Sangue e Solidão Parte I

87 8 0
                                    

Rio de janeiro.
Sexta feira 14/06/2016
3:45 A.m

Marcus encara seu reflexo no espelho do banheiro minúsculo, cabelos desgrenhados, gravata e terno amarrotados, barba por fazer. Ele joga água no rosto, abre o frasco de remédios que toma pra controlar a ansiedade que nessas 3 noites tem sido sua companhia.
Olha à cama, o travesseiro velho que um dia fora macio, lençóis amarrotados, o presente que comprara para o chefe.O aniversário será às 08:45 am.

Marcus sai do banheiro, senta na cama de frente pra janela fechada, os porta retratos, com imagens de uma viagem da faculdade, pré-Carnaval ao lado de Camila. Faz 1 ano que Camila saiu pela porta, levando malas, o abajur que comprara e até o Gato.

"Ela não aguentava mais aquela vida, aquela casa, Ele"

Marcus se perde em pensamentos e já são 7:30.
Muda de roupa, arruma o cabelo, pede um Uber, depois de 7 minutos ele sai. Sem trancar a porta.
Chega atrasado. Entrega o presente, recebe um aperto de mão e uma batidinha no ombro.

Senta em um balcão da cozinha americana.
Bebe um pouco de uísque. Sente a casa girar um pouco e engasga de leve.
Deixa o copo no balcão e vai à um banheiro no 2° andar.
Entra na cabine, senta em cima do assento da privada. Revira os bolsos em busca de um remédio.

Esqueceu no banheiro de casa, o coração acelerou,a visão reduziu e ele apagou.

Rio de janeiro
9:00 am (dia seguinte)

O som das batidas do lado de fora do banheiro o acordou e ele reparou que o banheiro não cheirava bem. Tentou sair da cabine, mas a porta estava travada pelo lado de fora, por uma cadeira.
Ele chutou com força (tentou) mas só conseguiu mover o objeto o pouco, o que deixou uma pequena brecha que o permitiu passar o dedos e mover a cadeira e a porta se abriu.

O piso do banheiro estava vermelho e pegajoso. Ele chegou perto da porta, sem reparar no espelho quebrado e nas gotas de sangue na porta da cabine onde estava (ainda meio zonzo)
Abriu a porta e desceu pra área que dava acesso a piscina.

Os corredores estavam cheios de coisas jogadas, jarros de flores no chão, cacos e uma coisa que no primeiro momento lhe pareceu um dedo - Não podia ser.
O rastro de sangue ia da cozinha ao quintal, a mesa estava virada, temperos mistos no chão e marcas pretas e vermelhas nas paredes (pareciam mãos)

Ele saiu para o quintal.
A piscina estava rosa, no chão tinha algo pegajoso escorrendo um líquido grosso. Se aproximou da piscina, tinha uma pessoa submersa, lhe estendia a mão. Ele a puxou, um braço saiu e o corpo sumiu na água Rosa .Ele soltou aquele braço decepado e assustado tentou achar a saída daquele lugar.
(O que teria feito aquilo ?)
A porta da sala estava trancada , ele foi até o quarto dos empregados. Trancado.

Ele arrombou a porta
(Deve ter uma chave aí dentro)

A porta se abriu e revelou um quarto escuro, ele ligou um interruptor.
No canto do quarto, estava um dos empregados, sentado no chão abraçando os joelhos.
- Se esconda. Se esconda.

Era a única coisa que ele dizia.

- O que houve aqui?
Marcus perguntou.

- Se esconda. se esconda. Eles ainda estão na casa. Xiu!! Não, não fala.

- Eles quem?

- Se esconda...

Marcus achou as chaves numa gaveta da cômoda, saiu daquele quarto e correu pra saída.

Entrando na sala, ele dar de cara com seu chefe..

Ele tinha um dos olhos faltando e o outro estava totalmente preto, as veias do pescoço pareciam saltar da pele uma parte do seu rosto estava de um roxo-cinza.

Ao ver Marcus, o homem despara na direção dele, que escorrega em uma orelha decepada no chão.

Marcus fecha os olhos e não vê o machado de bombeiro que corta o ar e se crava na testa do homem, o empregado arranca o machado da cabeça de seu antigo patrão e dar mais machadadas na cabeça do homem.

Ajuda Marcus à levantar, abre a porta, lhe entrega o machado , o encara e diz:

- Se esconda. é só o que pode fazer.

Deixa Marcus e some no meio do caos das Ruas do Rio.

Dias de ChuvaWhere stories live. Discover now