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Coringa.

Acordei cedão e parti pra boca só pra resolver uns bagulho junto com Thiago.

Quando deu 12:30 cada um partiu pra sua casa pra se arrumar, dia das mães hoje, surpreender minha gata que nem de graça comigo tá.

Entrei pro meu quarto e já fui direto pro banho.

Fiquei viajando enquanto a água caia pelo meu corpo, baguio loco demais lembrar do meu passado.

Eu lembro quando era menor e morava com a minha coroa, bichona era brava demais. Me batia de madeira se eu fumasse maconha dentro de casa. Nunca precisei esconder que eu trampava no tráfico, era um desgosto pra ela e eu tô ligado. Mas a fome doía e não esperava.

Ou eu dava um jeito ou nois morria de fome. Sempre respeitei ela e nunca nem passei com um fuzil na frente da minha mãe, com toda certeza ela ia descer o cacete em mim.

E olha só a minha vida hoje em dia como deu uma reviravolta, dono de morro, pai de duas meninas, casado e eu posso fumar maconha dentro de casa até tomando banho. Mas eu deixaria tudo de lado só pra ter a minha véia comigo nessas datas.

A morte dela veio por um câncer, a luta foi grande mas não o suficiente pra persistir. Sinto orgulho imenso da dona Rita, tentou até onde podia e nunca me deixou de lado.

Lembrei que eu tava no banho e comecei a me ensaboar, escovei os dentes e desliguei o chuveiro. Passei a toalha pelo corpo e deixei ela pelo banheiro mesmo, sai peladão pelo meu quarto procurando uma roupa maneira pra usar hoje.

Dei de cara com a Carol deitada na cama lendo um livro, me deu uma olhada cima a baixo e eu fingi que nem vi.

Gabi: Pai eu não acredito que você não comprou os refrigerantes - abriu a porta com tudo já reclamando - Aí credo, que rola murcha - fez graça enquanto eu colocava a cueca.

Coringa: Vou nem te falar de quem a rola é murcha - encarei ela rindo.

Gabi: Ih pai, num é não - deu risada.

Coringa: GABRIELA FILHA DA PUTA - fechou a porta correndo - Tu ouviu isso? - perguntei indignado pra Carol.

Carol: Safadinha, aprendeu com a mamãe - gargalhou.

Coloquei minha roupa e já sai do quarto na busca da Gabi, rodei a casa toda e só achei o Thiago sentado no sofá e o Felipe brincando

TH: Acabou com a água do mundo né, demora da porra esse banho - me gastou.

Coringa: Cuida da tua vida - sentei do lado dele. - Cadê as meninas?

TH: Mercado - falou mexendo no celular.

Coringa: Tu come minha filha? - sussurrei pro Felipe não ouvir.

TH: Que papo é esse - me encarou vermelho.

Coringa: Responde minha pergunta cuzão - cruzei os braços.

Bem na hora que ele ia falar escutei barulho de fogos, Carol desceu correndo e eu olhei pro Thiago que tava sem reação.

TH: As meninas - me olhou e levantou do sofá.

Coringa: Pega o Felipe e vai se esconder naquele lugar - apontei pra Carol pegando dois fuzil atrás da porta, joguei um pro Thiago.

Carol: Minhas filhas Murilo - pegou o Felipe no colo e me olhou com os olhos cheios de lágrimas. Fiquei sem ter oque falar.

TH: Vamo trazer elas, Carolzinha. Confia - tocou o rosto da minha mulher. - Agora vai se esconder.

Felipe: Quero minha mamãe - disse assustado.

Continuei calado e a Carol saiu com ele indo se esconder.

Procurei uns colete pra nois por e escutei meu rádio tocar.

Coringa: Solta voz - coloquei uma glock na cintura.

Zebra: Patrão, baguio tá loco aqui - gritou.

Coringa: Quem tá invadindo? - perguntei abrindo a porta de casa com o Thiago atrás de mim.

Zebra: Carlos - parei de andar assim que ouvi o nome.

Coringa: To encostando - falei por fim. - Hoje alguém vai morrer, se não for ele vai ser eu - subi na moto com o Th na garupa.

TH: Vou ligar pra Gabi. - colocou o telefone no ouvido.

Anos Luz.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora