CAPÍTULO XVIII

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ESTÁVAMOS NUM CORREDOR NADA EXTRAORDINÁRIO, bem iluminado. As paredes eram quase brancas, o chão acarpetado de um cinza industrial. 

Lâmpadas fluorescentes retangulares e comuns espaçavam-se uniformemente pelo teto. Estava mais quente ali, e fiquei grata por isso. O corredor parecia muito agradável depois da escuridão dos horripilantes esgotos de pedra.

Edward não parecia concordar com minha avaliação. Olhava sombriamente o longo corredor, na direção da figura magra e escura no final, parada perto de um elevador.

Ele me puxou consigo, e Alice seguiu ao meu lado. A porta pesada se fechou rangendo atrás de nós, depois houve o baque de uma tranca sendo posta no lugar.

Jane esperava junto ao elevador, com uma das mãos mantendo as portas abertas para nós. Sua expressão era apática.

Dentro do elevador, os três vampiros que pertenciam aos Volturi relaxaram ainda mais. Jogaram os mantos, deixando que o capuz caísse nos ombros. Félix e Demetri tinham a pele meio azeitonada — era estranha, combinada com a palidez de giz. O cabelo preto de Félix era curto, mas o de Demetri caía em ondas até os ombros. As íris eram de um vermelho-escuro nas bordas, escurecendo até que ficavam pretas em volta da pupila. Sob os mantos, as roupas eram modernas, claras e indefiníveis. 

O elevador fez uma viagem curta; saímos no que parecia a elegante recepção de uma empresa. As paredes eram revestidas de madeira, o piso com um carpete grosso, verde-escuro. Não havia janelas, mas pinturas grandes e muito iluminadas do interior da Toscana penduradas em toda parte as substituíam. Sofás de couro claro estavam arrumados em grupos aconchegantes e as mesas reluzentes tinham vasos de cristal cheios de buquês de cores vibrantes. O cheiro das flores me lembrou um velório.

No centro da sala havia um balcão de mogno encerado. Olhei pasma a mulher atrás dele.

Ela era alta, de pele morena e olhos verdes. Seria muito bonita em qualquer outra companhia — mas não naquela. Porque era tão humana quanto eu. Não consegui compreender o que aquela humana estava fazendo ali, totalmente à vontade, cercada de vampiros.

Ela deu um sorriso de boas-vindas educado.

– Boa tarde, Jane – disse. Não houve surpresa em seu rosto quando ela olhou para quem acompanhava Jane. 

– Gianna. – Ela seguiu para um grupo de portas duplas nos fundos da sala, e nós fomos atrás.

Do outro lado das portas de madeira havia um tipo de recepção diferente. O rapaz pálido de terno cinza pérola podia muito bem ser gêmeo de Jane. Seu cabelo era mais escuro e os lábios não eram tão cheios, mas era tão lindo quanto. Ele veio nos receber. 

Sorriu, estendendo a mão.

– Jane.

– Alec – respondeu ela, abraçando o rapaz. Eles se beijaram no rosto. Depois ele olhou para nós.

E eu me lembrei do meu sonho, da garota sussurrando o nome dele; tentei manter a minha expressão neutra, mas algo no olhar de Alec me disse que não consegui.

– Mandaram-na pegar um e você voltou com dois... e meio – observou ele, olhando para mim. – Bom trabalho.

Ela riu. O som era vivo de prazer.

– Bem-vindo de volta, Edward – Alec o cumprimentou. – Você parece estar com o humor melhor hoje.

– Um pouco – concordou Edward num tom monótono.

Olhei sua expressão dura e me perguntei como seu humor poderia ter estado mais sombrio antes.

Alec riu e me examinou; eu sustentei seu olhar me perguntando se estava o desafiando com essa atitude.

crescent moon - Lua Nova Where stories live. Discover now