplares de A Rainha Vermelha.

Pra você Majestade. Sua cara .

Ela olha os livros.
Ele levanta.

Tô fedendo, preciso de um banho.

Deixa os livros em cima do sofá e ao sair em direção ao quarto diz.

Não destrua meus livros.

E some no corredor, Annah Passa o Polegar pela capa de A Rainha Vermelha e um pequeno sorriso, algo tão esquecido desde o início da pandemia, Surge em seus rosto, O livro ainda tem cheiro de novo, de civilização,de Amanhecer.

A noite eles não precisaram conversar depois do jantar — Sopa de Legumes e biscoitos Salgados.
Estavam ocupados em seus mundos de Rabiscos e Reis de Sangue Azul.

                  Dia III

Era um dia Nublado, as nuvens acima da cidade do Rio pareciam Fantasmas de um antigo outono, quando aquelas pessoas lá em baixo se exercitavam em praças e pedalavam por Copacabana.

A chuva batia leve e Melódica na Janela, O ruído faminto dos infectados que vagueiam ainda pode ser ouvido por trás das gotas que caem nas ruas e aumenta depois do Trovão. Annah Olha a janela,a água escorrendo. Uma camponesa conhece um Principe que está disfarçado.

O que será que causou tudo isso?
A gripe ou um ato vingativo de deus ,que nesses últimos dias deixou de nos ouvir.

Annah é tirada de seus pensamentos, quando Marcus lhe oferece uma xícara de chocolate quente  — Regalias no meio da pandemia— 

Ele olha pra ela como que se preparando pra fazer o comentário de sempre.

Gostou majestade?

Em vez disso. Ele senta em frente a ela e coloca um tabuleiro de Damas e diz com um olhar desafiador:

Aposto que você é horrível nisso.

Veremos.

Depois de vencer pela Quinta vez aquela noite Annah rir e diz à Marcus.

Aposto que você é Horrível nisso.

Ele joga uma almofada nela que ainda rir.
E diz:

Annah! Você tá ouvindo isso?

— Eu não ouço nada.

— Isso mesmo. Os Ruídos pararam. Tranca bem a porta!

Diz ele levantando e jogando as peças de dama no chão. Estava deixando ela vencer.

Annah tranca a porta, Marcus na janela coberta por uma placa de ferro, procura ver algo lá fora pelas brechas.

—  Que droga! É ele outra vez.

— Ele quem ? Do que você tá falando?

Marcus sai da janela,agarra a mão de Anna e diz:

Vem comigo.

Ela obedece, os dois vão até o quarto dele que está impecávelmente arrumado e organizado. Ele vai até a janela enquanto Annah olha todas as trancas daquela porta — Impossível eles entrarem aqui.

O prédio do Correios, olha no telhado.
Diz ele.

Em cima do prédio Annah vê uma figura de um homem na escuridão, um capuz preto lhe cobre o rosto, metade da silhueta se perde na Escuridão.
O estranho no teto do prédio que um dia fora responsável por levar cartas e lembranças a pessoas distantes, levanta a mão e automáticamente os infectados olham o céu, ele movimenta a mão de um lado para o outro e os infectados o seguem , parecem fantoches, ele fecha a mão e os Ruídos voltam.  Ele começa a andar,parece ir embora por entre a escuridão.
Marcus se aproxima de Annah e toca a parte nua das suas costas, o toque causa um leve tremor em Annah que olha Marcus com uma expressão Assustada.

No alto do prédio dos correios no fim da rua a figura do Homem para e olha pra uma casa em particular, para uma janela escura e escuta 2 corações batendo em algum lugar na escuridão.
Depois de 5 minutos desaparece, os infectados parecem abelhas raivosas seus zumbidos famintos invadem o quarto onde Depois das 2 manhã Annah adormece na cama bem arrumada de Marcus com a cabeça em seu peito.

Dias de ChuvaWhere stories live. Discover now