Capítulo 3 | Pistas

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Uma risada alta tomou conta do lugar silencioso de minutos atrás.

Amélia chegou a lagrimar de tanto que ria. Esperei seu "ataque de riso" passar, para então falar:

— Qual a graça?

— Você, oras. — Ela limpava o canto dos olhos recuperando-se. — Sage suspeito. Está ficando louca é? Daqui a pouco me põe nessa lista também.

— Lógico que nunca te colocaria. — A fitei para que visse isso em meus olhos. — Mas pense comigo, Sage sumiu no momento que Anika também sumiu. Meio suspeito, não acha?

Lembro que fui atrás de Amélia para que ela me ajudasse a procurar Anika, ela havia reclamado que Sage estava demorando muito no banheiro. Na hora aquilo nem teve importância para mim, mas agora, depois de pensar em tudo com clareza, posso apostar que ele não estava naquele banheiro.

— Ele foi ao banheiro! Isso o torna culpado? — ela esbravejou abrindo os abraços. Estava brava, não precisava lhe conhecer a fundo para saber disso.

— Não, Amélia, claro que não — expliquei tentando manter o nível de voz moderado. Não queria que minha mãe nos ouvisse. — Não estou dizendo que ele é culpado, apenas suspeito por seu sumiço repentino. Você mesma afirmou que ele estava demorando muito para sair de lá.

Então sua expressão mudou um pouco, foi de brava para complacente. Tinha chego em um ponto importante.

— Sim, ele estava demorando mesmo, mas isso não quer dizer nada. — Sua voz firme mostrava o quanto confiava nele. Mas notei um resquício de dúvida no fim.

— Não, não quer. Só estou tentando juntar as peças, eliminar suspeitos. Entende? Sei que Sage é inocente, mas só quero entender o que houve para ele demorar tanto.

Amélia respirou fundo coçando o alto da cabeça, depois me olhou como se estivesse escondendo algo.

— O que foi? Lembrou de algo? — indaguei curiosa.

— Sim. — Ela cruzou as mãos sobre a mesa. — Depois que voltei para festa, quando você decidiu se embrenhar por aquela mata, fui até o banheiro. Não havia ninguém lá, pensei que Sage já tivesse saído. Então o vi descer as escadas, perguntei onde estava e ele respondeu que havia ido ao banheiro.

Seus olhos não me fitaram, estavam presos a mesa.

— Mas eu podia jurar que ele tinha ido na direção do banheiro que fica no térreo e não o do primeiro andar. Isso não quer dizer nada, né? — disse por fim me fitando.

Por um segundo não soube o que responder, eram evidências contra demais. Mas era Sage, o garoto que conhecíamos há anos, o namorado da minha melhor amiga, nosso amigo também.

— Claro que não, você estava um pouco alta. Pode ter ouvido errado — consegui dizer, só esperava não ter demorado tempo demais. Ela não precisava saber que minha desconfiança tinha duplicado depois do que ela havia dito.

— Certo. — Ajeitou os cabelos atrás das orelhas e virou-se totalmente para mim. — O que faremos agora? Falo com o Sage?

— Não — neguei rapidamente. — Precisamos ir com calma, sinto que essa lista — apontei para o bloco — só irá aumentar. Precisamos investigar.

— Ficou louca Amber? Se a polícia descobre podem suspeitar da gente. Ai meu Deus, não quero ser presa. — Esses dramas sem sentidos de Amélia me irritavam. Sempre que ficava acuada ou amedrontada fazia esse tipo de cena. Anika odiava leva-lá quando saíamos da escola em horário de aula. Por muitas vezes quase éramos pegas, porque Amélia inventava de ser uma boa moça, justo na hora da fuga.

SEGREDOS SUBMERSOS - REVISANDOWhere stories live. Discover now