ATO II: CAPÍTULO ONZE

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LOUIS/PRESENTE

A festa de Harry seria feita saguão da Royal Opera House. Todos que fosse alguém estariam lá, incluindo políticos e membros da família real.

Eu estava tentando não ficar com inveja, mas era difícil quando a cara de Harry estava espalhada pela seção cultural de todos os jornais de Londres, com manchetes do tipo "Ele pode não estar interpretando o Príncipe Siegfried, mas Harry Styles é o príncipe de nossos corações."

Alguém me mata.

Me encontrei com Niall em um pub antes da festa. Eu já estava na metade da garrafa. Eu precisava ficar sóbrio, ou então poderia ficar bêbado de novo mais tarde.

Ele correu até mim e inventou uma desculpa. "Desculpa o atraso. Eu tive uma reunião extra com a orquestra hoje."

Ele colocou sua mala no chão e chamou a garçonete.

Brinquei com a orelha da caneca e a coloquei vazia na mesa. "Sobre o que era a reunião?"

"Oh, nada demais." Respondeu e limpou a caneca na camisa.

Ele estava agindo estranhamente discreto. Normalmente ele amava tagarelar sobre seu trabalho.

"Desembucha."

Ele me olhou culpado. "Oh, tá certo. Harry me pediu pra apresentá-lo à orquestra."

"O que?" Isso era descabido. Um diretor musical nunca apresentaria formalmente um bailarino à orquestra, talvez ao coreógrafo, mas nunca a um bailarino.

Entrei na defensiva. "O que ele possivelmente teria a dizer pra orquestra?"

"Ele tinha algumas ideias sobre o compasso."

Eu quase caí de minha cadeira. "E você não o parou?"

"É completamente ortodoxo, mas ele tinha algumas coisas interessantes a dizer. Ele tem uma profunda compreensão do libreto."

A cidade inteira ficou louca? Eu achei que Niall, o pragmático feito de aço, enxergaria Harry pela prima donna exagerada que ele era, mas até mesmo ele contraiu a Febre de Harry.

"Niall, você escuta o que diz?"

"Eu também fiquei surpreso. Você deveria ter visto ele dando uma de maestro. A coisa ficou feia pra caralho, cara. Mas o estranho é que: Harry estava certo."

Duas palavras que eu não gostava de ouvir numa mesma frase: "Harry" e "certo".

Acenei para a garçonete e pedi outra cerveja. "O que tem pra debater? Quer dizer, a partitura tem mais de cem anos. É o que é."

"Na verdade - Harry falou sobre isso durante a reunião - a partitura escrita à mão por Tchaikovsky tá perdida. A maioria das companhias de Ballet usam uma versão recriada por Riccardo Drigo feita em 1895, não a original da produção de 1877."

"O Santo Harry não tem a partitura original? O fantasma de Tchaikovsky apareceu para ele em um sonho?"

Niall riu. "Ele sabe tanto sobre a partitura original quanto o resto de nós. Mas ele é familiar com as cartas que Tchaikovsky escreveu para Segei Taneyev em 1875 enquanto estava compondo. Ele estudou as cartas originais em russo."

"Ugh, claro que ele leu... A não ser que as partituras estejam nessas cartas, eu não vejo o ponto disso tudo."

Ele virou sua cerveja no copo e levou aos lábios. "Ele vê as cartas como um mapa emocional para destrancar o ballet."

Continuei esperando que Niall falasse algo que não fosse uma baboseira new era.

"Niall, será que não estamos simplesmente ignorando a verdade que está nos encarando? Harry é um maníaco por controle! Ele quer controlar cada aspecto do ballet, da coreografia até a orquestra e elenco, e nós estamos permitindo!"

flightless bird ♕ larry ♕ traduçãoWhere stories live. Discover now