CAPÍTULO XVI

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CHEGAMOS AO NOSSO VOO COM SEGUNDOS DE FOLGA, e então a tortura começou. 

O avião permaneceu na pista enquanto as comissárias de bordo andavam — com muita despreocupação — de um lado a outro do corredor, dando tapinhas nas malas no compartimento no alto para se assegurar de que estava tudo ajustado. Os pilotos inclinaram-se para fora da cabine, conversando com elas quando passaram. A mão de Alice era dura em meu ombro, segurando-me em meu lugar enquanto eu quicava ansiosa na poltrona.

– É mais rápido do que correr – lembrou-me ela numa voz baixa.

Eu só assenti no ritmo de meu balanço.

Enfim o avião saiu preguiçosamente do portão, ganhando velocidade com uma constância gradual que me torturou ainda mais. Eu esperava algum tipo de alívio quando chegamos à decolagem, mas minha impaciência não se atenuou.

Alice ergueu o telefone nas costas da poltrona da frente antes que terminássemos de subir, dando as costas para as comissárias que a olhavam com reprovação. Algo na expressão dela impediu que as comissárias de bordo viessem protestar.

Tentei não sintonizar no que Alice murmurava com Jasper; eu não queria ouvir as palavras de novo, mas parte delas escapou.

– Não tenho certeza, eu continuo vendo-o fazer coisas diferentes, ele fica mudando de ideia... Uma matança pela cidade, atacando a guarda. Levantando um carro no alto na praça principal... Principalmente atitudes que os exporiam... Ele conhece a forma mais rápida de forçar uma reação... Não, você não pode. – a voz de Alice diminuiu até que ficou quase inaudível, embora eu estivesse sentada a centímetros dela. – Diga a Emmett que não... Bom, vá atrás de Emmett e de Rosalie e traga-os de volta... Pense nisso, Jasper. Se ele vir qualquer um de nós, o que acha que vai fazer?

Ela assentiu.

– Exatamente. Acho que Kris é a única chance... Se houver uma chance... Vou fazer tudo o que puder, mas prepare Carlisle; as probabilidades não são boas.

Ela então riu e houve um embaraço na voz dela.

– Pensei nisso... Sim, prometo. – Sua voz ficou suplicante. – Não venha atrás de mim. Eu prometo, Jasper. De uma forma ou de outra, vou sair... E eu te amo.

Ela desligou, recostando-se na poltrona de olhos fechados.

– Odeio mentir para ele.

– Me diga uma coisa, Alice – pedi. – Eu não entendi. Por que você disse a Jasper para impedir Emmett, por que eles não podem nos ajudar?

– Por dois motivos – sussurrou ela de olhos ainda fechados. – O primeiro eu disse a ele. Nós poderíamos impedir Edward sozinhos... Se Emmett conseguisse pôr as mãos nele, poderíamos detê-lo por tempo suficiente para convencê-lo de que você está viva. Mas não podemos nos aproximar sorrateiramente de Edward. E se ele pressentir nossa aproximação, vai agir muito mais rápido. Vai atirar um Buick num muro ou coisa assim, e os Volturi o pegarão. E, então, vem o segundo motivo, o motivo que não pude dizer a Jasper. Porque, se eles estiverem lá, e os Volturi matarem Edward, eles vão lutar, Kris.

Ela abriu os olhos e me fitou, suplicante.

– Se houvesse alguma possibilidade de vencermos... Se houvesse um modo de um de nós quatro salvar meu irmão lutando junto com ele, talvez fosse diferente. Mas não podemos, e, Kris, eu não posso perder Jasper desse jeito.

Percebi por que seus olhos suplicavam por minha compreensão. Ela estava protegendo Jasper, a nossa custa e talvez à custa de Edward também. Eu entendi e não pensei mal dela.

– Mas Edward não poderia ouvir você? – perguntei. – Ele não saberia, assim que ouvisse seus pensamentos, que eu estava viva, que não havia sentido nenhum nisso?

crescent moon - Lua Nova Where stories live. Discover now