VOCÊ PERTENCE A MIM

Capítulo 33

Luiza Catarina

-É uma espécie de relatório. - Ele fala no momento em que abrimos o envelope.

"O senhor Venes Luigi Colucci foi encontrado em estado de óbito dentro de seu veículo de trabalho. A primeira hipótese foi algum problema no veículo que logo foi descartada pelo bom estado em que se encontrava. A segunda foi algum problema em seu corpo, como uma parada cardíaca, mas também foi descartada depois de acharem uma quantidade de chumbinho em seu estômago."

Leio em silêncio. Esse foi o relato da médica legista que cuidou do corpo do meu pai.

-Chumbinho... Isso tem cara de mulher! - Fernando fala, e eu olho indignada para ele.

-Resolveu ser machista agora? - Ele dá um sorriso e um selinho.

Volto para o envelope passando a folha. Essa mostra o laudo médico que eu já havia visto por causa da irmã do Fernando.

"Por que a irmã do Fernando queria que eu tivesse o laudo médico? James!"-Lembro do nome.

- Fernando, vou tomar um ar. Ainda é um assunto delicado para mim. - Falo, e ele me encara preocupado.

- Quer que eu vá com você?

- Não, eu vou sozinha. Preciso desse momento. - Digo, levantando-me.

Quando saio da casa, vou direto pegar meu celular. Preciso saber o que o James precisa me dizer.

- Alô? - Ele fala assim que atende.

- Oi, a Fabiana me deu seu número.

- Ah, sim. Então não confie em ninguém, nem mesmo no Fernando! Você pode confiar no Gregory e no Matias; eles te defenderam quando fizeram a reunião.

- Que reunião? - Pergunto confusa.

- A reunião do conselho! Você acha mesmo que Fernando não mente para você? - Ele pergunta com uma risada no final.

- Todos mentem, não é mesmo?! - Digo.

- O seu querido Fernando não te defendeu no conselho, uma pena. - Ele debocha.

- O que é esse conselho?

- Existem muitas empresas que fazem negócios em comum; os donos das empresas se juntam no conselho. O conselho decide quem vive, quem morre. Não quero te assustar, mas seu nome está na lista, e em alguns dias, sua sentença chega.

- Como eu me livro do conselho? - Pergunto.

- Não se livra. Seu pai foi julgado culpado pelos membros mais antigos do conselho, ou seja, não foi um assassino; foram vários. A maioria dos suspeitos são, sim, os assassinos.

- O que você ganha me ajudando?

- Quero entrar no conselho, e para isso, preciso que os representantes sejam... - Ele pensa. - Mortos!

- E o que eu tenho no meio disso?

- Você vai matar todos eles! Principalmente quando descobrir o que vou te falar agora.

- Então fala! - Digo sem paciência.

- Eles mataram seu pai porque ele era fraco.

- Como assim fraco? - Escuto uma risada.

- Ele não tinha seguranças armados; ele nunca matou ninguém. E digamos que ele tenha uma pirralha que alguns lá dentro queriam morta.

- Por que me queriam morta?

- Você é filha da tal mulher que é odiada no mundo inteiro! Espero que faça ela sofrer muito, sabe por quê?

- Não, eu não sei!