Capítulo 29

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Luiza Catarina

Termino de me arrumar, me analisando no espelho. Estou com um vestido preto básico e um salto também preto simples.

Pego minha bolsa e saio do quarto, dando de cara com o Fernando. Eu sabia que ele iria, mas não imaginei que viria me buscar.

Ele está com um terno que é até simples perto daqueles que ele usa, mas não deixa de ficar perfeito nele.

-Limpa aqui, tá escorrendo, meu bem. -Ele diz sorrindo enquanto passa o polegar no canto da boca.

-Cala a boca, seu idiota.

-Vamos. -Ele pega minha mão e sai puxando de casa.

Quando entramos no carro, ele me olha pensativo.

-Você está tão linda. Me sinto um adolescente apaixonado e com muita tesão acumula... -Corto ele.

-Ta bom, Fernando, eu acredito! -Digo, e ele sorri. -Obrigada. -Agradeço, e seu sorriso aumenta, parece até que ganhou um prêmio.

-Por nada. -Fala, e ficamos em silêncio uma grande parte do percurso.

Esse silêncio está sufocante. Sinto que tenho que falar com ele sobre os sonhos, mas não quero falar sobre isso agora, não parece o momento.

-Fernando? -Chamo ele. -Posso fazer uma pergunta?

-Pode... -Responde meio desconfiado.

-Se lembra de mim? Quando eu era mais nova que você foi na minha casa e... -Ele me interrompe.

-E você atrapalhou a conversa? Sim, eu lembro, mas quem diria que aquela menininha do papai faria maravilhas dentro do meu quarto quando ficasse mais velha. -Sorri com malícia, parando no sinal vermelho e logo me encarando.

-Pensei que não lembrasse, até porque você nunca comentou nada sobre antes.

-Eu lembro sim. -Ele diz voltando a prestar atenção no volante.

-Você me olhou diferente...

-Diferente como? -Ele pergunta confuso.

-Agora você me olha de um jeito, e antes de outro. Ah, sei lá, esquece isso.

-Acho que eu entendi o que você quer falar. Eu olhava pra você de maneira diferente porque eu não queria transar com você quando era uma criança. Isso é coisa de doente. -Ele pega a minha mão e beija. -Talvez, só talvez, eu não queira só transar de vez em quando com você. -Ele coloca minha mão na minha coxa novamente.

- Já vi declarações melhores, meu bem. - Falo, e ele deixa um pequeno sorriso.

- Quer que eu faça algo mais elaborado? Posso fazer onde você quiser.

- Você daria um ótimo cachorrinho. - Debocho.

- Isso é um pedido? - Ele estaciona o carro no salão onde o evento vai acontecer. Ele se vira, me olhando. - Se for, eu aceito. - Diz e logo descemos.

Logo de cara, é visível que o lugar está muito bem decorado. Esse povo rico que não tem com o que gastar aí faz uma cerimônia de formatura virar uma gigantesca festa.

Eu não quis fazer festa de formatura nem nada do tipo. Porque a pessoa que eu mais queria que estivesse não estava, mas meus amigos ainda sim fizeram uma festinha para mim. Foi algo bem íntimo, mas foi muito divertido.

Quando entramos desde cara com a mãe da Bia esbanjando seu vestido que, com certeza, custou um rim. Eu gosto muito da mãe da Bia, mas às vezes sinto que ela tenta ser melhor do que a filha. No aniversário da própria filha, ela fez questão de se vestir com uma roupa totalmente chamativa, acredito eu, na intenção de roubar a cena para ela.

VOCÊ PERTENCE A MIMWhere stories live. Discover now