CAPÍTULO IX

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Eu estava na conhecida estrada de terra que levava a nenhum lugar em particular. Eu dirigia a moto o mais rápido possível, tentando desfrutar da sensação de liberdade. Estava nublado, mas quase seco — um dia muito bonito para Forks.

Me lembrei da noite do dia dos namorados, em que Jake levou a moto para minha casa, papai surtou e passou duas horas me dando um sermão sobre acidentes e mortes causadas por motos. Bella apenas desaprovou minha atitude, mas não disse nada — provavelmente ela estava animada internamente por ter a picape toda para ela.

Depois de estacionar, tirei da bolsa uma bússola e um mapa.

Quando estava razoavelmente segura de que seguia a linha certa na grade, parti para o bosque.

O bosque estava cheio de vida, todas as pequenas criaturas aproveitando o momentâneo tempo seco. De certo modo, porém, mesmo com os passarinhos piando e crocitando, os insetos zumbindo ruidosamente em volta de minha cabeça e a ocasional correria do camundongo silvestre pelos arbustos, o bosque parecia mais assustador; lembrou-me de meu pesadelo mais recente.

Instintivamente peguei a minha adaga e coloquei na cintura — a lembrança na sala de espelhos com James já não me assustava mais.

Agora eis o motivo para a minha súbita decisão de procurar pelo bosque que Edward e eu ficávamos; hoje eu acordei e percebi que já não me lembrava da cor dos seus olhos… fiquei meia hora sentada em minha cama apenas tentando me lembrar dele, até seu sorriso tinha sumido de minha mente.

Edward Cullen não existe… era isso que eu dizia para mim mesma nos últimos meses e essa frase estava se tornando real.

E isso me assustou.

Não percebi o quanto me movimentava com eficiência. Pensava ter coberto talvez uns seis quilômetros e ainda nem começara a olhar em volta.

 E então, tão de repente que me desorientou, passei por um arco baixo, formado por dois galhos de bordo — depois de empurrar as samambaias na altura do peito —, e estava na campina.

Era o mesmo lugar, disso eu tive certeza de imediato. Nunca vi outra clareira tão simétrica. Era perfeitamente redonda, como se alguém tivesse criado de propósito o círculo impecável, cortando as árvores sem deixar nenhuma prova dessa violência na relva ondulante. A leste, eu podia ouvir o riacho borbulhando baixinho.

O lugar não era nem de longe tão atordoante sem a luz do sol, mas ainda era lindo e sereno. Não era a estação das flores silvestres; o chão estava coberto de relva alta, que balançava na brisa leve como ondas em um lago.

Era o mesmo lugar... Mas não guardara o que eu estava procurando.

A decepção foi quase tão imediata quanto o reconhecimento. Desabei onde estava, ajoelhando-me ali na beira da clareira.

Que sentido tinha ir adiante? Nada ficou aqui. Não havia nada de especial naquele lugar sem ele. Não tinha certeza do que esperava sentir ali, mas a campina estava sem atmosfera, desprovida de tudo, exatamente como qualquer outro lugar. 

Nesse exato momento, uma figura saiu das árvores ao norte, a uns trinta passos de distância. Eu me coloquei de pé.

Uma gama vertiginosa de emoções passou por mim em um segundo. A primeira foi surpresa; eu estava muito longe da trilha e não esperava companhia. Em seguida veio o medo; reconheci os cabelos escuros, e à medida que meus olhos se focalizavam pude ver a pessoa que estava comigo.

– Laurent! – sussurrei.

– Kris? – perguntou ele, parecendo mais pasmo do que eu. – Não esperava vê-la aqui. – ele andou na minha direção, com uma expressão de quem se divertia.

crescent moon - Lua Nova Where stories live. Discover now