ATO II: CAPÍTULO QUINZE

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LOUIS/PRESENTE

Foi um natal agradável. Levei Jeffrey para a casa da minha família para conhecê-los, e então fomos à uma viagem romântica para esquiar nos alpes suíços. Ele se deu bem com minha família e era uma boa companhia de viagem. Tudo foi perfeito, mas eu estava louco para voltar ao estúdio.

Jeffrey conseguia perceber essa minha inquietação e comentava o qual "distante" eu parecia estar. Tentei ficar mais atento. Ouvi as histórias de quando ele era um adolescente lutando para se assumir, o levei a seus restaurantes favoritos, ao teatro e até supri suas necessidades de ir aos clubes noturnos de vez em quando. Ele leu a seção de arte do jornal em voz alta para mim quando estávamos na cama em todas as manhãs, durante o café e riamos das criticas negativas com as quais concordávamos e comentávamos as que não concordávamos.

Eu deveria estar amando aquelas manhãs aconchegantes, mas elas eram tensas. Eu sentia como se estivesse me assistindo atuar no papel de um bom namorado. Eu fazia e falava as coisas certas por todos os motivos errados.

Voltei ao trabalho na segunda semana de janeiro. Nos degraus frios da Royal Opera House respirei aliviado. Eu estava em casa.

Tirei minha jaqueta no estúdio e ouvi uma batida forte do outro lado da porta.

Quando dei uma olhada pela janela da sala vi que as peças transparentes do cenário do auditório tinha sido removidas e estavam sendo carregadas pela equipe até os fundos. Os homens grunhiam irritados enquanto carregavam os painéis pesados e Liam seguia atrás deles.

Abri a porta e coloquei a cabeça pra fora. "O que tem de errado com o cenário?"

Ele franziu as sobrancelhas, pressionando a prancheta contra o peito. "Nada."

"Então por que caralhos está tirando ele?"

"Eu não tô fazendo nada. Harry quem está."

Fui até o corredor e conferi meu relógio. "Voltamos das férias há menos de uma hora e ele já ta latindo ordens?"

Liam se apoiou na parede. Parecia que ele estava prestes a desmaiar. "Harry não tirou férias. Aparentemente ele não acredita nisso. Eu tive que desistir das minhas férias pra ficar aqui e me assegurar de que ele não incendiaria o prédio."

Então Maurice chegou, segurando seu pequeno poodle, Bijou, sob o braço. "Aquele monstro se recusa a aceitar minha coreografia!" Gritou. Seu cachorro latiu, incomodado pelo estresse de seu dono. Eu sabia que as coisas tinham que estar mal para que ele estivesse trazendo seu cachorro como apoio. Ele só trazia Bijou quando estava se sentindo particularmente abusado.

Coloquei minhas mãos em meus quadris, resolutamente. "Eu achei que você tivesse deixado ele mudar o solo dele."

"Eu deixei!" Berrou. "Agora ele quer mudar o solo de Gigi e o pas de quatre no segundo ato!"

"Isso nunca acaba." Liam gemeu, esfregando suas têmporas. "Você dá para ele um centímetro, ele vai um quilômetro."

Era o caos. Bailarinos de apoio surgiram do Estúdio A, observando e cochichando enquanto Gigi e Eleanor vinham enfurecidas pelo corredor, com parte da fantasia.

"Liam, por que você não explica para ele o que tá no contrato?" Perguntei exasperado.

Ele passou os dedos por sua barba curta. "Ele se nega a vir ao estúdio ou sequer falar comigo até que suas exigências sejam atendidas."

"Ele tá mantendo a companhia inteira como refém até que consiga as coisas do jeito dele!" Gigi gritou como se seus cabelos estivessem em chamas. "Essa é a primeira vez que eu performo a protagonista em Lago dos Cisnes! É a performance mais importante da minha vida! Ele vai arruinar tudo pra todos nós!"

flightless bird ♕ larry ♕ traduçãoWhere stories live. Discover now