Vinter - Parte II

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  O dia nasceu cinzento, pequenos flocos de neve caiam sobre as casas amontoadas da rua 52.
No café, Evylin se perde em pensamentos, quanto ao buraco no meio do rio que sumira. Quando acordou aquela manhã tinha a impressão de que tudo fora um sonho , impressão essa que se desfez quando ela entrou semi despida no banheiro e viu suas roupas ensopadas do da noite passada, jogadas perto da banheira.
Ela mexe o café sem pressa e nem repara no corte no lábio da mãe que prepara panquecas para o pai que ainda dorme e acordará em mais uma manhã de ressaca.
Nessa manhã apenas uma coisa se infiltra na cabeça da garota —Aquelas voz leve e firme; "Qual o seu problema?"

Ela termina o café e sai antes que o pai acorde; Lá fora as ruas continuam congeladas, ela leva um gorro amarelo por sobre o cabelo castanho, o casaco preto da mesma cor da calça e das botas formam um leve contraste com o cachecol vermelho listrado - Parecia uma aberração saída de um brechó de esquina.

Ela atravessa a rua e anda por entre as árvores brancas do park central, ao longe vê o lago, a placa e o banco vazio debaixo do poste.
Ela senta no banco e observa a cidade Branca se escondendo debaixo do céu cinza.

- Lembrou de ler a placa hoje?

A garota toma um susto leve ao ouvir a voz de Ivan.

- Você sai por aí assustando as pessoas sempre?

- Só quando elas sentam no meu banco predileto.

- O banco não é seu, garoto.

- Ivan.

Ele diz estendendo a mão branca.

- Eve.. Evylin.

Ela diz tocando um dos dedos dele, estava frio.

Os dois olham pro lago e Evylin para de sentir frio, colocou a mão no espaço do banco que os separam, estava muito frio.
Ele parecia não ser afetado pois tirara o casaco que cobria o suéter azul que usava por cima de uma camisa preta.
Ela olhou pra ele , ele sorriu e os dois ficaram calados.
Quando o silêncio se tornou insuportável ela levantou e disse .

- Tchau.

- Até. Ótimo falar com você.

Ele disse olhando o rio.

Quando ela voltou do cinema aquela noite, olhou para o banco e ele continuava sentado no mesmo lugar.
Ela despediu-se de algumas amigas da escola dizendo que ia caminhar um pouco.
E foi em direção ao banco que ficava debaixo do poste de iluminação que apagou quando ela se sentou.

Não disse nada, ele muito menos.
Depois de um tempo olhando as luzes dos prédios que apagavam disse.

- Boa noite.

Levantou, arrumou o gorro amarelo e saiu andando.

- Boa noite Eve.

Ela olhou pra trás e disse.

- É Evelyn.

Ele riu olhando fixamente pra algo no chão, mãos nos bolsos do casaco azul marinho.

Ela voltou para casa e ele continuou onde estava olhando o lago congelado.


Dias de ChuvaWhere stories live. Discover now