Crônicas de Fábio (parte II)

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Tá bom então. Num domingo de tarde resolvo sair com meu amigo Fábio. Fábio é um amigo que há muitos anos atrás eu quis transformar em algo mais, mas ele quis me transformar só em amigo. Vesti uma camisa amarela e uma bermuda azul celeste joguei um perfume no pescoço e fui ao seu encontro. Depois de ligar mais de 10 vezes para seu celular e xinga-lo no meu inconsciente dos nomes mais terríveis que se eu mesmo os dissesse em voz alta ficaria constrangido, ele me retornou a ligação com sua voz calma e paciente. Claro a culpa não era dele ,era da operadora de telefonia...o encontrei finalmente com sua bermuda que mostrava bem mais que o joelho e uma camisa cinza-eu-não-estou-bem, percebi que estava diferente, analisei o que seria. Fiquei em dúvida se era a leve maquiagem, provavelmente da irmã, que estava usando ou se era o baita topete que estava quase furando os olhos dos transeuntes. Finalmente descobri o que era. Era só a barba que estava grande, Elogiei. Claro. Subimos o morro a pé para nosso dia de conversa. Logo que comecei a subir segurei as bufadas de cansaço e pensava sem parar ''preciso entrar numa academia''.Fabio tirou a camisa depois de dizer umas cem vezes que não queria ficar marcado de sol . Fiquei pensando se ele achava que estava de biquíni, mas a branquidão do seu corpo me ofuscou os pensamentos, calei.

Coisas que descobri sobre o Fábio: que ele tem mais pelos no peitoral que as batatas das pernas da minha ex-professora de Morfologia (foi mal aí Nazaré). Que quando fala expressa sempre um olhar de reflexo periférico, tipo checando se estou ouvindo ou olhando alguma coisa pelo caminho. Tem mania de perseguição (conversamos sobre isso, o mundo é sim mesmo uma droga, aceite e seja feliz!). Que quando anda parece a pantera cor de rosa... Mas suprimi esse comentário. Que quando eu falo alguma coisa que não concorda finge que não escutou. Que tem lindos olhos castanhos que brilham quando fala da sua mãe (lindo isso).

Outras observações: Quando chegamos ao lugar que pretendíamos escalar e ver o bairro todo do alto o Fabio começou a ''encontrar'' animais peçonhentos. Primeiro viu pele de cobra, perguntei onde. Ele respondeu: ''está por aí,não tá vendo'' (quis dizer que não, não estou vendo,mas deixei pra lá,vai que era mesmo pele de cobra?). Havia uma nascente, mas o Fábio cismou que a água era contaminada (eu não tomei , mas já havia tomado daquela água milhões de vezes e me lembrei que antes, quando não havia a Cesama como distribuidora de água no bairro todos os moradores buscavam água nessa nascente para cozinhar, beber e tomar banho (mas também não falei sobre isso, vai que ele sabia alguma coisa que eu não sabia sobre a contaminação daquela nascente). Por último o Fábio disse que aquelas Taiobas gigantescas e maravilhosas eram inhames venenosos e que não iria querer que eu morresse comento aquela planta letal (quando cheguei em casa e mostrei as fotos pro meu primo fiquei chateado:era taioba e não inhame venenoso!). Aí Fabio você dá um livro!

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