Capítulo 23 - Cansei ❤

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Anya

Eu corria sem parar através do campus vazio da universidade. Com tudo que eu preciso em mãos para acabar com meu pai. Alonso. O homem que acabou comigo até quando não estava por perto, me condenou a viver em um orfanato por toda minha vida e, além disso, ser digna de pena por todos que passassem por mim.

Tive que aprender a ser adulta precocemente e trilhei meu caminho me subjugando a miséria. Eu imaginei toda minha vida. Sempre que me via no futuro eu via uma dançarina comum que poderia sempre impressionar um chefe. Porque diabos eu não me imaginei sendo a maldita chefe? Eu não conduzi minha vida de forma propicia até hoje.

Estou tomando o controle de mim mesma agora. Dane-se o que os outros vão pensar e eu não me importo mais com essa Anya certinha que vira noites para acabar um trabalho.

Eu vou estragar toda minha vida em prol disso, porém eu já não me importo mais. Eu não quero mais saber se isto é certo ou errado, apenas quero acabar com essa aflição que por anos tem invadido meu peito, com todos os pesadelos que por vezes me assombraram durante a noite.

Chega.

Quando cheguei aos bastidores das apresentações. Minha treinadora colocou os olhos em minha, cheia de fúria.

- Onde você estava? Faltam quinze minutos para as apresentações começarem Anya! - Ela me arrastava para colocar os figurinos.

Mal sabia ela que dentro do meu bolso eu tinha tudo necessário para ser desclassificada.

- Desculpe. Eu tinha algo para fazer. - Foi a desculpa mais esfarrapada, mas ela apenas continuou a me arrumar.

- Eu não quero saber. Cadê seu parceiro? - Questionou. - Pensei que ia dançar com o Charles Wolves. - Falou.

- Ele não vem.

- Quem disse? - Surgiu ele por trás da professora que suspirou aliviada.

Revirei os olhos e percebi ele fazendo o mesmo.

- Vai embora. Já disse que não quero nada com você.

- Não vou. Por algum motivo eu aprendi a cumprir meus compromissos quando prometo algo, eu aprendi com alguém. - Riu irônico.

- Não preciso de você aqui. - Suspirei, tentando manda-lo embora.

Chuck havia se tornado minha fraqueza em poucos meses de convivência. Quase nenhum contato físico foi necessário para que ele mexesse com as partes mais desconhecidas de mim. Eu não queria ele aqui.

Depois de vestida, com um vestido da cor vermelha e cabelos presos com alguma purpurina. Parei para olhar pela janela. O palco era enorme e tinha alguém cantando lá, antes das apresentações começarem. Eu não conhecia o cantor, mas parecia que as garotas sim.

De longe, na bancada vi ele, Alonso. Ao lado do jurado internacional que veio prestigiar esse momento.

- Venham aqui! - A treinadora chamou. - Você será a última Anya. - Falou ela.

- Eu estava escalada para ser a primeira. - Reagi.

- Isso foi quando você estava escalada para chegar seis em ponto aqui. - Rebateu.

- Mas...

- Sem, "mas", Anya. - Lançou um olhar odioso, então me calei.

Eu teria que esperar até o último momento. Chuck tentou falar comigo, mas corri para o banheiro. Olhei para o espelho.

Memórias da minha mãe me pedindo aquele remédio. Ela morrendo. Vizinhos me chamando de assassina, eu indo para um orfanato nojento que teve uma cuidadora que me maltratava. Toda a minha vida foi cheia de dor e desgraça.

Castelo de pedraWhere stories live. Discover now