Capítulo Bônus - Paranoia

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Narrado por Sage

Tentava pela décima vez terminar de ler uma lenda urbana sobre a cidade, era um caso sobre uma garota japonesa que morou  há 50 anos  em Olians. Mais uma lenda urbana.

Eu simplesmente amo creepypasta. É como minha canção de ninar antes de dormir.

Uma batida na porta de meu quarto me fez dissipar da história mais uma vez, bufei falando um "entre".

Minha tia abriu a porta, na mão esquerda tinha um copo de leite e nos lábios um sorriso maternal.

— Imaginei que ainda estivesse acordado então lhe trouxe leite morno com canela. – Ela depositou o copo na mesa ao meu lado.

— Obrigada tia, realmente estou com um pouco de fome. – Dei um gole grande e a fitei, ela parecia querer me falar mais alguma coisa. – O que foi?

— É só que... – Pausou, sentando-se em minha cama. Virei a cadeira ficando de frente para ela.

— Só quê?

— Seu avô está muito doente querido, você precisa vê-lo. – E lá vinha aquela história de novo.

Virei-me de costas para ela e encarei a tela do computador.

Meu avô. Aquele que eu só tinha visto por fotografias e não tinha sentimentos algum.

Por que eu atravessaria meio mundo para vê-lo? Não conseguia ver sentido nisso tudo.

— Eu sei que deve ser difícil para você, – senti suas mãos apertando de leve meu ombro – mas ele também é sua família e quer lhe ver. Não negue isso a ele.

— Agora não dá tia, não ainda. Não consigo. Saber o que ele faz só me faz ter nojo dele. De todos. – Fechei com força minhas mãos até sentir as unhas ferirem minha pele.

— Tá certo. Só espero que depois não se arrependa. – Ela disse se aproximando da porta. – Boa noite, querido.

— Boa noite. – Falei e ela saiu.

Só então pude relaxar meu corpo e soltar o ar que estava prendendo. Como queria apagar essa parte da minha vida, como queria não ser uma criança órfã que teve que se mudar milhares de vezes para enfim achar um lar. A Rússia não era meu lar, todos da minha família que lá moravam fazem parte de algo sujo que abomino e tenho vergonha.

Minha vontade era nunca ter sido filho de meus pais.

O barulho de uma nova mensagem em meu celular toma minha atenção, levanto-me indo até ele. Era de Amber dizendo que estava vindo para cá. Contrai o cenho achando estranho, mas lhe respondi com um okay.

Sorri lembrando da primeira vez que a vi, foi antes de conhecer Amélia.

Seus olhos azuis opacos fora o que me chamou atenção, ela tinha uma beleza diferente, seu olhar triste e acanhado me fez querer lhe conhecer. Mas aí conheci Dylan e por seguinte Amélia e tudo mudou, me vi perdidamente apaixonada por aquela ruiva decidida e mimada. A minha ruiva.

E o encanto que havia sentido por Amber sumiu e nunca mais apareceu, ela se tornou minha amiga e nada mais que isso. É estranho como nossos sentimentos mudam e nos guiam sem ao menos percebermos.

Desci para a sala e fiquei esperando ela chegar assistindo um programa sobre Aliens no canal fechado.

Assim que abri a porta e lhe vi senti que estava apreensiva, parecia preocupada e nervosa, fiquei intrigado desde então.

SEGREDOS SUBMERSOS - REVISANDOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora