Capítulo 24

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Luiza Catarina

-O que você quer, Luiza? - Matias fala impaciente.

-Quero a porra da verdade completa.

-Disse que não confia em ninguém e agora quer a verdade? - Fernando debocha, pegando a taça, mas eu a tomo dele antes e bebo o líquido, descobrindo que é um vinho.

-Se não me falar, vou descobrir de outro jeito, meu bem. - Debocho, olhando nos seus olhos.

Fernando está sério, mas vejo um brilho estranho em seus olhos. Ele parece estar amando tudo isso, e acredite, eu também estou.

-Gosto de você, Luiza, é inteligente, mas agora está sendo muito burra. - Matias.

-Burra porque? Porque eu estou querendo saber a verdade? Quando tudo acabar, se o Fernando não me matar, eu me mato. - Quando falo, vejo todos fazerem uma cara de surpresa e tristeza ao mesmo tempo, menos Fernando, que passa a mão entre o vão do seu nariz e seus lábios. Ele está visivelmente tenso. - Claro, se eu não morrer antes.

-Luiza, ninguém aqui vai te matar! - Gregory fala nervoso.

-Então, eu mesma faço!

-Eu nunca vou deixar você se matar, Luiza! - Fernando fala.

-Acho que já cumpri a promessa. Quero as informações, e o resto deixe comigo que eu me viro!

-Luiza! - Gregory tenta me repreender.

-Bom, vou descansar, mas amanhã quero todos os documentos. - Chego perto do Fernando, devolvendo a taça e falando. - Eu gosto de provas; suas falas não valem nada para mim, não mais! - Saio do local indo para minha casa novamente.

"Que os jogos comecem!"

Pego outro Uber e vou para minha casa. Quando chego, vejo um homem estranho parado lá.

Pago o Uber e desço na esperança de que esse homem fosse coisa da minha imaginação, mas não, ele chega perto.

-Luiza? - Ele tira o capuz, me olha, mas não reconheço.

-Quem é você?

-Isso não importa, dona Fabiana me mandou aqui. Ela me pediu para entregar isso a você. - Ele me entrega uma pasta e sai.

Entro correndo em casa, a curiosidade está me matando. Sento no sofá e abro a pasta, dando de cara com uma foto do meu pai com o Fernando e o César juntos.

Eles estavam conversando sobre algo aparentemente bem feliz e tem uma data.

13/05/2014

Dias antes da morte do meu pai. Ele não parecia estar assustado nessa foto, ele sorria, o César sorria e o Fernando sorria também. Fico alguns segundos admirando o sorriso que mais me faz falta e passo a página.

Nessa outra foto, tem o Fernando mexendo em algumas cordas de alguma carga, mas não dá para ver a cor da cabine da carreta.

14/05/2014

Já na outra página, tem uma visão perfeita de qual cabine ele estava mexendo; não era a que meu pai morreu. Fico olhando a imagem e no fundo dela vejo meu pai ajudando o Fernando a cortar.

14/05/2014

-Que porra é essa? Nada faz sentido!

Virando a página, há uma foto minha sentada em uma cadeira junto com meu pai. A gente tinha ido fazer uma trilha e quando voltamos, eu me joguei em cima de um banco de madeira que tinha na entrada da trilha.

15/05/2014

Quanto mais perto da data da morte, mais nervosa eu fico e mais assustada também. Na outra página do portfólio, há um documento. O laudo médico do meu pai, minha falsa mãe nunca deixou eu ver, e foi justamente por isso que comecei a investigar.

No laudo diz que foi envenenamento... Como assim? O Fernando sabe disso e não me contou? Todo mundo sempre soube, menos eu?

Se ele foi envenenado, porque me disseram que ele foi esmagado?

Não me deixaram ir no enterro do meu pai porque, segundo a minha na época mãe, falou que eu não seria forte o suficiente para isso...

Passo mais uma página e vejo uma foto do enterro do meu pai. Todos estavam!

Todo mundo da minha família estava, os vizinhos, minha mãe falsa, minha progenitora, o César, a Fabiana e o Fernando...

-Todo mundo foi, menos eu!

De uma coisa eu sei: quem matou o meu pai está nessa foto. O pior é que todos os suspeitos estão aqui; Fernando e César estão estáticos como se fossem uma estátua. Continuo analisando a foto; no fundo, tem uma mulher que não conheço e um homem que não me é estranho, mas agora não me recordo quem é.

-Todos sabiam, e mesmo assim, mentiram para mim...

Vejo que depois da foto do enterro não tem mais nada, além de um cartão com um número e um nome. James.

Pego o cartão e salvo o número no meu celular; algo me diz que vou precisar.

-Logo logo a minha falsa mãe vai voltar, tenho que esconder isso em algum lugar. - Olho ao redor e não consigo pensar onde eu escondo.

Entro ainda mais dentro da casa e lembro que o meu pai tinha mania de esconder dinheiro de ladrões em um pequeno buraco que tinha na cama. Não dava para sentir, muito menos perceber.

Corro e escondo o portfólio. Decido tomar um banho; já tinha tomado quando saí do hospital, mas ainda assim me sinto suja.

Debaixo do chuveiro, sinto uma vontade grande de chorar, mas o incrível é que as lágrimas não querem vir. Saio do banheiro e vou para o quarto; me deito na cama e rolo de um lado para o outro, e o sono não vem.

Pego meu celular e ligo para a Bia. Sei que ela vai me ajudar.

-Oi, minha putinha de esquina. - Ela fala assim que atende.

-Minha burrinha favorita, precisamos conversar...

-Mande, que eu aguento. - Escuto ela bater no peito.

-Sabe quando você está no fundo do poço e quer encontrar a luz, mas quanto mais você tenta, mais escuro fica?

-É sobre o seu pai?

-Sim... Quando eu penso que pode acabar, o poço me afunda mais.

-Olha, já tentou chamar um detetive particular pra te ajudar?

-Amiga, tem pessoas poderosas no meio; ninguém em sua sã consciência iria se meter em um lugar assim.

-Mas a maluca da minha melhor amiga tá se metendo, né?!

-Sua amiga está completamente fudida, nem se preocupe. - Ela sorri.

-Se quiser, eu te ajudo... - Corto ela.

-Nem vem, você não vai se meter no meio!

-Meu pai faz parte desses homens poderosos, e eu sei que ele vai me ajudar se der ruim. - Tenho um lapso de memória.

-O homem da foto... - Murmuro, me levando e indo pegar a foto. - Amiga, te amo, tchau, beijos.

-Tchau, se cuida, viu. - Ela fala, e eu desligo.

Pego o portfólio e olho a foto. O homem é o pai da Bia; como não tinha reconhecido ele? Ele sempre me tratou bem, mas a mãe da Bia nunca gostava de quando eu e ele estávamos juntos; pensei que poderia ser ciúmes, mas agora não parece mais ser isso...

Quanto mais procuro, mais confuso fica.

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Pode conter erros ortográficos

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