Sangue e Solidão Parte II

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Rio de janeiro
10:23 Am

"Dois anos depois do Início do Apocalipse"

Da Janela o Cristo lembra figuras de um antigo verão . O sorveteiro das antigas praias, as pipas que cortavam o céu e a fumaça dos churrascos nas lajes.
Marcus olha o relógio ,o dia está sendo bem longo, os prédios estão vazios, as ruas estão meio cheias.

Eles não são pessoas a muito tempo, o plano de evacuação não funcionara e metade da população sumcubiu a Pandemia. Os sobreviventes; uns fugiram outros foram comidos.

Bom, eles não são zumbis, como os que apareceiam nos filmes. Eles eram inteligentes e as vezes paravam e olhavam pro céu com uma admiração por algo que Marcus não podia ver de dentro do apartamento.
Ele nem ousava abrir a janela. Eles podiam ver, ele sobrevivera bem até agora; a despensa tinha comida pra muitos dias, a água em alguns lugares não acabou e a Pandemia não se espalhava pela água (teria sido o fim de tudo,se é que aquele não era o fim)

Os pensamentos de Marcus foram interrompidos por barulhos em algum lugar lá embaixo. Tiros.
Ele chegou perto de uma janela reforçada e por uma brecha viu aquela garota de cabelos ruivos correndo, sendo perseguida por quatro deles, os outros estavam ocupados com alguém que caira na rua.

"Não, não vou interferir"

"Ela pode morrer"

Disse a si mesmo. Falava muito sozinho.

"Hmmm! Que droga"

Ele pegou algo numa gaveta, destrancou a porta .Saiu.

Annah tropeçou em uma lata de lixo num beco, atrás de um prédio e machucou o tornozelo.
Eles estavam chegando. Ela podia ouvir seus passos apressados e seus urros frenéticos.
Tentou se levantar, mas o tornozelo não a ajudou.
Atrás dela uma cerca de arame "impossível subir"

Ela ouviu eles pararem e um estrondo, seguido de mais outro. Eles demoraram .Teriam desistido?
Então apareceu um deles, camisa xadrez suja, um dos pés torto, ele caminhava na direção dela com dificuldade e fome no olhar. Ela tentou levantar outra vez sem sucesso. Foi então que um zunido leve como de um grampeador cortou o vento e deixou um buraco na testa do homem que caiu perto dela.

Um cara com a barba bagunçada e o cabelo desgrenhado, chegou perto e disse com a voz rouca.

- Você está bem? Foi mordida?

- Não! Eu não fui mordida.

- Você deve estar louca, pra andar no meio dessa ruas.

Disse ele estendendo a mão pra levantar -la.

- Eu não preciso de sua ajuda.

- Eu acho que precisa .

Disse ele apontando para o tornozelo e pro homem no chão, sangue escorria da cabeça destruída dele.

Ela revirou os olhos.
"Quem esse cara pensa que é? "

Ele a ajudou a levantar.
- Vamos Princesa.

- Não me chama assim!

- Tá. Que tal sairmos daqui antes que alguém nos coma vivo?.

Dia I

Ele colocou gelo no tornozelo dela, depois pediu que ela se preparasse e com um puxão o colocou de volta no lugar. Lhe deu uns remédios, um pouco de uísque em um copo empoeirado.

- Você merece. Seu prêmio por quase ter tocado o sino do jantar.

- Não pedi sua Ajuda!

- Ninguém nunca pede.

"Que idiota".
ela pensou

- Sou Marcus.

- Annah.

Disse ela secamente, não estendeu a mão.

- Pode dormir um pouco se quiser.

- Até parece! Não confio em você.

- Tá bom.

Então ela dormiu.
Acordou no sofá, o tornozelo ainda doía, o relógio dizia que eram 8:00 da noite.
Anna caminhou até a cozinha, Marcus comia um cereal, olhou pra ela e apontou a caixa de leite. Ela procura uma tigela, abre a prateleira, um pote de biscoitos cai, ela salta no susto.
Fazendo o tornozelo doer bem mais.
Olha Marcus, ele rir meneando a cabeça.

- O que foi?

- Nada.

Eles comem calados. Ele termina aponta na sala uma TV e um aparelho de DVD, diz:

- Se quiser , coloque baixinho, eles podem ouvir.

Ela lhe lança um olhar que ele sabe muito bem o que significa, ele faz sinal de silêncio com os dedos nós lábios, ela para de mastigar e os barulhos das criaturas irrompe na cozinha, eram barulhos como de um sedento ou de um animal que enlouqueceu.

- Não destrua nada..

Ele diz saindo da cozinha e indo para o quarto.

Na sala ,vira-se pra ela e diz...

- Sofá confortável.

E some no corredor.
Ela termina o cereal, senta no sofá, coloca "Hotel Transilvânia" .
Adormece depois das 23:00 hs .

Lá fora,as ruas estão fedendo a sangue na noite fria.

Dias de ChuvaWhere stories live. Discover now