Capítulo 4 | Descoberta

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- Foi uma brincadeira de péssimo gosto. Acham que isso tem ligação com o homicídio? - Minha mãe falava com o delegado que investigava o caso de Anika.

Estava na cozinha comendo cereal e fingindo assistir TV. Não consegui esconder o acontecido da janela. Como? Se quem quer estiver passando na rua e olhasse para nossa casa conseguiria ler sem problemas aquela palavra tão acusatória?

Ela quase teve um ataque quando foi me acordar e encontrou aquilo ao abrir as cortinas. Rapidamente foi ligar para o Delegado Brown, queria explicações, mas quais ele daria? Só se fora ele mesmo que no meio da noite, escalou a parede de casa e escreveu aquilo em minha janela. Minha mãe é bem exagerada às vezes, como advogada acredita que todos são culpados, até se provar o contrário e não admite injustiça. Ela acha que estou sendo vítima de retaliação. Vai entender os motivos que a levaram a crer nisso.

Não acredito que o caso seja esse, quem poderia vir contra mim? Como se eu tivesse algo a ver com o assassinato de Anika, eu apenas fui a primeira a encontrar seu corpo. Dra. Angelina, vulgo minha mãe, acreditava que foi o assassino, ela achava que ele/ela queria plantar pistas falsas, apontar falsos culpados. Uma conspiração sem fim.

Sage amava minha mãe, os dois tinham uma mente bem insana e isso me causava arrepios.

- Tudo bem, estarei em casa às 15hs. Okay, bom dia. - Ela encerrou a chamada e logo se aproximou da cozinha.

- O delegado disse que irá mandar uma equipe para analisar a escrita no vidro. - Colocou café em uma xícara e sentou-se ao meu lado.

Coloquei uma colherada de cereal na boca e falei ao engolir:

- Conseguiu convencê-los de que aquilo é uma prova? Pode ter sido qualquer um, mãe.

Ela suspirou deixando a xícara sobre a mesa. Subia uma fumaça do café, avisando o quanto ele estava quente.

- Quem é que brinca desse jeito, Amber? Escreveram "assassina" na janela do seu quarto. Tiveram o trabalho de escalar até o primeiro andar e fazer isso, não creio que seja obra de qualquer um. - Ela parecia séria, decidida. Quem fez isso iria ser pego e não haveria misericórdia para ele. Dra. Angelina causava medo em quem quer que fosse. Tinha orgulho de minha mãe.

- Obrigada. - Sorri encostando a cabeça em seu ombro.

- Sempre estarei aqui para lhe defender. Sempre. - Beijou o topo da minha cabeça e pegou a xícara sorvendo vagarosamente seu café.

Terminei de comer e fui para pia lavar minha tigela.

- Vai para a casa do seu pai hoje? - Ela perguntou depositando a xícara ao meu lado na pia.

- Sim. - Meus pais eram separados há mais de cinco anos e desde então eu vivia para lá e para cá. De segunda a sexta com a minha mãe e de sexta à noite a domingo à tarde com meu pai.

- Não precisa ir se não quiser querida.

- Mãe, eu vou ficar bem, papai sabe me proteger também. - Para ela, ele era um avoado que não queria nada com nada, mas para mim, papai era apenas um artista que tinha a mente nas nuvens, mas os pés eram bem fixados ao chão, embora minha mãe nunca tenha notado isso.

- Tudo bem, só tome cuidado. - Ela foi para a sala e voltou com sua bolsa e pasta a mãos. Estava indo trabalhar. - Estou indo, às 15hs estarei em casa, tranque bem a porta.

Depositou um beijo carinhoso em minha testa e saiu pela porta da cozinha que dava na garagem.

Eu era boa em me esconder, mas tinha planos diferentes para hoje.

SEGREDOS SUBMERSOS - REVISANDOWhere stories live. Discover now