Capítulo 02 - Grata por sua estupidez ❤

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Rio de Janeiro, 2014.

Como ele tinha prometido, sua mãe me ligou e me chamou na universidade. Eu estava agora mesmo na parte administrativa esperando que ela me chamasse a sua sala. Binho me deu o dia de folga e fez eu colocar a melhor roupa. Antes de sair de lá ele disse que ficaria orando para que tudo desse certo.

Essa podia ser mesmo minha chance de mudar, apesar de ser sob circunstancias bem ruins, mas eu tinha agora como poder pelo menos ser graduada em algo e o melhor é que aqui tem o que quero fazer.

— Senhorita Castro? – Uma moça jovem abriu a porta da sala e me chamou.

Levantei-me, ajeitando a bolsa no meu ombro e fui até onde a moça de cabelos pretos e olhos bem cinzas me indicou.

Bati na porta e entrei.

— Bom dia, senhora Wolves. Eu sou a...

— Anya – Ela vira sua cadeira para mim com um sorriso enorme. — Pode se sentar. Eu sou Clarisse Wolves. – Ela diz indicando a cadeira a sua frente.

Sorrio para ela, ansiosa.

— Antes de tudo, eu queria pedir desculpas por essa situação. Eu sei que isso não é certo então... – Começo a dizer. — Eu quero mostrar minhas qualificações para entrar aqui, pode me dar uma prova se quiser.

— É assim? – Pergunta. — Tudo bem. Eu te darei a mesma prova que dou a todos os alunos. Mas antes, eu peço desculpas pelo meu filho inconsequente.

— Não foi nada... – Tento mostrar simpatia.

— Querida, eu sei que não é agradável ser beijada a força. – Tusso com suas palavras diretas. — Tento em vista que você rejeitou meu filho mulherengo, eu sei que você não é como as meninas que vivem em cima dele.

— B-Bem...

— Eu sou mãe dele, apesar de tê-lo mimado, eu sei sobre os erros dele e pelo bem da universidade tento cobrir. Mas bem, você parece ser uma moça de bem e vou lhe dar esse voto, já que foi tão gentil em não o denunciar apenas por uma vaga. – Ela sorriu.

Ela pegou seu telefone e pediu que eu esperasse um minuto.

— Carla, por favor, imprima uma prova do vestibular e traga aqui na minha sala. – Em seguida ela desliga o telefone. — Logo poderá me mostrar sua qualificação.

— Sim, senhora. – Digo com um breve sorriso.

— Mas me responda. Porque nunca tentou entrar em nenhuma universidade antes?

— Ah, eu tentei. Mas, mesmo a bolsa de cinquenta por cento não estava no meu orçamento e eu não posso ficar um ano inteiro estudando para o Exame Nacional e tentar entrar numa faculdade federal. – Sincera, respondo.

— Entendo. E sobre seus pais? Você mora sozinha? – Questiona.

— Minha mãe morreu... – Me mexo na cadeira, estava desconfortável. — Meu pai fugiu em seguida e fui criada no orfanato até meus dezoito anos. – Meu coração sempre apertava ao falar disso.

— Sinto muito querida. – Ela fixa seus olhos em mim, atenta. — São perguntas padrão, me desculpe. Mas... Eu sei que você trabalha numa cafeteria, meu filho disse.

— Eu moro lá também, num quarto. – Completo. — Desculpe, mas, no que isso tem a ver com a universidade? – Questiono, querendo dar fim as perguntas constrangedoras.

— Bem. Só fiquei curiosa sobre Anya Di Castro, a primeira menina que meu filho chegou reclamando em casa. – Ela sorri, parecendo contente com isso. — Mas, sinto muito por ser tão indiscreta – Ela pausa sua fala e mexe na gaveta dela. — Um formulário que precisa preencher para a matricula.

Castelo de pedraWhere stories live. Discover now