Episódio 4 - Descobrindo Algumas Coisas... : Parte 3

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Não acredito nisso...

Meu secador tinha que me deixar na mão justo hoje? Tanto dia pra ele deixar de funcionar... Mas é claro que ele tinha que dar problema quando estou esgotada e apenas querendo ir dormir. Claro que eu demorei mais do que o planejado lavando o cocô de passarinho da minha cabeça.

Nem mesmo cogito a ideia de dormir com ele molhado e me resolver com ele quando acordar. Isso nunca dá certo, e eu acordo parecendo a noiva Frankenstein, com os cabelos pro alto e precisaria de muito tempo para arrumar.

Mas cogito seriamente a ideia de bater nas portas ao lado para ver se conseguia uma alma solidária que pudesse me emprestar o secador. Só que então que lembro que grande parte da equipe que está trabalhando aqui é do sexo masculino, e sei que muitos dos cabelos deles nunca viram nem sequer um pente, imagina um secador...

Acredito que grande parte do pessoal vai mesmo é querer arrancar o meu couro por estar atrapalhando o sono deles. O dia foi exaustivo para todos e todos só queriam dormir mesmo.

Não era justo, mas eu tentaria.

Vou batendo nas portas, e poucas pessoas vem atender, e claro que pra completar a sorte do dia, as pessoas que vieram me atender, ninguém tinha secador ou algo pra me ajudar.

Não é nem de longe a opção ideal, mas vou secar o meu cabelo com o vento da noite. Não me preocupo com a minha saúde, eu já fiz coisas piores e não adoeci.

Reúno toda a pouca coragem que me sobrou e então vou me sentar na pequena entrada que dá acesso aos dormitórios. Deixo a porta aberta de um jeito que o fluxo de vento ali é satisfatório e acho que nem vai demorar muito pro meu cabelo secar assim.

Encosto-me no batente da porta e meus olhos vão para o céu. Minha mente nem consegue absorver muito o brilho suave das estrelas parcialmente encobertas por nuvens escuras. Por isso, que prefiro fechar os olhos.

Fico me movimentando e encostando no meu cabelo de vez em quando pra sentir se ele já tinha secado. Tentei não ficar muito confortável para não dormir. Pensei que o frio fosse me manter acordada, mas me enganei.

Eis que sinto o meu ombro sendo sacudido com delicadeza, e mesmo sem abrir os olhos, não sinto claridade. Ainda bem, não era de manhã.

Junto com o contato, uma voz suave veio. E mesmo sem muita vontade, abri os olhos.

Com a visão ainda nublada de sono, eu bem que poderia confundir a pessoa na minha frente com um anjo. Ah que agradável... Tão macio... Um anjo veio me acordar...

— Eu passo é longe de ser um anjo... — a voz bonita fala e eu nem sabia que tinha falado aquilo alto.

Sinto cócegas nos meus dedos. Agora com a visão completamente normal, percebo que estou segurando o rosto do Chuck com a minha mão direita. Meu polegar roçava seus lábios. Ah, era isso que estava macio...

Afasto minha mão um pouco tarde demais, e fico sem saber o que dizer. Sei que não estou sonhando, pois eu não passo vergonha neles, e com certeza estou passando agora.

— Desculpa Chuck — digo sem conseguir focar meu olhar no dele.

— Desculpar o quê?

— Você sabe — ergo as mãos e sacudo os dedos.

— Ah! Isso... Tudo bem Catarina. Você fala umas coisas interessantes quando está dormindo...

— Eu falei mais alguma coisa? — fico nervosa. Eu não tenho controle algum sobre as minhas palavras.

— Relaxa, você não disse nada ruim... Mas o que você está fazendo dormindo aqui fora? Querendo fugir do trabalho pegando um resfriado com esse vento frio?

O que Acontece nos BastidoresWhere stories live. Discover now