Vinter - Parte I

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  A lua era um borrão vista através da água do lago, as nuvens que escondiam as poucas estrelas eram como um desenho borrado de uma criança no jardim de infância. Mas nada disso importava mais para Evelyn, logo tudo isso ficaria para trás, tudo estaria congelado: a escola, as noites sozinha ouvindo os passos bêbados do pai e o grito da mãe diante de um soco — Esses foram os motivos que a levaram ao park central da cidade de WinterVille— São os mesmos motivos que a fazem afundar no rio gelado.

Evelyn saira pela janela naquela noite de inverno. A 5 dias neva sem parar e as ruas estão escorregadias , os carros sumiram debaixo da longa camada de neve que deixou a rua totalmente branca na madrugada.
Ela chega ao parque central, vai na direção do rio escondido no meio de algumas árvores ; um poste de iluminação que pisca uma vez ou outra ameaça apagar e um banco solitário são as únicas coisas que a observam.

A placa perto do rio diz "Lago congelado. Cuidado Gelo fino"

Evelyn ignora a placa e sai andando sobre o rio e a camada fina de gelo range debaixo dos seu pés. Ao chegar no meio ela salta e o gelo emite um leve ruído, então ela dar saltos violentos contra o gelo enquanto lágrimas e lembranças escorrem do rosto. O gelo finalmente se rompe e ela afunda no rio gelado.

A lua é um borrão no céu enquanto ela afunda e sente como se mil facas fossem perfurando seu corpo aos poucos, logo tudo estaria congelado.

O borrão do céu se tornou maior quando alguma coisa maior que ela também saltou dentro do rio, a visão da garota já falhava quando viu uma mão tocar-lhe o rosto. Então tudo sumiu naquela noite de Inverno.

Evelyn abre os olhos, sua roupa está encharcada — o estranho é que ela não sentis frio . O cabelo tem resquícios de gelo e no queixo uma pequena camada de neve que é tirada facilmente por ela.
Está deitada no banco embaixo do poste que apagou. Ela tenta juntar as ideias na cabeça quando repara no garoto de pé do seu lado observando o rio — O buraco feito pelo peso dela sumira e o gelo parecia intocado. Ela observou o garoto de cabelos negros e lisos, uma pele branca, olhos negros. O ar se tornou visível quando ele falou em uma voz leve e firme.

Qual é o seu problema garota?

Nenhum.

Ela disse olhando os dedos meio congelados — Porque não estava com frio?.

Então você só decidiu dar um mergulho numa linda noite de inverno, estou certo?

Olha...

Ela começou falar mas foi interrompida por ele que saiu andando , mãos no bolso do casaco azul marinho.

Será nosso segredinho. Se você me prometer que vai voltar pra casa agora.

Ela assentiu num gesto de cabeça.

Vem eu acompanho você.

Eu nem te conheço.

Alguém tem que garantir que você não fará nenhuma loucura mergulhadora.

Ela levantou e saiu andando em direção a praça que levava a seu bairro.
Ele a seguia alguns passos atrás.
As vezes ela olhava pra trás pra vê se ele ainda vinha junto com ela.
Ainda estava lá, parecia um fantasma na madrugada que apesar da neve e do vento leve que batia no rosto de Evylin, deixou de ser fria.
Ela parou próximo a casa e olhou pra ele.

Satisfeito?

Ele levantou uma sombrancelha pra ela e ela acrescentou.

Obrigado.

E foi em direção a casa.
Ao se afastar mais dele o frio de voltou e se tornou insuportável quando ela chegou a porta - Estava trancada, ela sabia.bEntraria pela janela outra vez-

Ivan!

Ele disse quando saiu andando.
Ela não olhou pra trás. Quando chegou no quarto olhou pela janela, ele sumiu no meio da noite depois da Esquina.


Dias de ChuvaWhere stories live. Discover now