19. ela cozinha e chora (repostado)

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Ao invés de colocar uma parte 2 eu repostei o capítulo! 

Quem já leu: leia de novo à partir do +

Quem não leu: boa leitura!


19. ela cozinha e chora

Eu queria um abraço.

Algo que me enrolasse em segurança e tranquilidade, mas naquela noite, depois de passar o quarto dia ignorando o celular que apitava incansavelmente, percebi que na realidade não era tão fácil assim e que não era só uma vontade de ser abraçada.

Ligando a televisão, eu me sentei no sofá e logo me arrumei para colocar minhas pernas ali também. Me deitei, então, olhando para o teto. Respirando fundo e esperando pela batida na porta avisando que Matheus estava querendo entrar.

Matheus tinha ido atrás de mim, me acompanhando até o apartamento. Ficou comigo até eu estar quase dormindo no sofá e disse que ele iria ficar o tempo que eu quisesse. Não sabia ainda como que ele estava na minha vida, mas de repente tudo começou a acumular e eu agradeci entre o choro por ele estar ali.

Naquela noite eu tinha dito que começaria o processo de viver sozinha, mesmo que as caixas de Aquiles ainda estivessem esperando ele e mesmo que eu ainda não conseguisse voltar para minha cama, lembrando de todos os dias que ele ficou comigo conversando.

Um dos processos era entender que eu não podia ficar sem comer, que eu não podia simplesmente esquecer da cozinha e que deveria tentar, pelo menos aprender de novo, o que era preparar uma refeição.

E eu continuei deitada com medo de abrir a geladeira.

Meu coração doía de novo. Aquiles não era Lucas, mas tinha se tornado tão importante que meu cérebro não aguentava lembrar do que foi uma rotina recente de ter bilhetes e cantadas e risadas demais preenchendo o cômodo enquanto ele cozinhava.

Tirando minhas pernas de cima do sofá, passei a mão no rosto, não importando em bagunçar toda a maquiagem que eu tinha usado aquele dia pra tentar esconder os olhos inchados e o nariz vermelho por causa do constante choro.

O rímel deixou algumas bolinhas pretas ao longo da minha palma, e eu tentei limpar o embaçado que ficou nos meus olhos.

— Acho que posso começar por isso. — Falei sozinha, batendo uma palma na outra e levantando, sem nenhuma vontade.

Indo até o banheiro eu lavei o meu rosto mais do que duas vezes, tendo certeza de que tudo tinha saído e fui até meu quarto tirar a roupa que eu usava para uma mais confortável, notando que eu tinha uma rotina sozinha, mesmo que pequena, e ganhando conforto em saber que aquele pequeno gesto comigo mesma me tirou um dos pesos das minhas costas.

Fiquei de meia e sai até o meio do apartamento. Perto da minha nova mesa de jantar, na diagonal para a minha sala. Para o local que não tinha sido eu que tinha montado mas tinha tudo da minha personalidade e das coisas que eu descobri gostar. 

Que fizeram eu chorar mais ainda porque a realidade era que Aquiles sabia o que eu gostava, e ele prestava atenção em mim, mesmo que me fazendo mal. Ele dividia meu coração e eu me arrependia de não conseguir ter a força de ler o que ele me mandava.

Filmes, música, comida. Agora eu tinha um lar de verdade que não fazia mais eu querer fugir e que não me deixava assustada quando três batidinhas ecoaram pelo espaço.

Sem falar nada, abri a porta e deixei Matheus entrar.

Ele tirou os sapatos do lado da porta, largou a mochila no chão perto do sofá e sentou, encolhendo as pernas para baixo do seu corpo e se sentindo bem por estar ali.

Boa noite, Aquiles ✓Where stories live. Discover now