Prólogo ❤

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Rio de Janeiro, 2001.

- Eu não suporto mais isso! Você precisa parar com isso Alonso. Você tem uma filha, em vez de gastar seu dinheiro em bebidas devia gastar em casa, com sua família, pelo amor de Deus! - Minha mãe gritava, mais uma vez, com meu pai.

- Ah cala a boca! - Ouço um tapa sendo depositado no rosto dela. Minha mãe tinha uma pele fina e branca, qualquer coisa deixava hematomas. - Eu vou gastar meu dinheiro onde e com quem eu quiser... - Ele já estava bêbado, as palavras saiam atropeladas de sua boca.

- Por favor - A voz da minha mãe estava esganiçada e por trás daquela porta eu espiei ela de joelhos, implorando para ele ficar.

Mas ele não ficou. Ele foi embora.

Ali pela brecha vi minha mãe aos prantos, ela chorou por um bom tempo antes de se levantar e pegar seus remédios para dormir e tomar. Ela tinha tanta fé, mas isso não a ajudava em nada as vezes.

Eu não devia olhar aquilo, mas eu olhei. Minha mãe jogada no sofá da sala, mesmo com remédio ela não conseguia dormir, então ela apenas chorou sem parar em cima de uma bíblia.

Eu tomei coragem e fui até ela.

- Mamãe? - Fui me achegando a ela bem devagar.

- A-Anya? - Ela se senta entorpecida e limpou seu rosto. - Você devia estar dormindo meu amor - Ela respira fundo.

Eu olhei para o sofá perto de mim, que era onde ela tinha deixado o remédio dela. Estava um pouco distante deles.

- Filha.... - Eu a olho. - Pega esses remédios para a mamãe?

Eu peguei o remédio. Porém dentro de mim eu senti medo, mas ao mesmo tempo eu sabia que ela se sentiria aliviada ao dormir. Esperar meu pai voltar era uma tortura sem fim. Vê-la chorar era doloroso.

- Eu só preciso dormir um pouco e.... você também, então volta para a cama, tudo bem? - Eu meneei a cabeça afirmando.

Chegando mais perto dela com meus pequenos e lentos passos eu estendi minha mão para lhe dar o remédio.

- Você não vai mais chorar mamãe... Não precisa mais esperar por ele. - Digo e ela dá um leve sorriso.

- Eu te amo - Ela me dá um beijo na testa e pega o remédio da minha mão.

Eu deixei minha mãe sozinha. Eu fui dormir como ela mandou. Eu deitei na cama e abracei meu ursinho o qual eu chamava de Nino e dormi profundamente a noite inteira. Não ouvi nada, não vi nada.

Quando acordei, eu estava com esperança de ver minha mãe mais animada naquela manhã, afinal, ela devia ter tido um bom sono. Eu esperei que meu pai estive em casa jogado na cama como todas as manhãs.

Mas quando fui abrindo a porta, ligeiramente, minha mãe estava dormindo no sofá. Eu nunca acordava antes dela. Ela estava com o frasco de remédio na mão e a bíblia estava em seu peito.

Cheguei mais perto, eu precisava acordá-la.

- Mamãe? - Balancei-a de leve.

Os remédios caíram no chão.

- Mamãe acorda! Eu preciso ir à escola. - Digo balançando ela mais uma vez. - Mamãe! - Meus olhos se encheram de água ali mesmo. - Mamãe você precisa acordar... Eu estou com fome... Mamãe... - Eu a chacoalhava, mas nada acontecia.

Sua pele estava fria e seu rosto estava pálido. Mas não era o normal dela, não estava com brilho. Não estava com vida.

- Mamãe! - Eu gritei bem alto.

Depois de tanto gritar e chama-la, eu já me via em prantos.

Um tempo depois, eu estava sendo puxada por alguma vizinha.

Eu não consegui perceber mais nada além daquilo.

Eu já sabia que não veria meu pai novamente. Ele sempre foi covarde. Ele sempre trocava a nossa família por outras coisas.

Quando eu caí em mim, eu tive meu primeiro pensamento.

Eu matei a minha mãe. A culpa foi minha.

Aos sete anos, eu me transformei em uma assassina.

Rio de Janeiro, 2012.

- Ah, meu amor. Eu queria muito que você pudesse ficar mais tempo aqui. - A diretora do orfanato me abraçava.

- Não se preocupe Senhora Lopez, eu vou ficar bem. - Digo isso, tentando acreditar em minhas próprias palavras. - Eu tenho dezoito anos agora, não pode ser tão ruim.

- Eu não queria que você saísse, mas são as regras do orfanato. Eu sinto muito. Todos nós vamos sentir sua falta. - Ela sorriu para mim.

Ali naquele lugar eu vivi por dez anos. Depois da morte da minha mãe pensei que meu pai teria coragem e voltaria para me buscar, fiquei com uma vizinha por quase um ano até ela desistir de mim e me entregar para o orfanato.

Nos cinco primeiros anos, antes da atual diretora entrar, eu sofri um inferno. Apanhei dos meus colegas e a diretora antiga fez vista grossa. Eu era constantemente chamada de assassina. Eu fiz poucos amigos, mas os mesmos foram adotados ou fugiram. Então gradativamente fui ficando sozinha.

Ninguém adota uma criança de mais de sete anos e que era acusada de matar a própria mãe.

- Tome aqui - Ela coloca a mão no bolso e me entrega um envelope. - É tudo que eu posso te dar. Pelo menos você conseguirá arrumar um lugar para ficar essa noite.

- Obrigado. De verdade. Por muitas vezes você salvou minha vida - A abracei forte como nunca havia feito antes. - Adeus - Limpei a lágrima que havia caído pelo meu rosto.

Eu estava livre dali eu poderia seguir o rumo da minha vida, mas é triste quando não se sabe por onde começar.

Por todos os anos que vivi isolada nesse lugar, eu estudei muito, eu fui atrás de tudo que eu podia. Por sorte eu sabia meu sobrenome e tinha uma identidade, só tive que restaurar. O resto dos documentos foi tão difícil, mas a Cíntia, diretora do orfanato, fez questão de me ajudar com isso. Ela era a melhor pessoa daquele lugar.

Agora eu tinha que buscar um rumo para mim. Eu tinha que encontrar o meu lugar. Não sei o quão difícil será, mas eu não vou desistir, eu não vou fraquejar.

Continua...

"Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada. " Romanos 8:18

N/A

Então amores, mais uma obra iniciada! Eu estou muito feliz de compartilhar com vocês isso, eu estava guardando isso por um tempo e hoje tomei coragem para começar a postar. Espero que me acompanhem nessa história que nos trará aprendizado, paixão, e como se sentir bem consigo mesmo! ♥

Comentem o que acharam para eu saber ♥

Deus abençoe e até a próxima... ♥

Castelo de pedraWhere stories live. Discover now