Capítulo 6 | Paranoia

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Minha expressão foi de surpresa, depois senti as palmas de minhas mãos suarem e meu rosto esquentar, tinha sido pega no flagra.

- Porque pergunta isso? - Indaguei sentindo um embrulho no estômago. Reparei que estávamos a sós, pelo menos aparentava, pois não se ouvia barulho em canto algum.

- Está explícito na forma como olha para mim. - Sua cabeça pesou para o lado e seus olhos me analisavam ainda de forma curiosa.

Esfreguei as mãos no jeans e desviei o olhar.

Sage gostava tanto de mistérios, que acabou virando um.

Quando chegou na cidade aos 12 anos, era um garoto tímido, que não curtia muito falar, mas com o passar do tempo sua timidez foi vencida e ele começou a ser mais comunicativo. Jamais saciou a dúvida de ninguém sobre porque se mudou, primeiro da Rússia e depois de Nova Jersei. Isso é tudo que ele permitiu que soubéssemos. Até a própria Amélia desconhecia o motivo para tantas mudanças.

- Você está vendo coisas. - Tentei manter-me segura, não era hora de vacilar. - Não respondeu minha pergunta, viu algo de suspeito?

Ele levantou-se ficando próximo a mim, abaixou-se colocando as mãos em cada braço da poltrona, me prendendo entre ela e ele. Engoli em seco, sentindo o coração bater mais rápido.

- Passei a festa toda pegando a Amélia, então não, não vi nada de suspeito. - Seus olhos me fitavam de maneira intensa e seus lábios avermelhados atraiam minha atenção enquanto se abriam e fechavam ao falar.

- E na hora que foi ao banheiro? - Quando dei por mim as palavras já haviam escapado de minha boca.

Ele aproximou-se mais ainda, encostando a boca em meu ouvido, deixando seu hálito fazer cocegas em minha pele. Senti um misto de prazer e medo, e isso me mantinha paralisada.

- Fui mijar. - E soltou uma risada, soltando mais o ar contra minha pele gelada e arrepiada. - Só seja direta, por favor. - Seu tom era calmo com um toque de ansiedade.

Afastou-se indo até a lareira.

E toda a tensão caiu por terra. Será que só eu senti aquilo? O fitando notei que sim. Sage estava brincando comigo e isso me fez ter coragem de pôr em palavras meus pensamentos.

- Amélia disse que você demorou muito no banheiro e quando se encontraram de novo, disse que estava no banheiro do primeiro andar, quando ela te viu indo ao do térreo. - Falei de uma só vez, me deixando respirar no fim.

- Serio isso? - Virou-se para mim arqueando uma sobrancelha, com um sorriso de canto continuou - Amélia estava bem bêbada, eu realmente fui no banheiro do térreo, mas aquela porcaria estava só o vômito, então fui para o andar de cima. Só encontrei Amélia quando desci, que foi quando fomos atrás de você e o resto já sabe.

Ele parecia sincero, seus olhos não desviaram dos meus um segundo sequer e seu tom de voz era brando e paciente. Mas qualquer pessoa que tenha sangue frio consegue manter o controle, consegue enganar, manipular.

Por hora, essa explicação me bastava.

- Tudo bem então.

- Acredita?

Apenas lhe fitei assentindo com a cabeça.

Sua risada sem graça mostrou que ele não acreditava em mim, mas tudo bem, nem eu mesma acreditava.

***

Já em casa liguei para Amélia e disse que risquei o nome de Sage da lista. Ela ficou feliz, disse estar aliviada, mas senti que ainda existia uma fina linha de tensão entre nós. Desliguei dizendo que precisava jantar.

SEGREDOS SUBMERSOS - REVISANDOWhere stories live. Discover now