UM DIA A GENTE SE VÊ

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O maior dos problemas que tenho depois dos 30 é a falta de esperança de que um dia encontrarei pessoas que realmente valham a pena. Digo pessoas que possam ser relacionamentos em potencial. Tenho problemas sérios com meu coração e meu lado racional. Preciso cuidar de alguém... Mas ninguém quer ser cuidado nos dias de hoje. O amor se tornou volátil.

Buscamos o relacionamento perfeito. Hah! Eu nem busco nada disso. Alguém que me espere para jantar depois de um dia cansado de trabalho estaria de bom grado. Preciso controlar a urgência dentro de mim de encontrar a felicidade no outro. A felicidade não mora ao lado. No meu caso, ela (a felicidade) retirou-se em férias. Para piorar, acho que não irá voltar.

Então num dia de chuva, eu parado aqui na nossa casa, vestido com aquele pijama que sem querer você manchou de água sanitária, olho pela janela e me lembro do seu corpo nu deitado sobre a cama. Aquele olhar. Ainda não consigo entender...

Num dia o mundo desaba sobre nossas cabeças. Espera-se que o mundo pare para que eu me cole. Alguma coisa não se encaixa. O amor teria sido morto? Suas coisas aguardam o último adeus. Precisam ser lavadas, dobradas... Definitivamente não gosto de despedidas. Onde foram parar aquelas gargalhadas? Apenas o silêncio. Não gosto do silêncio. Novamente aquela sensação de vazio.

Depois dos 30 tudo ficou muito chato. Cansei de querer impressionar para levar alguém para a cama. Cansei sempre das mesmas conversas e de ouvir as mesmas perguntas. Tudo naquela urgência... A gente se conhece. Transamos. Cada um pra sua casa e quem sabe um dia a gente se vê.

29/11/2015

Em breve formato Físico.

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  **não publicado na versão físico pela Editora Hope  

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