18. ele sente o que não queria

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18. ele sente o que não queria

Eu só tinha escutado pessoas falando eu ir embora uma vez antes, quando Apolo pediu que eu saísse do antigo apartamento porque a família dele ia crescer, mas a frase que veio da Lívia...

Não era um pedido, ou somente uma fala. Era uma ordem. Direta e frágil, ela falou com a garganta fechada para eu só ir pra nossa casa se fosse pra ir embora logo depois, e aquilo ficou se repetindo infinitamente nos meus pensamentos. 

E eu não tinha ido lá na noite anterior.

Quando Lívia virou as costas e saiu da PUCRS, o amigo dela indo atrás só para ter certeza de que ela estava bem, as mãos de Vênus começaram e queimar o meu rosto e eu fui para trás, retirando ela de perto de mim. 

Eu tinha dificuldade de respirar e eu não sabia o que realmente estava acontecendo, mas sabia que mais uma vez eu tinha arruinado algo. Desta vez porque, o que eu tanto achava que me ajudava, tinha sido o motivo principal pelo jeito que eu estava agindo e por ela ter me deixado.

A realidade bateu como uma bigorna na minha cabeça. 

— Tu escutou o que ela falou? — Eu tinha perguntado para Vênus, exatamente depois de sentir como se a minha vida estivesse saindo do meu corpo. 

— Tu não sabe o que tu quer. — A minha falsa amiga disse, raiva nas palavras que adorava repetir, indo de novo na minha direção.

Eu levantei minhas mãos quando ela fez isso, e como a loucura que eu sabia sentir eu comecei a rir. — Posso não saber, mas eu sei que eu não te quero perto de mim. — Disse diretamente pra ela, o suor já começando na minha testa. — Ela quer que eu vá embora e tu conseguiu fazer eu arruinar as coisas. Tu ajudou a arruinar as coisas. 

— Cala a boca, Aquiles. — Vênus mandou. — Vai colocar a culpa em mim? Eu podia ter contado tudo o que tu me disse já sobre a guria, feito vocês terminarem muito antes. Mas eu não fiz. 

— Não fez porque iria pegar mal pra ti também! — Gritei, chamando mais atenção dos outros que estavam no prédio. — Tu não falou porque tu nunca vai ser a Lívia. Nem pra mim, e nem pro ex dela. 

— Cala a boca! — Ela mandou de novo, desta vez a sua voz muito mais alta. 

A verdade que ela tinha dado um jeito de virar a outra do ex da Lívia, logo depois de eles terminarem, era de conhecimento meu há algum tempo, mas eu não enxergava. Eu esquecia, e então lembrava, só pra esquecer de novo. E beber, e aceitar as festas. Dormir com Vênus enquanto ela tentava me sugar todas as informações enquanto me deixava entorpecido. 

Balançando a cabeça, eu ri de novo. — Não vou perder mais o meu tempo contigo. E aconselho a tu não perder também. — Terminei, falando com o nosso amigo, Luan, que ainda assistia as coisas com a boca calada. 

Eu saí da faculdade e acabei deixando o meu carro lá, sem saber pra onde ir. 

Passei a noite na rua, querendo encontrar um jeito de falar com Lívia, mas dessa vez ela nem visualizava as mensagens que eu enviava, pedindo pra ela conversar, pra gente tentar se entender. 

Tinha sido a noite anterior, e o início daquela estava se fazendo enquanto eu me escondia na cafeteria, em nenhum momento indo pra frente do atendimento, o meu frasco no bolso mas a dúvida de beber se perpetuando. Me sentia envergonhado, sem conhecimento algum do que que tinha acontecido. 

A realidade bateu como uma bigorna na minha cabeça. De verdade. 

Quando eu percebi que meu tempo tinha sido maior e eu não vi ele passar, quando o meu coração continuava doendo e meu corpo começava a desistir caso eu não bebesse. Quando eu percebi que eu tinha passado e adorado o tempo conversando deitado com o corpo de Lívia nas minhas mãos, e adorado não só por causa do seu corpo. 

Boa noite, Aquiles ✓Where stories live. Discover now