Prefácio

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Fernando pessoa dizia que; Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. Eu iria mais além, escrever e contar, é relembrar, é trazer à tona o passado e se existe um lugar que me fez vivenciar isso, é esse delicioso livro de crônicas bem construídas e versos avulsos de Adriano Silva. Neste livro, Adriano explora o inexplorável, momentos íntimos, aqueles em que apenas dois e dois são dois de uma forma deliciosamente ousada. O autor explora as aventuras e desventuras de Fabio, um personagem único e marcante em algumas das crônicas, onde rimos e choramos com suas expedições, montados em suas bicicletas. Acho que se essas crônicas não existissem alguém no mundo teria que escrevê-las, e que bom que Adriano as escreveu, e deu-me o enorme prazer de prefaciar essas lindas e encantadoras páginas.


Lugar comum é um livro arrebatador, que tem cheiro de bolo quente saindo do forno, café coado no pano, é um daqueles lugares, que você entra e não quer sair jamais. Viajei na época da datilografia até a magia da era virtual.


Quando somos as únicas testemunhas de alguns fatos, usamos a literatura para trazer outros telespectadores para dentro do nosso mundinho particular, e isso, o escritor Adriano Silva, faz com maestria. Lugar comum são todos os lugares que ninguém mais viu, mas que em algum momento alguém se viu ali, vivendo, esperando, esperançando e sofrendo por amor. 'Ninguém me viu chorar na madrugada fria'; conta-nos o cronista em um de seus textos avulsos, que nos fazem refletir, ou nos divertir com risos espontâneos que brotam em nossos lábios quando lemos crônicas tais como 'A vizinha e a Meia'... "A vizinha, que também chamo de bruxa, tocou a campainha". São histórias que foram vividas por alguém em algum Lugar comum, em um dia a dia, que ninguém mais notou, mas que Adriano Silva 'anotou'.


A saudade e a tristeza, por vezes toma um espaço delicado em Lugar comum,


Não escuto mais teus risos,


Não vejo mais seu andar nas pontas dos pés,


E quem é que não gosta de emocionar-se com textos tão tocantes como é o 'A Casa'? Ou o texto 'Amor em Silêncio', que diz: "Imagine aquele vazio que não pode ser preenchido nunca".


O cronista também nos mostra o quanto é atencioso, enquanto caminha pelas ruas, nada lhe escapa, como nas crônicas 'O cãozinho e a moça de cabelo vermelho', e 'O bêbado'; embora se diga distraído, esteve sempre atento e tomando nota.


O texto 'Me cansei'; cansei de sentir. De sentir medo, de sentir raiva, ciúme, cansei de amar incondicionalmente, de ficar aqui sozinho em casa esperando... Esperando, e nada acontecer.


E 'A espera'; muitas vezes fico esperando uma solução de problemas amorosos que não acontece. São simplesmente belíssimos cheios de sentimentos e confissões tiradas diretamente da alma de um personagem qualquer que pode ser eu, você ou ele próprio, o cronista.


Gostaria de falar de cada uma das Crônicas e textos, mas a mim cabe apenas o prefácio, então, assim humildemente dou-me a liberdade de falar do meu texto preferido desse livro simplesmente encantador e que leva o nome -ME


..."me toque, me possua me invada me transgrida me transborde".


..."me leve ao paraíso, me mostre quem manda"!


Lesse nessas linhas, a carência, a necessidade de ser notado, de fazer as coisas com mais magia, pois da mesmice o personagem está exaurido. Lemos a suplica de alguém cansado das coisas previstas, que deseja nada além do que quebrar os paradigmas. Amei cada linha e você, leitor, irá amar sem sombra de dúvidas.


Livro belíssimo de uma elegância de palavras que foram tratadas com cuidado em cada um dos textos e que merece ser apreciado com cuidado, para que não se perca nenhuma emoção passada pelo nosso querido cronista Adriano Silva.


Existem lugares que o coração faz morada e a alma repousa, e Lugar Comum de Adriano Silva é um desses lugares.

Por Joice Cruz;


(Autora de Enclausurada e Solo Sagrado)


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