CAPÍTULO FINAL

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TIVE A SENSAÇÃO DE QUE DORMI POR MUITO TEMPO - meu corpo estava rígido, como se eu não tivesse me mexido nem uma vez em todo esse intervalo. Minha mente estava confusa e lenta; sonhos estranhos e coloridos - sonhos e pesadelos - giravam de forma vertiginosa em minha cabeça.

Eram muito nítidos.

O terrível e o celestial, todos misturados numa confusão bizarra. Havia impaciência e medo profundos, ambos parte daquele sonho frustrante em que seus pés não se movem rápido o suficiente... E havia muitos monstros, demônios de olhos vermelhos que eram ainda mais medonhos devido a sua cortês civilidade. O sonho ainda permanecia - podia até me lembrar dos nomes.

Esse sonho não queria ser afugentado para o cofre de sonhos que eu me recusava a revisitar. Lutei contra ele enquanto minha mente ficava mais alerta, concentrando-se na realidade. Não conseguia lembrar que dia da semana era, mas tinha certeza de que La Push, a escola, o trabalho ou outra coisa esperavam por mim. Respirei fundo, imaginando como enfrentar mais um dia.

Algo frio tocou minha testa com a mais suave pressão. Fechei meus olhos ainda mais apertados.

Pelo visto eu ainda estava sonhando, e parecia anormalmente real.

Precisei de cinco longos minutos para criar a coragem de abrir os meus olhos; e Edward estava ali, seu rosto a centímetros do meu.

- Eu a assustei? - Sua voz baixa era ansiosa.

Pisquei duas vezes, tentando entender o que estava acontecendo aqui.

- Que horas são? Quanto tempo fiquei dormindo?

- Agora é só uma da manhã. Então, umas catorze horas.

Eu me espreguicei enquanto ele falava. Estava muito rígida.

- Charlie? - perguntei.

Edward franziu a testa.

- Dormindo. Você deve saber que estou quebrando as regras agora. Bem, não tecnicamente, uma vez que ele disse que eu nunca voltaria a passar pela porta, e eu entrei pela janela... Mas, ainda assim, a intenção foi clara.

- Charlie proibiu sua entrada aqui em casa?

- Esperava outra reação?

- Na verdade, não. - o encarei brevemente - Qual é a história? - perguntei, genuinamente curiosa.

- O que quer dizer?

- O que vou dizer a Charlie? Qual será a desculpa para ter desaparecido por... Quanto tempo fiquei fora, aliás? - Tentei contar as horas mentalmente.

- Só três dias. - Seus olhos se apertaram, e ele sorriu. - Na verdade, eu estava esperando que você tivesse uma boa explicação. Não tenho nenhuma.

- Ótimo.

- Bom, talvez Alice pense em algo - propôs ele, tentando me reconfortar.

Eu me remexi na cama.

- É... talvez.

Edward hesitou; o rosto cintilando com o estranho brilho verde da luz do despertador, estava dilacerado.

- Eu... - Ele respirou fundo. - Devo-lhe desculpas. Não, é claro que lhe devo muito, muito mais do que isso. Mas você precisa saber... - As palavras começaram a fluir tão rápido, como eu lembrava que ele falava às vezes, quando estava agitado, que tive de me concentrar para assimilar todas elas. -, Precisa saber que eu não fazia a menor ideia. Não percebi a confusão que estava deixando para trás. Pensei que aqui fosse seguro para você. Muito seguro. Não fazia ideia de que Victoria - Seus lábios se retraíram quando ele disse o nome - voltaria. Devo admitir que quando a vi daquela vez prestei muito mais atenção aos pensamentos de James. Mas não vi que ela podia ter esse tipo de reação. Tampouco que ela tivesse tamanho vínculo com ele. Acho que agora percebo por que... Ela estava tão confiante com relação a James que nunca lhe ocorreu a ideia de ele falhar. Foi o excesso de confiança que encobriu os sentimentos dela por ele... Isso me impediu de ver a intensidade entre os dois, o vínculo que existia ali.

crescent moon - Lua Nova Where stories live. Discover now