CAPÍTULO X

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SEMPRE QUE EU ABRIA OS OLHOS PARA A LUZ DA MANHÃ e percebia que sobrevivera a outra noite, era uma surpresa. Passada a surpresa, meu coração começava a disparar e a palma das mãos suava; eu não conseguia respirar até que me levantasse e checasse se Charlie e Bella também sobreviveram.

Eu sabia que eles estavam preocupados — vendo-me saltar a qualquer ruído alto, ou meu rosto de repente ficar lívido por nenhum motivo que eles pudessem distinguir. A preocupação devorava um buraco no meu estômago.

Eu estava impossível; na terça, instalei um sistema de alarme na casa.

Na quarta, fui ao posto de gasolina mais próximo e comprei um galão — queimar e dilacerar, Edward me disse uma vez.

Na quinta eu segui Isa durante o dia todo, e visitei Charlie umas três vezes em seu trabalho.

Na tarde de sexta feira eu estava exausta e mesmo assim passei a noite em claro esperando...

Eu queria ver o Jacob contar para ele sobre a minha situação atual, mas se fizesse isso arriscaria dar a Victoria e Laurent a oportunidade de me encontrar junto a ele. E eu não podia por mais alguém em perigo.

Uma semana havia passado e nenhum vampiro apareceu para mim. Uma semana era tempo mais do que suficiente para terem voltado, então eu não devia ser prioridade para eles. O mais provável, como concluíra antes, seria eles virem atrás de mim à noite.

Na manhã de domingo, quando eu seguia Charlie, de repente eu entendi.

Eu não estava prestando atenção na conhecida rua, deixando que o som do motor amortece-se meu cérebro e silenciasse as preocupações, quando meu subconsciente deu um veredicto que devia estar sendo forjado havia algum tempo sem que eu me desse conta.

Assim que pensei a respeito, senti-me uma completa idiota por não ter entendido antes. É claro que havia muita coisa na minha cabeça — vampiros obcecados com vingança, um buraco dilacerado no meio do meu peito que estava cicatrizando —, mas, quando segui as evidências, ficou constrangedoramente óbvio.

Meu Deus, eu sabia exatamente o que estava acontecendo com Jacob.

Jacob me evitando…. As respostas vagas e inúteis de Billy...

Dirigi até La Push decidida a esperar. Se fosse necessário, ficaria sentada na frente da casa dele a noite inteira. Eu ia faltar à aula na manhã seguinte. Em algum momento Jake ia ter de falar comigo.

Eu estava tão preocupada que a viagem que me apavorava pareceu durar só alguns segundos. Antes que me desse conta, o bosque começou a ficar mais esparso e eu sabia que logo veria as primeiras casinhas da reserva.

Seguindo a pé, pelo acostamento esquerdo da estrada, havia um menino alto, com um boné de beisebol.

Minha respiração parou por um momento na garganta, na esperança de que dessa vez a sorte estivesse comigo e eu encontrasse Jacob sem precisar me esforçar. Mas o menino era largo demais e o cabelo sob o boné era curto. Mesmo de costas, tive certeza de que era Quil, embora ele parecesse maior do que da última vez que o vira. Será que ele seria o próximo?

Passei para a contramão a fim de parar perto dele. Ele olhou quando minha moto se aproximou.

A expressão de Quil me assustou mais do que me surpreendeu. Seu rosto era triste, pensativo.

– Ah, oi, Kris – ele me cumprimentou, de um jeito apático.

– Oi, Quil... Está tudo bem?

Ele me fitou de mau humor.

– Tudo.

– Quer uma carona para algum lugar? – ofereci.

– Claro, acho que sim – murmurou. Ele se arrastou para trás da moto e o ouvi sentar atrás de mim. 

crescent moon - Lua Nova Where stories live. Discover now