Capítulo 2

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- Nossa, como é bom chegar em casa. - larguei a bolsa em cima do sofá e corri logo para a minha sacada, que tinha vista direta para o mar. 

  Minha casa ficava tão perto da praia que dava quase para sentir o gosto do sal. E eu amava isso. Ficava horas sentada em uma espreguiçadeira só ouvindo o som das ondas batendo. Conseguia esvaziar minha mente por longos períodos, era a minha sessão de terapia, como eu gostava de dizer, o tratamento da minha sanidade, ou o que sobrou dela.

  Os poucos momentos em que eu tinha para estar em casa, eu queria me desconectar de tudo: saía das redes sociais e não ligava tv. Tinha como companhia meus livros, meu violão e meu piano. Eram os momentos que eu sentia realmente de que tudo estava calmo e sentia minha criatividade se aguçar.

  Minhas melhores composições sempre vinham quando eu estava na tranquilidade da minha casa e devo admitir que quando morava em Nova Iorque por mais que estivesse sozinha sempre tinha a impressão de continuar ouvindo o barulho das pessoas, o que não acontecia em Los Angeles. Lá o único barulho que eu escutava vinha do mar e eu não podia ter melhor trilha de fundo do que esta.

  Eu dividia uma casa de 5 quartos e 3 banheiros com Flávia. Por mais que amasse a solidão, não conseguiria viver em uma casa dessa sozinha, mesmo com as pessoas que trabalhavam aqui e que já eram próximas à mim ao longo desses anos. Mas a senhorita Flávia Viana me conhecia como ninguém. Sabia o que eu precisava só de olhar pra mim, se queria ficar sozinha ou se precisava dela por perto.

  Eu a conheci quando me mudei para Nova Iorque, trabalhávamos no mesmo pub e apesar da felicidade de quando uma descobriu que a outra era brasileira, não foi só a nacionalidade que nos uniu de primeira, foi algo mais profundo.

  Sempre soube que podia confiar em Flávia, mesmo sem conhecê-la bem. Toda vez que nos víamos eram horas de conversa, sobre qualquer coisa, por mais insignificante que fosse, como conversar sobre os descansos de copo do pub. Sim, descansos de copo! E minha intuição não poderia estar mais certa.

  Em uma cidade nova completamente estranha, a amizade de Flávia foi o que diversas vezes me motivou a não voltar para o Brasil; mesmo quando após 2 anos eu ainda está servindo mesas e ouvindo gracinhas de caras que já nem conseguiam lembrar seus nomes.

  Aos 18 anos eu tinha tudo planejado: Iria me mudar para Nova Iorque, ser contratada por um grande pub frequentado por pessoas famosas e importantes, ser descoberta e ficar muito famosa através da minha música. Não podia dizer que isso não tinha acontecido, entretanto nos planos de uma adolescente as coisas não demorariam tanto para acontecer nem seriam tão difíceis.

  Não contava em não ter dinheiro para pagar as contas e ter que vender quase tudo o que eu tinha, inclusive o meu primeiro violão. Tive que penhorá-lo para conseguir pagar o aluguel, pois a essa altura, a amiga da minha mãe que tinha me recebido em sua casa havia ficado desempregada. 

Dream Girl [COMPLETO]Where stories live. Discover now