CAPÍTULO XI

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Quando cheguei em casa decidi tomar um banho porque eu estava fria demais, mas a água quente não pareceu afetar a temperatura de minha pele. Ainda estava congelando quando desisti e fechei a água.

Vesti o pijama e deitei-me na cama, minha cabeça girando. Estava confusa demais, cansada demais.

 Fechei os olhos, tentando encontrar sentido naquilo, só para ser tragada pela inconsciência com uma rapidez tal que me desorientou.

Não foi o sono tranquilo e sem sonhos pelo qual eu ansiava — é claro que não. Eu estava no bosque e comecei a andar, como sempre fazia.

Na verdade, aquele não era o bosque que eu estava acostumada. O cheiro e a luz também eram diferentes. Não tinha o cheiro da terra molhada do bosque, mas da maresia. Eu não conseguia ver o céu; ainda assim, parecia que o sol devia estar brilhando — as folhas no alto eram de um verde-jade cintilante.

Aquela era a floresta em volta de La Push — perto da praia, eu tinha certeza disso. Sabia que, se encontrasse a praia, poderia ver o sol, então corri para a frente, seguindo o som fraco das ondas ao longe.

E então Jacob estava ali. Ele pegou minha mão, puxando-me de volta para a parte mais escura da floresta.

“Jacob, qual é o problema?”, perguntei. Seu rosto era o de um garoto assustado, e o cabelo estava lindo de novo, balançando num rabo-de-cavalo na nuca. Ele me puxava com toda a força, mas eu resistia; não queria ir para o escuro.

“Corra! Kris, você tem que correr!”, sussurrou ele, apavorado.

A onda repentina de déjà vu foi tão forte que quase me acordou.

Nesse momento eu soube por que tinha reconhecido aquele lugar. Era porque eu estivera ali antes, em outro sonho. Um milhão de anos antes, parte de uma vida inteiramente diferente. Aquele era o sonho que tive na noite depois de andar com Jacob pela praia, na noite em que soube que Edward era um vampiro. 

Agora distanciada do sonho, esperei que ele se desenrolasse. Uma luz vinha da praia em minha direção. Em um instante, Edward passaria pelas árvores, a pele com um brilho discreto e os olhos negros e perigosos. Ele acenaria para mim e sorriria. 

Mas eu estava me antecipando. Tinha de acontecer outra coisa primeiro.

Jacob largou minha mão e gritou. Tremendo e se retorcendo, ele caiu no chão a meus pés.

“Jacob!”, gritei, mas ele se foi.

Em seu lugar havia um imenso lobo castanho-avermelhado, com olhos escuros e inteligentes.

Acordei assustada, eu precisava conversar com Jake, precisava tirar essa história a limpo.

Olhei o relógio — era cedo demais, e eu não me importava. Precisava ir a La Push logo.

Eu só sairia dali quando visse Jacob novamente e nem Sam e seu bando me impediriam disso.

Peguei as primeiras roupas limpas que encontrei, sem me dar ao trabalho de ver se combinavam, e desci os degraus de dois em dois. Quase esbarrei em Charlie quando escorreguei até o corredor, indo para a porta.

– Aonde você vai? – perguntou ele, tão surpreso em me ver quanto eu em vê-lo. – Sabe que horas são?

– Sei. Preciso ir ver Jacob.

– É cedo demais. Não quer tomar o café?

– Não estou com fome. – as palavras voaram para fora de meus lábios. Ele estava bloqueando minha saída. Pensei em contorná-lo e correr, mas sabia que teria de explicar isso mais tarde. – Volto logo, está bem?

crescent moon - Lua Nova Where stories live. Discover now