Águas-Vivas II

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Naquele dia o Sol não apareceu, uma camada de nuvens cinzas estedem-se sobre a cidade, a praça, o apartamento e o balcão da farmácia  — Nunca entendi... Esses sonhos repetidos, a minha vida vazia, sem pais, casa.Amigos.
Nada além da porta do orfanato; esperando por uma familia pustiça, um pai desconhecido e uma mãe sem olhos. Qual seria a cor do seu vestido?

Marcus está impaciente, esperando o troco, coloco o Valium dentro da sacola, passo o troco. Chega de devaneios.

Obrigado, tenha um bom dia.

Digo. Ele assente e sai tão rápido e frio como entrou.
Hoje é meu aniversário, penso. Será que Alguem se importa?
22 anos, aêêê parabéns pra mim.. Planos pra hoje? Vejamos? Dormir! Dormir e talvez sonhar.

Sobre meus sonhos. Bom, eles se repetem, sei que já disse isso mas é importante.
Alguns se repetem mais que outros e há coisas que fazem desses sonhos um mundo só meu.
O das Águas Vivas é um dos melhores.

"Estou de pé no infinito, embaixo dos meus pés, algo que lembra água, porem não afundo a superfície é bem firme. Acima da minha cabeça várias estrelas azuis. Nenhuma dessas constelações aparece no meu mundo acordada.

As estrelas são refletidas no chão, fazendo do céu e a terra apenas um.. Dar a sensação de estar flutuando.

Sento, olho as estrelas. Então elas aparecem ;as águas vivas, as mais lindas que já vi,  coloridas, azuis, verdes e Roxas.

Elas se espalham, são muitas. Eu deito, elas não fazem mal, na verdade não fazem nada. Ah não ser que você toque nelas..

Já comenti esse erro antes, e ela me levou pra outro sonho.
Elas são como portas de um sonho para o outro.

Depois disso elas se espalharam por todos os outros sonhos, menos no sonho da casa, tem outra coisa naquele sonho".

02:43 Am

"O deserto mais longo de todos, com montanhas que se erguem no horizonte, a areia que se espalha com o vento, erguendo uma camada de poeira e o céu com uma única nuvem "

Caminho no vazio, uma borboleta solitária vai diante de mim em uma trajetória aleatória.

Ela vai flutuando, deixando um pó rosa que sai de suas asas no ar. Enquanto ela espalha essa estranha essência, atrás de uma nuvem de poeira, vejo o vulto da casa. Tem uma mão na janela. É  o dono da voz que emana das paredes, tenho certeza.

No chão perto de mim, uma água viva laranja rasteja. Pego ela nos braços, ela explode e uma fumaça laranja me leva pra dentro da casa.

Hora de descobrir o rosto daquela voz.

Dias de ChuvaWhere stories live. Discover now