Episódio 7 - Hoje, a Meia-Noite : Parte 3

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O que você faz quando não está sendo extremamente competente atrás das câmeras? — Chuck pergunta enchendo novamente as nossas taças. Já estávamos perto de terminar a garrafa, mas não me sentia em nada alterada.

Okay, talvez minha língua estivesse um pouco mais solta, só que como a dele aparentemente também estava, não quis fazer um grande caso sobre isso.

— Minha vida não tem nada de interessante. Comparando com a sua vida, nada notável acontece na minha. Nenhum glamour, nadica de nada.

— Não precisa ser emocionante, só me diz o que você faz...

— Você que pediu, não vai dormir no meio da minha rotina. Na semana eu só trabalho e volto pra casa pra passear com o meu cachorrinho Bart. E nos finais de semana fico livre pra fazer o que quiser, mas normalmente acabo lendo, assistindo alguns filmes, arrumando a casa, bebo e canto... Enfim, normalmente não tenho compromissos. Invento muitas vezes que tenho pra minha mãe não em arrumar ninguém. Meu final de semana vai de acordo com o meu estado de espírito...

— Eu tenho que discordar de você. Sua vida parece ser bem interessante sim. Gostei muito de ouvir sobre a sua imprevisibilidade dos seus finais de semana. Deve ser legal. Não lembro da última vez que fiz algo de livre e espontânea vontade. Faz muito tempo que eu não me deixo levar pelo meu estado de espírito. São sempre shows, ensaios, gravações, entrevistas... Tenho compromissos assim marcados por um bom tempo.

— É, mas parece que aqui você está ganhando um certo tipo de liberdade.

— Sim! Se eu conseguisse me esquecer das câmeras, seria perfeito... Mas elas me fazem lembrar dos compromissos.

— Ah, eu pensei que você fosse o baixista de uma banda de rock...

— Acho que perdi alguma informação... Claro que sou isso. Mas por qual motivo você está dizendo isso?

— Pensei que os astros do rock pudessem fazer o que quisessem, quando quisesse... Lógico, desde que seja legal. Nada de matar pessoas por aí, ou então enterrar alguém em preconceito... Achei que vocês fossem espíritos livres e selvagens...

— Gosto muito do seu modo de pensar. Vou ver se consigo colocar mais isso em prática.

— Coloca, entre nós dois você é o mais indicado para cumprir o papel...

— É... — ele para um momento e então volta a falar. — Espera só um momento, você me deu uma informação mais cedo, só que eu acho que a ficha só caiu agora...

— Quê?

— Me corrija se eu estiver errado... Mas você é fã da banda, certo? Não me culpe por pensar desse modo depois de ver aquela sua camisa. E você disse que o nome do seu cachorro é Bart... Ele é Bart, tipo o meu irmão Bart? — ele pergunta mordendo o lábio tentando não cair na gargalhada.

— Você está correto. É por causa dele mesmo — fico um tanto quanto envergonhada. — Me prometa que você não vai contar pra ele! Nunquinha que eu quero que o seu irmão saiba que o meu beagle foi nomeado por conta dele!

— Vou pensar no seu caso... — quando olho pra ele recriminando, ele ri. — Estou brincando, não vou contar nada pra ele...

— Obrigada.

— Mas bem que você poderia ter dito que o nome dele é Charles... Mesmo não sendo, ia ser bem melhor pro meu ego agora...

— Sério que você vai implicar comigo por causa do nome do meu cachorro?

— Não vou implicar, mas você acabou de jogar um balde água fria em cima do meu fragilizado ego.

— Olha, em minha defesa, o seu irmão que é o vocalista e no começo era o carro chefe da banda. Lembro que na faculdade todas as minhas amigas tinham uma paixonite aguda por ele... Eu meio que fui na onda no começo, eu tinha um monte de pôsteres, e foi logo quando ganhei o Bart... Foi o momento.

O que Acontece nos BastidoresWhere stories live. Discover now